Coritiba
Falta de repasse de verbas para o futebol feminino e o fim do Coritiba/Toledo; entenda a situação
Entenda toda a situação envolvendo a acusação de falta de repasses para o futebol feminino do Coritiba/Toledo
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Por Eduardo Alcântara, Emerson Araújo e Gabriel Tassi
No último arbitral divulgado pela Federação Paranaense de Futebol, na terça-feira (27), o Coritiba/Toledo alegou “motivos internos” e por isso abriu mão da participação da equipe na competição que fornece vaga direta para o Campeonato Brasileiro Série A2. A equipe setoristas do Esporte News Mundo foi atrás dos responsáveis pela equipe feminina do Coritiba, em parceria com a estudante de Publicidade e Propaganda da UFPR, Thayssa Artigas, para saber os motivos pelo qual o time desistiu da competição e abriu mão de toda e qualquer forma de calendário oficial para a equipe no ano. Ao ENM, as partes afirmaram que o Coritiba não terá mais a equipe feminina, informaram também sobre situações envolvendo falta dos repasses financeiros e os porquês envolvendo a situação. Entenda o caso:
Entrevista exclusiva com treinador Jaime Lira; as dificuldades na parceria com o Coritiba/Toledo
Ao ENM, o treinador da equipe e também um dos responsáveis pela comissão técnica, Jaime Lira Leal Filho falou em primeira mão sobre toda a situação envolvendo o fim da parceria com o Coritiba. O treinador explicou como funcionava a parceria e o seu trabalho com o futebol feminino:
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— [Eu, Jaime] Até então, até pouco tempo atrás estava responsável pela equipe técnica do Coritiba/Toledo, aqui na parceria com o Ouro Verde e nós éramos independentes por 10 anos, nós fizemos desde 2010 nosso projeto com o futsal feminino e passamos para o futebol, passamos para as duas modalidades, depois o futebol foi crescendo e nós nos dedicamos mais ao futebol feminino. E desde então, as partes das despesas, alimentação, parte de alojamento, transporte das jogadoras, materias esportivos, sempre foi por nossa conta. Eu tenho uma certa condição financeira e venho desde esse tempo mantendo as jogadoras e mantendo o time feminino. Como te disse, fizemos uma parceria com o Toledo para jogar o Paranaense Adulto e iniciamos o primeiro paranaense em meados de 2018.
Relatou o treinador explicando como funciona e de onde surgiu os seus trabalhos com o futebol feminino no Ouro Verde FC
O treinador também explicou sobre a questão da parceria e como ela se iniciou com a gestão de Samir Namur, na época, ainda presidente do Coritiba:
— Iriamos disputar nosso terceiro campeonato estadual que iria classificar para o Brasileiro, nós com muitas chances, porque temos uma boa equipe e sabemos disso. Mas a parceria que fizemos com o Toledo, mais pra frente veio a agregar junto ao Coritiba também, porque o Coritiba estava na Série B, subiu para a [Série] A, precisava de um time feminino, foram feitas algumas propostas ao Coritiba; a nossa [proposta], parece que uma de Foz [cidade na divisa com o Paraguai], outras equipes tentaram essa parceria, e o Coritiba através do seu presidente Samir Namur, na época, optou pela parceria aqui com o Toledo – que era nosso parceiro. Ou seja, todo o departamento de futebol feminino é aqui em Ouro Verde, né, aqui na nossa associação. E até então, com as despesas que eu tinha, eu acreditei nessa parceria porque os salários das jogadoras seriam cobertos por um repasse do Coritiba e a gente aqui poderia melhor aqui, utilizar uma parte dessa verba para auxilio pagamento, porque temos despesas com outro pessoal, né. (…)
Explicou o treinador sobre como funcionava a questão do contato do Coritiba/Toledo com a delegação em Ouro Verde.
Jaime explicou que um dos problemas “internos” para a continuidade do trabalho envolvendo a situação era o problema com o repasse de verbas que manteriam a parceria com o Coritiba/Toledo:
— Mas o que vem acontecendo, é que os repasses passaram a não acontecer mais, primeiro vinham bem reduzidos, depois não aconteceram. E a minha despesa que eu tinha e até hoje tenho aqui, só aqui de R$25 mil, mais ou menos, passou a aumentar; porque ai nós assumimos uma responsabilidade com as jogadoras do repasse de uma ajuda de custo – que não chega a ser um salário – é uma ajuda de custo, porque o valor que vem aqui para ‘você’ bancar 30 ou 40 jogadoras, o valor que vinha não era suficiente para ter ‘salários’, mas pelo menos para ter uma ajuda de custo. Mas chegou um ponto que não veio mais esses repasses, eu não sei o porquê que eles não vinham; vinham repartidos ou não vinham nada; foram muitos meses sem receber. Ai fica difícil para nós do departamento técnico cobrarmos das jogadoras uma coisa que você também não está sendo responsável por aquilo que foi prometido. Então fiquei numa situação muito complicada. A gente ‘vinha’ há muito tempo comentando sobre isso, sobre a dificuldade que estava sendo. Então, a única saída para nós, foi partir para uma independência.
O ‘professor’ explicou sobre a dificuldade de manter os times com a falta de repasses do Coritiba/Toledo
Jaime contou ainda sobre a criação de um clube “próprio”, um clube “independente” de parcerias, mas que não fecha as portas para possíveis parcerias para o futebol feminino com o Coritiba. O treinador pretende divulgar nas próximas semanas a criação do clube “Paranaense Futebol Clube” que contará com as categorias feminina e masculina. Irão disputar as competições amadoras metropolitanas de Curitiba.
Explicou também que para dar continuidade ao trabalho do Paranaense Futebol Clube, o treinador não poderia participar do Campeonato Paranaense de 2020 e pediu respeito ao futebol feminino:
— Vamos participar o Campeonato Paranaense de 2021 e buscar a vaga no Brasileiro A2 de 2022; mas para isso acontecer, nós tínhamos que não participar do Paranaense de 2020. Vamos supor que a gente participa do Paranaense agora e classifica; primeiro que estaríamos atrelados ao Toledo novamente; participa do Brasileiro por mais três meses, ai classifica para o Brasileiro A1, por exemplo, isso quer dizer que dentro de um problema que já estamos tendo que é não haver os repasses e a gente continuar jogando e a ‘coisa’ né, tomando uma proporção maior e depois ser cada vez mais difícil de se livrar dessa parceria. Claro que a parceria com o Coritiba para nós é importante, nós jogamos um excelente Brasileiro A2 no ano passado e um sub-18 muito bom, inclusive, com atleta na Seleção Brasileira. Então, o nome ‘Coritiba’ para nós é muito importe, mas também, só o nome para nós não adianta. Nós necessitamos ter um reconhecimento, o feminino precisa ter um reconhecimento pelo amor de Deus! Não é ‘só’ porque é feminino que pode ser tratado de qualquer forma. (…) O Paranaense Futebol Clube será independente e é aberto a novas parcerias. Porém, agora de uma forma independente, sem esses ‘intermediários’ [referente ao Toledo] que a gente não sabe se há o repasse, se não há o repasse. Se o repasse ficou pelo caminho, não há uma transparência nisso.
Relatou o treinador ao Esporte News Mundo
O treinador explicou que como interrompeu a parceria com o Toledo, o Coritiba também ficará sem o futebol feminino; informação essa, confirmada ao Esporte News Mundo, posteriormente por Carlos Alberto Dulaba, presidente do Toledo e responsável pela parceria com o Coritiba. O treinador também afirmou que se o Coritiba tiver interesses em parceria com o Paranaense Futebol Clube, as portas estarão abertas:
— (…) Os motivos pelo qual nós interrompemos a parceria, eu já relatei aqui para você. E interrompendo com o Toledo, o Coritiba fica sem o futebol feminino até que ele resolva uma parceria, por exemplo, direta aqui com a gente. Nós aceitamos, sim, uma parceria com o Coritiba, sem intermediários. Ou o Coritiba montará um equipe própria, como o Athletico Paranaense fez; sabendo o Coritiba que o custo de se manter isso [o futebol feminino], é enorme. Se você for imaginar quanto é o repasse para nós aqui, o Athletico Paranaense gasta no mínimo 10 vezes mais para manter uma equipe própria. Então é muito caro manter uma equipe própria e o nosso custo [valor repassado] aqui na parceria é irrisório, é de dar risada e ainda não cumpre! Não estou dizendo que o Coritiba não está cumprindo. Mas eu não sei aonde está a falha, mas o dinheiro não chega aqui para nós, e quando chegava – há muitos meses não chega nada -, chegava 1/3 do que tinha que vir. Então é complicado
Terminou falando o treinador Jaime
Posicionamento Coritiba e Toledo
A equipe do Esporte News Mundo buscou o contato com ambas das partes para buscar entender as situações referente ao problema nos repasses das verbas ao administrativo do Ouro Verde FC para o pagamentos do futebol feminino.
Paulo Monsimann, chefe da assessoria de imprensa e relações publicas do Coritiba, relatou que não poderia confirmar a informação; relatou que aguardaria a diretoria passar as informações corretas referente aos repasses financeiros e retornaria ao momento que obtiver as informações para esclarecer a situação.
No contato com Carlos Alberto Dulaba, presidente do Toledo, o mesmo relatou que “não poderia confirmar nenhum tipo de informação referente aos pagamentos”, pois existe um contrato referente a situação e por isso não poderia repassar nenhuma informação. O presidente ainda confirmou que a parceria Coritiba/Toledo irá se encerrar até o fim de maio, afinal, o Coritiba não terá a obrigatoriedade de manter um clube feminino. Logo, o clube não manterá esses ‘tipos de esforços’ para continuar com a parceria.
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