Gabriel Grey, Joel Silva e Marcos Portuga
Medalhista de ouro na Rio 2016 e uma das principais contratações do Vasco na temporada, Zeca, aos 26 anos, não esconde sua felicidade em São Januário. Em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo, o lateral contou o motivo de escolher o Gigante da Colina como seu destino em 2021 e exaltou o comprometimento no trabalho feito por todo o departamento de futebol.
– Porque o Vasco é fácil para qualquer atleta responder. O Vasco é gigante, todo mundo quer jogar no Vasco. Se tiver proposta para jogar no Vasco, todo mundo vai querer jogar no Vasco. A questão é que as pessoas que entraram em contato comigo, tanto o Pássaro como o professor Marcelo, me passaram muita seriedade no trabalho. De todas as pessoas que estão aqui dentro e que iriam estar aqui esse ano. Foi uma coisa que na hora eu topei. A conversa é diária aqui. O trabalho está sendo bem feito aqui dentro – disse Zeca, que aproveitou para exaltar o comprometimento do ‘projeto’ do Vasco em 2021.
– O que me fez também foram as conversas que eu tenho diariamente aqui. O trabalho é diferente, sério e honesto. Você vai para um trabalho na academia, depois vai para o campo e tem lá tudo especificado o que tem que fazer. Ou seja, isso faz evoluir um trabalho no contexto de time, né? Todo mundo chega aqui e fala que é o ‘projeto, projeto, projeto’, porque realmente é um projeto que está sendo realizado aqui dentro e que vai dar frutos. Tanto no CT, quanto na fisioterapia. A gente tá aqui dentro, o professor e os analistas estão na sala lá vendo pontos fortes e fracos do próximo adversário. Isso é muito profissional, é um time grande que quer chegar em coisas grandes. Isso é tudo feito aqui dentro para a gente chegar no campo com as maiores informações possíveis para poder jogar, fazer o que o professor pede, e saber o que vamos enfrentar. Por isso todos falam do projeto, está sendo bem feito. Estou muito feliz de estar fazendo parte disso, desse projeto como foi falado. E isso está sendo falado e idealizado dentro do campo – completou o lateral.
Posição muito questionada pela torcida vascaína nos últimos anos, a lateral-esquerda parece, enfim, ter achado um representante ideal. Após fazer sua estreia com a camisa do Vasco atuando pela direita, Zeca passou para lateral-esquerda, sua função desde os tempos de base, e assumiu a posição na equipe de Marcelo Cabo. Questionado se existe alguma preferência entre atuar pela direita ou esquerda, o jogador foi sincero e disse se sentir mais confortável jogando em sua posição de origem.
– Eu sempre tive a preferência de jogar na lateral-esquerda. Sempre tive. Na verdade, eu sempre joguei na lateral-esquerda desde a base. Eu era meia e fui para lateral-esquerda e não sai mais de lá. A direita eu passei a jogar depois que fui para Seleção. Lá eu comecei a jogar pela direita e, depois, no Internacional, também joguei pela direita. Costumo dizer que gosto mais da esquerda, é a minha posição. Por eu ser destro e ser lateral, eu consigo jogar na direita normalmente. Muitos destros dizem que não conseguem jogar na esquerda, porque é diferente para fechar linha, mas eu, por jogar desde a base em treinamentos, acostumei. Hoje, se me perguntarem qual é a minha preferência, é a lateral-esquerda – disse Zeca.
Apesar de não conseguir a classificação para as finais do Carioca, Zeca acredita que o início de trabalho do técnico Marcelo Cabo está sendo bem feito. O treinador está invicto no comando do time. São 11 jogos, com 5 vitórias e 6 empates. Agora com seu novo comandante, o lateral afirmou que vem aprendendo muito nos treinamentos e na filosofia de jogo aplicada por Cabo.
– Ficamos tristes por não ter classificado. Uma pena, o Vasco é gigante e sempre tem que tá brigando lá em cima. A gente fez bons jogos, o professor teve pouco tempo de treino, mas conseguimos assimilar bem o que o Marcelo passou para gente. A gente está evoluindo a cada jogo que passa, procuramos manter bastante a posse de bola, agredir bastante o adversário. Eu estou muito feliz de fazer parte dessa reconstrução e espero continuar por bastante tempo – disse o camisa 37.
– É muito gratificante poder trabalhar com o professor Marcelo Cabo. Eu o conheci através de outros amigos que jogaram comigo no Internacional. Ele jogou com o Dudu e o Natanael, que são dois laterais. Para mim, o que o professor passa, me faz entender e querer jogar mais futebol. É uma forma de jogar que, para o atleta técnico, é essencial. O ‘um dois’, jogar com lateral por dentro e por fora. São coisas que temos especificado no treinamento e no jogo. Aqui o professor tem feito diversificações, variado nos treinamentos. De coração, sou muito grato em fazer parte e poder aprender a cada dia. Quem gosta de jogar futebol é o jogo do professor. Sempre com a bola, sempre fazendo um dois, infiltrando. Isso facilita pra gente. Hoje a gente joga com a linha no meio-campo, fica muito mais fácil fazer um gol do que com a linha estando lá atrás. Isso tem diversificado, eu tenho aprendido muito com ele e sou muito grato. Isso tem sido muito bom pra mim e também para os mais novos. Estamos aprendendo muito com ele – exaltou Zeca.
Principal objetivo da temporada, a disputa da Série B ganhou um tempero a mais em 2021. A segunda divisão do Brasileirão reunirá o maior número de campeões brasileiros da Série A em uma única edição. Serão cinco no total. Questionado se o principal objetivo da temporada seria o acesso, Zeca concordou, mas garantiu que o Vasco entrará na competição também para buscar o título.
– Nosso pensamento principal é subir para a Série A. Porém, quando você disputa um campeonato, você disputa para ser campeão. Ninguém vai disputar um campeonato para não ganhar. A gente quer fazer campanha, subir, e ser campeão. A gente quer coroar sendo campeão. O trabalho está sendo feito para isso. Como eu falei, essa camisa é pesada, é gigante. A gente entra em todo campeonato para ser campeão. O pensamento é esse diariamente, o trabalho é feito em cima disso. Não vou te falar que vamos jogar só para subir, não. A Gente quer ganhar, eu quero ganhar, o elenco quer ganhar. Pode ter certeza que a gente vai jogar jogo a jogo, com os pés no chão. A gente entra no campo e treina para isso, quando chegar o momento de jogo a jogo poder pensar em título. A gente vai entrar pra brigar para ser campeão – afirmou Zeca.
Na última semana, o Vasco conheceu o seu próximo adversário na Copa do Brasil, e será o Boavista. Recentemente, o Cruz-Maltino empatou com a equipe de Saquarema por 2 a 2, em partida válida pelo Campeonato Carioca. Para Zeca, não existe clima de revanche e sabe que o time precisa entrar ligado para conseguir uma classificação nos dois jogos de mata-mata.
– Acompanhei e joguei contra. É um time bom, rápido, qualificado. É claro que vamos pensar no Boavista, vamos trabalhar bastante para isso. Não tem nada de revanche, a gente vai jogar nosso futebol. O professor tem falado o que é pra gente fazer e a gente vai fazer. É um campeonato diferente, Copa do Brasil, são dois jogos, mata-mata. É outro pensamento, tanto para eles quanto pra gente. Eles vão dar 150% e a gente vai ter que dar 200%. A gente sabe que não podemos entrar mole em nenhum jogo. Vamos conversar essa semana e trabalhar bastante para ganhar esses jogos – completou o lateral.
CONFIRA OUTRAS RESPOSTAS DE ZECA
Base Forte ou Meninos da Vila?
“A base da minha época, 1994, ganhou tudo. A base de 94 a gente jogou junto dos 13 anos aos 20. Trocava uma peça ou outra, mas eram os mesmo. Isso dá resultado. A gente ganhou tudo em dois anos. Copa do Brasil, Paulista, Copa São Paulo. Eu nunca vi um elenco subir dois jogadores de uma vez, esse elenco subiu todo mundo. Se eu tivesse que escolher, agora, nos dias de hoje, a base do Vasco tem revelado muitos jogadores. Eu tenho acompanhado dia a dia de treinamentos com muitos jogadores que subiram da base. São jogadores que, como o professor fala, estão sendo lapidados. A gente já vê a diferença, tecnicamente, é muito grande. Se você pra escolher, nesse momento, a base do Vasco tá melhor. Mas se fosse na minha época, em 94, acho que a minha era melhor, hein!”
Passagens por Bahia e Internacional
“Não vou te dizer que os trabalhos que eu passei, no Bahia e Internacional, foram trabalhos muito bons. Porém, o que me fez, de coração mesmo, a alegria de estar em campo, de estar com a bola, tá atacando. Times e times têm formas de jogar e no Internacional eu entendia que me encaixava. O meu primeiro ano foi muito bom lá, mas no segundo ano eu já tive lesão um pouco e quando eu jogava não me sentia à vontade. Não é uma forma, eu vim de uma escola no Santos que jogava pra frente, atacante. Aí eu vim para uma escola que o lateral marca. Marca muito mais do que joga. Na época eu jogava com o Fabiano na lateral, ele jogava bastante no ataque, mas marcava mais do que jogava. O Bahia, quando o Roger chegou lá, começou a jogar. Mas não deu certo. Se parar pra pensar, o Bahia sempre foi um time que jogava no contra-ataque. Um time que jogava marcando e saia no contra-ataque. Foi assim que foi para a Sul-Americana e teve um ano excelente. O Roger fez isso e depois quis mudar um pouco o jeito de jogar. Se encaixava no meu perfil. ”