Zagallo era uma das figuras que evocava um raro sentimento de respeito entre torcidas rivais. O ex-atacante e treinador acumulou passagens pelos quatro grandes clubes do Rio, mas fez história no Flamengo e Botafogo. O Velho Lobo nunca chegou a declarar uma torcida entre os dois, mas já deu “pistas” ao longo da vida.
— Os rubro-negros dizem que sou Flamengo; os alvinegros, que sou Botafogo. A imprensa também acha que torço pelo Botafogo. Eu deixo a coisa rolar, mas que o coração pende mais para um lado, isso é verdade — contou ele em 1996, em depoimento pressente no livro “Zagallo, um vencedor”, de Luiz Augusto Erthal e Vanderlei Borges.
No Botafogo, o ídolo foi homenageado em estátua no Nilton Santos. É também no dia do seu nascimento, 9 de agosto, que é comemorado o dia do torcedor botafoguense.
No entanto, nutriu um grande carinho pelo rubro-negro. Em entrevista à ESPN, em 2000, quando reassumiu o cargo de técnico do Flamengo, Zagallo falou em “sonho ainda melhor” ao chegar ao clube.
— Eu tenho raízes dentro do Flamengo […] É uma torcida que empolga, que me arrepia.
Um pouco depois, em 2009, quando Botafogo e Flamengo se enfrentaram na final do Carioca daquele ano, o Velho Lobo voltou a ser questionado sobre sua torcida pelo ge e manteve o mistério no ar:
— Não tenha dúvidas que tenho um carinho muito grande pelos dois clubes. Se eu falar que torço para um, vou ficar contra o outro. Não vou falar em resultados, o coração fica dividido. Quando me perguntam, prefiro dizer que sou seleção brasileira.
Zagallo conquistou títulos pelos dois clubes. Foi tricampeão carioca pelo Flamengo (de 1953 a 1955), clube pelo qual se profissionalizou. Já no Botafogo, foram dois estaduais (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Depois que encerrou a carreira, iniciou como técnico no alvinegro. Na nova função, esteve à beira no campo na conquista de mais quatro estaduais, dois para cada lado: Botafogo em 1967 e 1968 e Flamengo em 1972 e 2001.