Um dos principais problemas que Atlético-MG e Cruzeiro têm passado é a respeito dos constantes eventos no Mineirão, que inibem a utilização do local para jogos de futebol. Após o Gigante da Pampulha estar inapto para receber partidas importantes do Campeonato Mineiro e a saída da Raposa no vínculo com o estádio, o Governo de Minas decidiu tomar uma providência.
O Atlético, apesar do descontentamento, já informou que pretende usar o estádio até a Arena MRV – sua nova casa – ficar pronta. Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (24), Fernando Marcato, secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, explicou que o Governo criou um comitê para resolver a situação e manter o Mineirão com datas disponíveis para os dois times utilizarem.
– O objetivo é receber a programação dos próximos 12 meses de todas as atividades e eventos que serão realizados no Mineirão, fazer questionamentos e pedir esclarecimentos para harmonizar interesses comerciais, como shows e outras atividades, com a atividade desportiva. Daí o motivo de o contrato prever nominalmente a presença dos clubes no comitê.
O secretário ainda destacou a necessidade de rever o contrato da Minas Arena, atual administradora do estádio, com o Governo. Marcato não descartou a possibilidade de romper o vínculo atual.
– Sobre romper o contrato, nosso caminho é respeitá-lo e tentar o consenso. Se virar briga judicial, ninguém se beneficia. Mas eu reforcei para a Minas Arena o pedido da proposta para a gente rever o contrato. Se não chegar a um consenso, temos uma segunda estratégia para ser avaliada.
O Mineirão se pronunciou sobre o assunto. Confira a nota oficial emitida pelo estádio nesta terça-feira:
O Mineirão confirma que o Estado solicitou a apresentação de uma proposta que permita a redução da parcela variável do contrato de Parceria Público-Privada (PPP), conforme informado pelo secretário, em entrevista coletiva nesta terça-feira (24).
A Concessionária está realizando estudos sobre a solicitação e retornará assim que finalizá-los. Conforme pontuado pelo secretário, os pagamentos realizados pelo Estado possuem o objetivo de ressarcir a empresa o valor já determinado em contrato pela reforma, renovação e adequação do Complexo do Mineirão, e não para garantir o lucro da concessionária.
Além disso, é preciso desmistificar que o contrato do Mineirão é uma despesa para os cofres públicos. Segundo estudo do Ipead, da UFMG, de 2019, os jogos e eventos promovidos pelo Mineirão movimentaram, em apenas um ano, R$ 662 milhões na economia mineira, além da criação de quase 6 mil postos de trabalho. A cada R$ 1 gasto no Mineirão, R$ 3,23 é dispendido imediatamente na economia. Ou seja, o estádio devolve anualmente para a economia um valor superior ao custo de sua reforma para a Copa do Mundo.
Com relação à ativação do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer (CECL), o Mineirão informa que aguarda o recebimento de ofício, como informado pelo secretário, para indicação de membros. Já foi demonstrado que o estádio é capaz de priorizar o futebol, ocupando as datas ociosas com eventos, conforme aconteceu em 2022, em comum acordo com os clubes.
O Mineirão lembra que realizou, no ano passado, 55 partidas de futebol e 156 eventos, fazendo de 2022 o melhor ano de sua história.
Com relação ao uso das datas de Estado, previsto no contrato, a Concessionária esclarece que, observado o procedimento para a fixação destas datas, o contrato não prevê a cessão gratuita aos clubes para a realização de jogos, e não impede a cobrança do uso do complexo esportivo. Os clubes são particulares que usufruem o estádio para o desenvolvimento de atividade econômica e lucrativa.
Por fim, o Estado e a Concessionária devem atuar de forma sinérgica, a fim de que os interesses dos clubes possam se equilibrar com o interesse público e com os legítimos direitos do parceiro-privado.