Futebol americano
Grupo de quinze mulheres denuncia executivos do Washington Redskins por assédio sexual e abusos verbais
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POR JOÃO JORGE E JONATAS PACHECO
Quinze mulheres denunciaram executivos e funcionários do Washington Redskins, time da NFL, por assédio sexual e abusos verbais. Os casos teriam ocorrido de 2006 a 2019, enquanto elas trabalharam na franquia. A história foi revelada pelo jornal The Washington Post nesta quinta-feira (16) em uma matéria bombástica.
Os jornalistas Will Hobson e Liz Clarke conversaram com 40 funcionários e ex-funcionários, além de analisar mensagens de texto e documentos internos. No total, quinze mulheres fizeram as denúncias, das quais 14 se mantiveram no anonimato por acordos de confidencialidade e medo de represálias.
Emily Applegate, única que revelou a identidade, trabalhou no Washington Redskins entre 2014 e 2015. Ela conta que se encontrava com outra funcionária da franquia no banheiro durante o intervalo do almoço para chorarem e desabafarem sobre os constantes assédios sexuais e abusos verbais que sofriam.
Applegate ainda fala que um ex-diretor de operações pedia para que ela comparecesse a reuniões com clientes vestindo roupas provocantes, além de a xingar constantemente.
– Foi a experiência mais miserável da minha vida. Todas nós tolerávamos, porque sabíamos, e eles faziam questão de nos lembrar, que havia mil pessoas que aceitariam nossas funções em um piscar de olhos – disse Applegate.
Segundo os relatos das ex-funcionárias, alguns dos assediadores eram pessoas próximas do atual dono da franquia, Dan Snyder. Três deles já foram demitidos na última semana, como o diretor esportivo, Alex Santos. O narrador oficial da equipe e vice-presidente de conteúdo, Larry Michael, também foi citado no escândalo. Ele se aposentou na última quarta-feira (15).
De acordo com o The Post, nenhuma vítima acusou o dono Dan Snyder. As mulheres, no entanto, afirmam que o dono da franquia era conivente com o “ambiente toxico” existente, onde os executivos costumavam assediar verbalmente as mulheres. Bruce Allen, ex-presidente da equipe, também não foi denunciado, mas assim como Snyder, ele não desconhecia completamente o comportamento inadequado dos demais funcionários.
– Eu diria que Bruce sabia. Ele sentava muito perto de mim e me via chorando na minha mesa muitas vezes toda semana – afirmou Emily Applegate.
Dan Snyder foi procurado pelo veículo, mas os jornalistas não conseguiram contado com o proprietário da franquia.
A ex-vice presidente de comunicações dos Redskins, Julia Payne, não foi vítima de assédio. Porém, ela, que também trabalhou durante anos como assessora de políticos, disse que o ambiente do clube era o mais hostil que ela já viu.
De acordo com outras vítimas, os casos de assédio não eram registrados, pois muitas mulheres ficavam com vergonha e acabavam aceitando as atitudes agressivas, como um carinho no ombro ou um elogio sobre o corpo.
– Era o meu primeiro emprego, então eu acabei normalizando. Isso acontecia com todas as minhas colegas mulheres que tinham menos de 40 anos – disse uma das vítimas que deixou o time, em 2019.
O diretor esportivo, Alex Santos, e o assessor dele, Richard Mann II, foram demitidos na última semana. Santos foi acusado por seis vítimas de fazer comentários de conotação sexual sobre funcionárias do clube.
O novo treinador dos Redskins, Ron Rivera, preferiu não discutir as demissões dos executivos. Procurado pela ESPN americana, o técnico disse que o clube está adotando novas políticas.
– O mais importante é que temos que seguir em frente e garantir que todos entendam que temos políticas portas abertas. Além disso, minha filha trabalha para a equipe e eu certamente não vou permitir nada desse tipo! – afirmou.
O narrador dos jogos da equipe, Larry Michael também foi acusado por sete mulheres. Segundo elas, Michael, que era conhecido como “a voz dos Redskins”, tinha o costume de fazer comentários sexuais sobre funcionárias.
Entre os tipos de assédios, as vítimas relataram tentativas de olhar debaixo das saias, elogios indesejados e massagens nos ombros.
Outros nomes denuciados pelas vítimas na reportagem do Washington Post são: Dennis Greene, ex-presidente de operações comerciais, e Mitch Gershman, ex-diretor de operações.