Mais uma taça no armário. Na tarde de domingo do dia 17 de junho de 2001, o Grêmio – em pleno Morumbi lotado – dava show, batia o Corinthians por 3 a 1 e conquistava o Tetracampeonato da Copa do Brasil. O 3-5-2 do Tite segue no imaginário do torcedor e é lembrado até hoje.
O Tricolor chegou em São Paulo precisando marcar gols para trazer o título para o Rio Grande do Sul. A primeira partida, realizada no Estádio Olímpico, terminou empatada pelo placar de 2 a 2. Assim, um empate sem gols no Morumbi já bastava para o Corinthians ser campeão.
A trajetória do Grêmio até o Tetracampeonato da Copa do Brasil
O Tricolor venceu oito das 12 partidas realizadas no torneio, empatou duas e perdeu outras duas. Marcou 25 gols e sofreu apenas 14 tentos.
FASE CLASSIFICATÓRIA
14/03 – Villa Nova-MG 3 x 2 Grêmio – Castor Cifuente, Nova Lima (MG) Gols: Anderson Lima marcou duas vezes.
21/03 – Grêmio 4 x 1 Villa Nova-MG – Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS) Gols: Luís Mário marcou duas vezes, Zinho e Rubens Cardoso.
SEGUNDA FASE
18/04 – Santa Cruz-PE 1 x 0 Grêmio – Arruda, Recife (PE)
26/04 – Grêmio 3 x 1 Santa Cruz-PE – Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS) Gols: Eduardo Costa e Rodrigo Mendes (marcou duas vezes).
OITAVAS DE FINAL
02/05 – Grêmio 1 x 0 Fluminense-RJ – Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS) Gol: Marcelinho Paraíba.
09/05 – Fluminense-RJ 0 x 0 Grêmio – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
QUARTAS DE FINAL
16/05 – Grêmio 2 x 1 São Paulo-SP – Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS) Gols: Warley e Marinho.
23/05 – São Paulo-SP 3 x 4 Grêmio – Morumbi, São Paulo (SP) Gols: Marcelinho Paraíba marcou três vezes e Zinho completou o placar.
SEMIFINAL
30/05 – Grêmio 3 x 1 Coritiba-PR – Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS) Gols: Warley, Zinho e Ânderson Lima.
06/06 – Coritiba-PR 0 x 1 Grêmio – Couto Pereira, Curitiba (PR) Gol: Zinho.
FINAL
10/06 – Grêmio 2 x 2 Corinthians-SP – Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS) Gols: Luís Mário marcou os dois gols.
17/06 – Corinthians-SP 1 x 3 Grêmio – Morumbi, São Paulo (SP) Gols: Marinho, Zinho e Marcelinho Paraíba.
Relembre como foi o jogo de ida da final
A primeira etapa da final foi muito estudada e com poucas chances claras de gols. O Grêmio, aos 20 minutos, chegou com perigo em uma cobrança de falta feita por Ânderson Lima, obrigando o goleiro Maurício a fazer a defesa. Aos 28 minutos, Marcelinho Carioca arrisca de longe, a bola desvia em Marinho e mata o goleiro Danrlei. Corinthians 1 a 0.
A segunda etapa foi bem mais movimentada. Aos 4 minutos, em um contra-ataque, Marcelinho fica cara a cara com Danrlei e chuta pra fora. No entanto, dois minutos mais tarde, em um escanteio curto, Marcelinho cruza, Müller domina, dribla o zagueiro e enche o pé para ampliar o placar. Corinthians 2 a 0.
Precisando reverter o placar, Tite coloca em campo Claudio Pitbul e Roger, sacando Warley e Mauro Galvão. A mudança surte efeito e o Tricolor começa a pressionar a equipe paulista. Aos 18 minutos, Cláudio Pitbul chuta de fora da área, a bola rebate na zaga e sobra para Luís Mário diminuir. Grêmio 1 x 2 Corinthians.
A torcida gremista aumentou a cantoria após o gol. Aos 24 minutos, Luís Mário pega a bola na ponta esquerda, se livra de um marcador e chuta de fora da área com força, a bola quica na frente do goleiro Maurício, que aceita. A grandiosa vantagem da equipe paulista foi desfeita em seis minutos por um ex-corintiano – o passe do Luís Mário ainda pertencia ao time do parque São Jorge. Grêmio 2 x 2 Corinthians.
Nos minutos finais, o Grêmio quase virou em um chute de Cláudio Pitbul, mas a bola raspou a trave esquerda do goleiro Maurício. Quase nos descontos, o cartão que mudou a história, Eduardo Costa faz falta dura no meio de campo e recebe o amarelo. O volante levou o seu terceiro cartão amarelo e assim não jogaria a partida de volta. Aos 48 minutos, Márcio Rezende de Freitas apitou e tudo será decidido no Morumbi.
O terceiro cartão que possibilitou a mudança certeira.
Para a partida decisiva, o técnico Tite modificou a equipe. Marcelinho Paraíba – que não jogou o primeiro jogo por estar suspenso – retornou aos onze iniciais. Eduardo Costa, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, deu lugar a Roger. Para ajeitar o time, Tite teve uma grande ideia: escalou Mauro Galvão como líbero (o zagueiro da sobra no esquema 3-5-2), adiantou Ânderson Polga para jogar como volante – substituindo o impossibilitado Eduardo Costa – e o Roger, lateral-esquerdo de formação, entrou na zaga.
Dessa maneira, com as mudanças realizadas pelo técnico gremista, o quarteto ofensivo do Corinthians (Ricardinho, Marcelinho Carioca, Ewerthon e Müller) foi anulado. Um verdadeiro nó tático de Tite para cima do já consagrado Wanderlei Luxemburgo.
A segunda e decisiva partida, uma partida brilhante do Grêmio
Os minutos iniciais foram de muito estudo, trocas de passes e poucas chances de gol. Ao decorrer do primeiro tempo, o Tricolor foi assumindo o protagonismo da partida. A equipe paulista pouco criava, Marcelinho Carioca era marcado de perto por Ânderson Polga. Além dessa marcação especial, Tite colocou Tinga para vigiar o meia Ricardinho. Com isso, o Corinthians ficou sem um jogador para criar no meio, obrigando os zagueiros a rifarem a bola.
Primeiro tempo
O Grêmio tinha o domínio da partida, mas a primeira chance de perigo veio somente aos 20 minutos, Marcelinho Paraíba arriscou de fora da área e a bola passou raspando a trave direita do goleiro Maurício. Aos 21 minutos, o Corinthians chegou na área gremista com perigo, porém Marcelinho Carioca bateu fraco e Danrlei defendeu.
O Imortal controlava a partida e começava a desperdiçar chances claras de gol, Zinho e Marcelinho Paraíba perderam a oportunidade de abrir o placar. No entanto, aos 42 minutos o Tricolor abriu o marcador. Após cobrança de escanteio pelo lado esquerdo do ataque, Marinho correu na primeira trave e desviou de cabeça para o gol de Maurício. Grêmio 1 a 0. A vantagem Tricolor por pouco não foi desmanchada, já nos acréscimos, o atacante Ewerthon perdeu um gol de maneira incrível. O camisa 9 corintiano errou a cabeçada e a bola foi afastada por Marinho.
Segundo tempo
Recomeça a partida e o Grêmio segue fazendo o seu grande jogo. Logo no início, com menos de 2 minutos, Marcelinho Paraíba perde a bola no ataque, o camisa 10 vai em direção ao zagueiro corintiano fazer a marcação e na transmissão da televisão vaza o áudio do técnico Tite que grita: “SEM FALTA, SEM FALTA”. Seguindo as orientações do comandante, Marcelinho desarma o defensor na bola e rola para Zinho – o aniversariante do dia – finalizar com a perna direita no ângulo. Grêmio 2 a 0.
A equipe Tricolor seguiu controlando as ações do jogo e poderia aumentar o placar, mas desperdiçava na hora de concluir a gol. A primeira chance clara do Corinthians veio aos 14 minutos, Ricardinho se livrou da marcação e bateu cruzado, porém a bola passou rente a trave. Mesmo com um jogador a menos (Scheidt foi expulso após receber o segundo amarelo), o Corinthians conseguiu diminuir o placar aos 30 minutos. Ewerthon arrancou da intermediária, invadiu a área, chutou cruzado e Danrlei aceitou. Corinthians 1 x 2 Grêmio. Depois do gol, a equipe paulista até tentou fazer uma pressão, no entanto, não surtiu efeito.
Nos minutos finais, o Grêmio matou o jogo. Após trocas de passes na intermediária e sob gritos de olé vindo da arquibancada, o Tricolor chegou ao terceiro gol. Fábio baiano tabelou com Zinho e ao perceber Marcelinho Paraíba livre na pequena área, tocou para o camisa 10 que só teve o trabalho de escorar a bola para o fundo do gol. Selando o título. Na comemoração, Marcelinho faz o gesto de “acabou” com os braços. Agora era só esperar o término da partida para comemorar o Tetracampeonato da Copa do Brasil.