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Fórmula 1: Comissários não remunerados e questionamentos sobre imparcialidade

O CEO da McLaren, Zak Brown, sugeriu que as equipes contribuam para remunerar os comissários.

(Foto: Reprodução Internet)

Na Fórmula 1, os comissários de pista atuam de forma voluntária, recebendo apenas cobertura de despesas de viagem para cada evento. Recentemente, Zak Brown, CEO da McLaren, sugeriu que as equipes contribuam para remunerar esses comissários, argumentando que, em um esporte multibilionário, é incoerente depender de oficiais não remunerados para decisões críticas. Ele afirmou que, se todas as equipes colaborassem, o custo não seria significativo e poderia melhorar a qualidade e consistência das decisões.

Além da questão financeira, a falta de um corpo fixo de comissários levanta dúvidas sobre a imparcialidade das decisões. Como os oficiais mudam de corrida para corrida, há inconsistências na aplicação das regras e algumas punições geram polêmicas entre pilotos e equipes. Em diversas ocasiões, decisões questionáveis sobre incidentes de corrida levaram à suspeita de que determinados pilotos ou equipes poderiam estar sendo favorecidos, ainda que não haja provas concretas.

Exemplos de decisões questionáveis na Fórmula 1

GP da Arábia Saudita 2021 – Hamilton x Verstappen
Durante a acirrada disputa pelo título entre Lewis Hamilton e Max Verstappen, o piloto holandês recebeu uma punição controversa por supostamente forçar Hamilton para fora da pista. No entanto, em situações semelhantes anteriores, outros pilotos não foram punidos. Isso levantou questionamentos sobre uma possível falta de critério na aplicação das regras, especialmente em momentos decisivos do campeonato.

GP do Brasil 2022 – Russell x Pérez
No Grande Prêmio do Brasil, um incidente entre George Russell e Sergio Pérez gerou debates sobre imparcialidade. Enquanto Russell escapou sem punição após um toque que prejudicou Pérez, outros pilotos receberam penalizações rigorosas por lances parecidos ao longo da temporada. A inconsistência nas decisões alimentou suspeitas de que certos pilotos poderiam estar sendo beneficiados por critérios subjetivos dos comissários.

GP da Arábia Saudita 2023 – Sequência de decisões incoerentes
No Grande Prêmio da Arábia Saudita de 2023, a FIA foi alvo de críticas devido a decisões consideradas incoerentes e esdrúxulas. A falta de consistência na aplicação das regras minou a credibilidade da entidade e gerou debates sobre a imparcialidade dos comissários.

Janeiro de 2025 – Demissão de Johnny Herbert
Em janeiro de 2025, a FIA anunciou a demissão do ex-piloto Johnny Herbert de sua função como comissário. A decisão foi tomada devido a um conflito de interesses entre seu papel como comentarista na Sky Sports e suas responsabilidades como comissário. Herbert havia sido criticado por suas opiniões e decisões que, segundo alguns, afetavam negativamente o piloto Fernando Alonso, levantando questões sobre sua imparcialidade.

World Surf League: Juízes remunerados e alegações de parcialidade

Por outro lado, na WSL, os juízes são profissionais remunerados, responsáveis por avaliar as performances dos surfistas em competições internacionais. Apesar da profissionalização, há críticas sobre a imparcialidade das avaliações. Ícaro Cavalheiro, ex-juiz da WSL, afirmou que o sistema de julgamento tende a favorecer surfistas australianos e americanos, visando promover campeões dessas nacionalidades, em detrimento de brasileiros. Ele destacou que essa tendência não é influenciada por patrocinadores ou pela administração da WSL, mas pelos próprios juízes responsáveis pelas avaliações.

Em agosto de 2024, surgiu uma polêmica na WSL envolvendo o juiz australiano Benjamin Lowe. Uma foto dele ao lado do surfista australiano Ethan Ewing foi divulgada nas redes sociais, levantando questionamentos sobre a imparcialidade nas avaliações. A Associação Internacional de Surfe (ISA) considerou inadequada essa interação e decidiu afastar Lowe do painel de julgamento dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, visando proteger a integridade e a justiça da competição.

Esses episódios intensificam as críticas sobre a transparência dos julgamentos e alimentam a percepção de que certos surfistas podem estar recebendo notas infladas em determinadas competições.

Comparação e reflexões

A comparação entre as duas organizações revela que a remuneração dos oficiais não garante, por si só, a imparcialidade ou a qualidade das decisões. Enquanto a Fórmula 1 enfrenta desafios relacionados à falta de profissionalização de seus comissários e inconsistências no julgamento de incidentes, a WSL lida com alegações de parcialidade mesmo com juízes remunerados. Isso sugere que, além da compensação financeira, é crucial implementar sistemas de treinamento rigorosos, diretrizes claras e mecanismos de supervisão para assegurar julgamentos justos e consistentes em ambos os esportes.

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