Outro lado

Jornalista faz acusações sobre comemoração de John Kennedy e depois se desculpa

John Kennedy marca segundo gol do Fluminense (FOTO: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C)

Julio Gomes acusou o atacante do Fluminense de homenagear traficante do Rio de Janeiro em suas comemorações

FOTO: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C

O Fluminense venceu o Al Ahly (EGI) por 2 a 0 na semifinal do Mundial, com um dos gols sendo marcado por John Kennedy, que comemorou de sua forma tradicional fazendo o urso. Em programa da “UOL News Esporte”, nesta terça-feira, o jornalista Julio Gomes fez um comentário sobre esse gesto realizado pelo atacante, o acusando de homenagear traficante do Rio de Janeiro.

– Ele tem uma coisa que a gente pode julgar. Quando ele comemora gol fazendo alusão a um traficante carioca. Isso a gente pode falar – afirmou ele.

Algumas horas depois, o mesmo publicou um texto pedindo desculpas ao “John Kennedy, ao Fluminense e ao jornalismo”. Ele acabou falando que ouviu esse boato e que pode ter caído em uma fake news.

Confira na íntegra o que foi escrito:

Antes de mais nada, estou aqui para me desculpar com o John Kennedy. No programa UOL News Esporte de terça-feira, eu afirmei que ele comemorava seus gols fazendo alusão a um “traficante do Rio de Janeiro”. Eu não tenho como comprovar nada disso, é apenas uma especulação que chegou até mim e, portanto, tecnicamente, trata-se de uma opinião vazia ou até mesmo fake news.

Errei. Se tem uma coisa que não combina comigo é espalhar boato. O que eu falei no ar não é uma informação, é uma especulação. Eu nunca movi uma palha para ir atrás desta história sobre John Kennedy e confirmá-la – ou não. Portanto, não cabe a um jornalista que sempre prezou pela seriedade fazer a alusão que fiz.

O jornalismo bem feito sempre foi um grande objetivo da minha vida. Detesto ver minha profissão ser achincalhada por quem mal entende o que é e qual a função do jornalismo. E detesto ver minha profissão achincalhada por quem faz jornalismo mal feito, jornalismo de desinformação, fake news ou distorção. Detesto ver o jornalismo sendo achincalhado por quem quer dominar narrativas e conduzir a massa para o lado que lhe interessa.

Dito isso, sinto-me envergonhado por ter feito o que não se deve hoje. Falei no ar que as comemorações do garoto John Kennedy, do Fluminense, imitando um urso com as duas mãos por trás da orelha, fazem referência à famosa “Tropa do Urso”, como é conhecido o “exército” do traficante “Doca” ou “Urso da Penha”, um dos líderes do Comando Vermelho no Complexo da Penha. Doca é conhecido pela violência e também pelo assistencialismo, portanto, uma figura, como muitas no Brasil, que desperta também simpatia em parte da população local.

No entanto, não há comprovação de qualquer relacionamento entre Kennedy e o “Urso da Penha”. Posso ter ajudado a espalhar uma fake news e nada pode me envergonhar mais, nada pode ter menos a ver com minha trajetória pessoal.

Kennedy é tratado internamente no Flu como um milagre, pois é um menino que convive com muitas distrações além do futebol. É um milagre do futebol brasileiro, mais um, um grande talento e que tem dado ao Fluminense glórias que o clube nunca conquistou. Quem vive no meio do futebol diz que John Kennedy não fica atrás de Endrick, por exemplo, em termos de talento. Um fenômeno da base e, agora, do profissional. Espero sinceramente que um grupo grande e estruturado de pessoas consiga conduzir a carreira e a vida de John Kennedy para lugares positivos, longe da tragédia diária da vida brasileira e dos finais tristes que habitualmente têm as vidas da enorme maioria da população jovem, pobre e negra no Brasil.

Peço desculpas pela fala fora de lugar e absolutamente irresponsável. Espero que a celebração do “Bonde do Urso” seja apenas algo fofo mesmo, sem alusão alguma a qualquer coisa errada. E, se no futuro algo do tipo for comprovado, isso não terá diminuído meu erro em um centímetro sequer. Peço desculpas ao jornalismo, ao UOL Esporte, aos torcedores do Fluminense, fãs do John Kennedy e, especialmente, ao próprio John Kennedy.

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