O prefeito Alexandre Kalil foi tachativo quanto a possibilidade de um retorno em breve de partidas de futebol em Belo Horizonte. Apesar da intenção da CBF de reiniciar as disputas, endossada pelo presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente do Atlético-MG garantiu que não pretende reabrir a capital mineira para eventos exportivos tão cedo.
“Aqui em BH, para voltar com o futebol, a FMF terá que conversar com o prefeito, que é quem manda na cidade e proibiu eventos. Aqui não vai abrir, a não ser que a Justiça mande. O prefeito não vai abrir, aqui não tem futebol. De acordo com o STF, quem manda na cidade é o prefeito. Se eles quiserem jogar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, aí tudo bem. Aqui em BH ninguém vai jogar”, disse Kalil em entrevista ao programa SportsCenter, da ESPN Brasil.
Reuniram-se, nesta quinta-feira, o presidente da FMF, Adriano Aro, e o governador Romeu Zema, para estudar um plano de retomada no futebol no estado. Kalil, no entanto, manteve-se rígido em seu posicionamento e críticou aqueles que defendem o fim do distanciamento social.
Esse povo é louco. Estão comprando saco plástico, estão encostando caminhão frigorífico, estão colocando caixão na rua, fazendo cova rasa, e estão pensando em futebol? Ninguém gosta de futebol mais que eu. Vocês estão achando que eu almoço no domingo com meus filhos conversando de política, de Brasília? Os meninos nem sabem o que é isso. É o papo mais chato que existe. A gente só fala de bola. Mas pensar em futebol, agora, é coisa de débil mental, vocês vão me desculpar – Alexandre Kalil
O prefeito reforçou que, em Belo Horizonte, só haverá jogos se for por decisão judicial. Ele citou ainda a dificuldade enfrentada por comércios da capital mineira e trabalhadores autônomos.
“Todo mundo sabe que não sou modesto e nem demagogo. E o cara que vende churrasquinho, que está liquidado aí na rua? E o cara que tem o barzinho dele, que vende a cerveja gelada? Quem tem muito é que está com muita pressa. É pra todo mundo. Na Bélgica, na Itália, na Holanda, eles fazem o que quiserem. Aqui na cidade, a Federação Mineira, para mexer com futebol mineiro, vai ter que conversar com o prefeito. Se eles estão achando que vão chegar lá e (decretar): ‘Vai abrir’, não vai abrir não”.
A primeira divisão do Campeonato Mineiro foi suspenso ao fim da 9ª rodada, a antepenúltima da primeira fase. O regulamento inicial da competição ainda previa realização das semifinais e da final em duelos de ida e volta.
FILHO MÉDICO NA LINHA DE FRENTE
Alexandre Kalil lançou mão do exemplo de um dos filhos, que é médico e está trabalhando na linha de frente do combate contra a pandemia, para ratificar a gravidade da questão, e recordou o cancelamento de megaeventos esportivos em tempos de conflito.
“Eu estou à vontade para falar, pois tenho um filho médico, que está no hospital e que todas as noites eu tenho que rezar para que ele chegue bem em casa. E ficam falando em voltar o futebol? O povo brasileiro não conhece guerra. Tivemos uma olimpíada suspensa, não tivemos Copa do Mundo por causa de guerra. O futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes do mundo”, comparou.
“É muito importante a população de BH entender que ela está fazendo a diferença e que quanto mais ela ficar em casa, mais rápido nós vamos reabrir essa cidade. No caso da pandemia, são 20% de gestão pública e 80% da população, que sabe o risco que corre ao sair às ruas. Se a população de BH continuar respondendo bem nesse momento de crise, vamos sair bem dessa tragédia”, projetou Kalil.