A saúde e o autocuidado estão entre as prioridades da população brasileira, segundo pesquisas recentes. Num momento em que a atenção ao bem-estar físico e mental tem ganhado destaque, a alimentação saudável, o consumo de suplementos alimentares e a prática de atividades físicas conquistam mais adeptos.
De acordo com o estudo “Tensões Culturais”, da agência de pesquisa e análise Quiddity, 52% dos brasileiros desejam “se cuidar” ao longo de 2024. O dado reflete um comportamento em que as pessoas se mostram mais conscientes da importância de adotar hábitos saudáveis.
Outra pesquisa sobre o assunto, What Worries the World, realizada pelo instituto Ipsos e publicada em fevereiro, apontou que a saúde está entre as três maiores preocupações dos brasileiros, ao lado de temas como crime e violência e pobreza e desigualdade.
Já a primeira edição do estudo “Radar Febraban de 2024”, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas a pedido da Federação Brasileira de Bancos, revelou o aumento nas menções à saúde como área prioritária para receber mais atenção do governo.
Foco na saúde impacta mercado de suplementos alimentares
O maior foco na saúde tem reflexos no crescimento do mercado de suplementos alimentares. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), os produtos estão presentes em mais da metade (59%) dos lares do país.
O aumento no consumo de suplementos também é impulsionado pela expansão do setor de alimentos saudáveis, que deve crescer 27% até 2025 no Brasil, conforme a Euromonitor International.
Entre os produtos comercializados destacam-se a creatina e o suplemento de magnésio dimalato. A primeira é responsável por fornecer energia aos músculos, melhorando o desempenho durante as atividades físicas. Já o segundo contribui para a saúde metabólica e mental.
Apesar dos benefícios à saúde, é necessária a orientação profissional para o uso adequado dos suplementos. Mitos sobre a creatina podem levar a interpretações equivocadas sobre seus efeitos colaterais e benefícios, por exemplo. O acompanhamento com nutricionista possibilita a indicação correta de uso e dosagem das substâncias.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri), Synésio Batista da Costa, as proteínas e os aminoácidos, especialmente a creatina, foram as categorias que mais cresceram no setor em 2023 e devem permanecer em 2024.
Em artigo de sua autoria, ele informa que produtos prontos para consumo, como bebidas proteicas, barrinhas de proteína e snacks saudáveis também impulsionaram as vendas, seguindo uma tendência do mercado que busca saudabilidade, rapidez e praticidade.
Rotulagem nutricional ajuda a alertar sobre ultraprocessados
Desde outubro de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em conjunto com fabricantes e entidades da sociedade civil, como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), determinou uma nova rotulagem nutricional para alimentos processados e ultraprocessados. Os novos rótulos alertam para altos teores de gordura saturada, açúcar e sódio adicionados.
A etiqueta padrão é representada por uma lupa preta com a indicação “alto em”, localizada na parte da frente da embalagem dos produtos. Segundo estudo da consultoria Bain & Company, 56% dos consumidores notaram a diferença na nova rotulagem. Destes, 46% afirmaram que desistiriam de comprar o item ou pretendiam reduzir o seu consumo. Já 34% disseram repensar a ingestão, mas mesmo assim comprar. Para 20% das pessoas que perceberam a novidade nos selos, nada mudou em termos de comportamento e intenção de consumo.
Conforme avaliação da nutricionista e analista de pesquisa do Idec, Mariana Ribeiro, a lupa na identificação dos produtos é um avanço para o mercado brasileiro. Em entrevista à imprensa, ela afirmou que os consumidores têm demonstrado surpresa com o alto teor de ingredientes que podem ser nocivos à saúde presentes em alimentos que eles ingerem diariamente. Ela acredita que, com o rótulo, as pessoas estarão mais conscientes e poderão evitar consumir o que é ultraprocessado.
Pesquisa realizada pelas universidades de São Paulo (USP), Federal de São Paulo (Unifesp) e de Santiago do Chile avaliou como os alimentos ultraprocessados impactam a saúde. Comidas que continham conservantes, corantes e aromatizantes provocaram a morte de 57 mil brasileiros, com base em dados de 2019. O estudo compara que, no mesmo ano, foram assassinadas 45,5 mil pessoas no país, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.
Em entrevista à imprensa, a nutricionista que trabalhou no Idec ao longo da discussão sobre a nova rotulagem, Janine Coutinho, alertou que os produtos industrializados são nocivos e não deveriam ser consumidos, já que uma alimentação inadequada, com excesso de açúcar, sal e gordura, traz inúmeros malefícios.
Alimentação saudável e suplementação são tendências
Conforme os dados da Euromonitor Internacional, estima-se que 47% dos brasileiros passaram a consumir alimentos mais saudáveis, como legumes, verduras e hortaliças. A maioria disse, ainda, que planeja manter o novo hábito. Informações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indicam que o mercado de alimentação saudável tem crescido em média 12,3% ao ano.
Além disso, de acordo com portais especializados, como o Food Connection, em 2024, a crescente preferência dos consumidores por um estilo de vida saudável e sustentável deve continuar impulsionando o consumo de suplementos naturais e orgânicos.
A avaliação é que as pessoas estão buscando cada vez mais produtos que ofereçam benefícios nutricionais, mas que tenham origem ética, transparente e ingredientes saudáveis. A tendência pode ser observada a partir da demanda por suplementos livres de aromatizantes artificiais, corantes, aditivos e conservantes.