O comandante alvinegro Mano Menezes, em entrevista coletiva concedida após o término da partida, assumiu a maior parcela de responsabilidade na derrota do Corinthians por 5 a 1 contra o Bahia, dentro da Neo Química Arena, na abertura da 35ª rodada do Brasileirão. Bastante abatido e cabisbaixo, o treinador optou por não colocar a culpa nos seus jogadores.
– Realmente tudo deu errado, não salvamos nada num jogo como esse. Começamos com a ideia de jogo escolhida pelo treinador, que não se sustentou nem se justificou, teve que ser trocada com 20 minutos. O treinador assume a parte dele de que a ideia pensada não funcionou. Temos que pedir desculpas. Nunca passei por isso, uma goleada dentro de casa como treinador. Foi muito doloroso para a gente, mas nunca tivemos condição de entregar algo melhor no jogo. Quando acontece isso e termina do jeito que foi, a maior responsabilidade é do treinador, sem dúvida – afirmou Mano.
– Seria muito cômodo pra mim dizer que não teve entrega (dos jogadores). Quando as coisas não funcionam taticamente, parece que não teve entrega. Mas não, a responsabilidade é minha mesmo. Não é demagogia, é o que penso e já disse a eles. É esta a tônica que fica deste jogo.
Sobre esse jogo ter sido realizado na véspera da eleição presidencial no Parque São Jorge, o treinador foi questionado sobre a culpa da diretoria no resultado, mas não quis fazer essa relação:
– Seria muito canalha da minha parte. O que aconteceu na temporada pertence ao clube, mas nada justifica o que aconteceu hoje. Nada – disse Mano Menezes.
O treinador afirmou que desde o início da Data Fifa ele imaginou a equipe num esquema com três zagueiros, como já havia feito na vitória por 1 a 0 contra o Grêmio, em Porto Alegre, na última rodada. Ele tentou explicar a sua ideia de jogo, que acabou fracassando:
– Tivemos tempo, sim. Trabalhamos a ideia de jogar com três zagueiros desde o início da preparação tática. Mesmo que o adversário tenha vindo diferente, sem um atacante definido, a gente tinha que ter executado melhor porque sabia as alternativas dele. Bidu e Fagner eram para ser alas, como iniciamos em Porto Alegre, mas penso que quisermos resolver o jogo com muita pressa. Eles esperaram a gente errar, e erramos bastante. Tomamos o gol cedo, isso sempre é ruim, e a partir daí nada funcionou.
– O clube vai seguir a vida, como tem que seguir. Não quero misturar os assuntos, quero falar do campo, do que não fizemos. Foi por isso que perdemos e tivemos uma derrota vexatória em casa. completou Mano.
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Na próxima rodada, o Corinthians enfrenta o Vasco em São Januário, pela 36ª rodada do Brasileirão. O técnico acredita que o resultado não será levado para o próximo jogo:
– Não tenho dúvida que teremos um desempenho melhor, porque é impossível fazer pior do que hoje. Vamos apagar, em termos desportivos. Vamos carregar para a história, porque essas coisas sempre ficam marcadas. Mas na terça-feira voltaremos a ser o Corinthians que fomos nos últimos dias.
Ao ser perguntado se as eelições mexem de certa forma e atrapalham, Mano respondeu:
– Estamos vindo de um jogo fora, a proximidade da eleição pode estar mais presente, mas sempre conseguimos trabalhar sem a interferência das coisas externas no dia a dia. Não acho que isso fez parte do que fizemos hoje.
Em sua análise do jogo, Mano avaliou da seguinte forma:
– Jogos que fogem completamente do contexto de um jogo de futebol você apaga, não pode levar em consideração uma tragédia futebolística, porque ela não faz parte da regra desde que cheguei. Já perdemos, mas jogando futebol e competindo, e não foi o que aconteceu hoje. O Bahia também já jogou com linha de três, o problema não é a linha, é a execução. Nós temos algumas dificuldades de lado, então seria melhor ter ala para bater contra o ala deles, mas não funcionamos bem, nem conseguimos atacar. A partir de um certo momento, perdemos toda a tranquilidade. Falar sobre o ambiente agora não tem valor nenhum, porque o ambiente tem completa razão depois do que apresentamos. No segundo tempo voltamos melhor, tentamos chegar até o 3 a 1, mas entramos no desgaste. Quando começamos o jogo mal, tudo dali para o futuro deu errado. Por isso o 5 a 1.
Sobre o time estar muito exposto, Mano comentou:
– Você substitui a palavra canalha por aproveitador, seria menos drástico. Seria aproveitador da minha parte tomar 5 a 1 e responsabilizar outras questões. Não foi isso. O Alessandro (Nunes, gerente) não está aqui porque não pode, está suspenso. Ele sempre esteve aí, e se não estivesse suspenso estaria aí. Já conversamos lá dentro com quem tinha que conversar, mas não é isso nesta hora. Agora é assumir a responsabilidade pela derrota vexatória. Em outros momentos o torcedor já se manifestou contra este ou aquele, já passamos por situações como esta sem ter a derrota que tivemos hoje. Então a derrota fica limitada ao jogo ruim, ao Bahia que teve seus méritos, mas é óbvio que ser goleado por 5 a 1 em casa tem que ter responsabilidade nossa.
Sobre uma dificuldade apresentada recenteente ao longo desta temporada em específico quando o Corinthians joga em Itaquera, o treinador respondeu:
– Itaquera faz parte da história recente e vencedora do Corinthians, você não tem uma passagem tão dura como quando o Pacaembu, lá no passado, como vivi da primeira vez. Tudo isso é novo. O torcedor é um pouco diferente no futebol atual, mas nada justifica o que aconteceu hoje. Hoje entra num capítulo especial, pertence só a este jogo. Tudo o que o torcedor fizesse hoje, estaria coberto de razão.