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Marcelo Moreno, Arrascaeta ou Sorín: qual é o estrangeiro com o maior legado no Cruzeiro.

Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C; foto: Bruno Haddad/Cruzeiro; foto: reprodução/Trivela

“A maior meta pessoal que eu tenho é de deixar o meu legado aqui no Cruzeiro”, disse o atacante Marcelo Moreno, em entrevista à TV Cruzeiro. A dois jogos de completar 100 partidas com a camisa azul celeste e 5 gols atrás de Arrascaeta no ranking de artilheiros estrangeiros do clube, é claro como o dia que o jogador boliviano está prestes a fazer história.

Tais marcas de Marcelo Moreno acabam levantando uma questão bem complicada: qual o lugar do centroavante boliviano entre os ídolos estrangeiros do Cruzeiro? Como comparar jogadores de épocas diferentes é uma tarefa que beira o impossível, por conta das diferenças entre o nível de preparo dos jogadores e dos equipamentos, decidimos limitar nosso questionamento apenas ao século XXI.

Fica aqui a menção honrosa para Lucas Romero, o volante raçudo que tem a sua volta pedida pela torcida, mas decidimos fechar a competição entre três gigantes. Vamos a ficha técnica do combate.

Arrascaeta

O armador uruguaio chegou à Belo Horizonte em janeiro de 2015, pelo valor de 4 milhões de euros. Porém, pode-se dizer que o jogador foi oficialmente apresentado aos outros times do Brasil três meses depois, no primeiro clássico que disputou, quando deu uma caneta no volante Josué e fez de Leonardo Silva um cone.

“Arrascaneta” viria a marcar outros belos gols com a camisa do Cruzeiro, com direito a pintura indicada ao prêmio Puskas. Sua visão de jogo, dribles precisos e finalizações certeiras ajudaram a equipe a conquistar duas Copas do Brasil (2017, 2018) e um Campeonato Mineiro (2018). A passagem de Arrascaeta no Cruzeiro chegou ao seu fim no começo de 2019, quando o jogador foi vendido para o Flamengo, por 13 milhões de euros, após um longo imbróglio, envolvendo um suposto aliciamento do time carioca e muita polêmica de bastidores.

Partidas: 188.

Gols: 50.

Período: 2015 a 2018.

Títulos: Copa do Brasil (2017 e 2018) e Campeonato Mineiro (2018).

Marcelo Moreno

A chegada do atacante boliviano ao Cruzeiro não foi tão chamativa quanto a de seus concorrentes nesta lista. Em 2007, aos 19 anos de idade, o jovem Marcelo Moreno desembarcou em Belo Horizonte para começar sua caminhada com a camisa azul celeste no peito. Com 14 partidas e 6 gols marcados, a promessa boliviana teve um bom primeiro ano com o Cruzeiro. 

Mas ele nem se compara com o que viria a seguir. O ano de 2008 começou com uma conquista imponente da Raposa: Campeonato Mineiro, com direito a goleada de 5 a 0 em cima do arquirrival. Já na Copa Libertadores, Moreno se destacou como artilheiro da competição, com 8 gols marcados. Suas boas atuações despertaram o interesse do Shakhtar Donetsk, que comprou o jogador pelo valor de 9 milhões de euros.

A apresentação de Marcelo Moreno, no mínimo, dividiu opiniões. Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro.

Moreno voltou ao Cruzeiro em 2014, através de um empréstimo feito pelo Grêmio. “Estou voltando pra casa, é lindo, sentia muitas saudades”, disse o jogador, que foi recebido pela torcida no aeroporto de Confins. Na segunda passagem, o atacante marcou 24 gols e foi peça central na conquista do Campeonato Brasileiro.

De volta à equipe para ajudar na reconstrução do time, Marcelo Moreno desponta no elenco como um dos jogadores mais experientes do elenco. “Acredito que deixar uma história linda, deixar um exemplo bom para a rapaziada que vem da base é muito importante”, disse o jogador na entrevista à TV Cruzeiro. O atacante disputou 5 partidas, mas ainda não balançou as redes. 

Partidas: 98.

Gols: 45.

Período: 2007 a 2008; 2014; 2020.

Títulos: Campeonato Mineiro (2008 e 2014) e Campeonato Brasileiro (2014).

Sorín

Revelado pelo River Plate, Juan Pablo Sorín chegou ao Cruzeiro em 2000 como uma das contratações mais caras de todos os tempos feitas pelo time mineiro. A Raposa teve que desembolsar mais de 5 milhões de dólares pelo lateral esquerdo. Mas o investimento valeu a pena.

Rápido, raçudo e bom no ataque e na defesa, o jogador argentino acabou conquistando o carinho do torcedor. Na sua primeira passagem, foram 111 partidas, 17 gols, uma Copa do Brasil (2000), duas Copas Sul-Minas (2001 e 2002) e um Supercampeonato Mineiro (2002). Porém, além dos números, o que mais chamou a atenção foi a sua despedida.

O lateral-esquerdo já estava com as malas prontas para defender o seu novo time, a Lazio, quando entrou em campo na final da Copa Sul-Minas. Só que isso não afetou em nada a dedicação de Sorín em campo. Após uma trombada feia, o argentino sofreu um corte feio no supercílio. O médico do Cruzeiro, Dr. Ronaldo Nazaré, considerou retirar o jogador da partida. “Não posso sair, doutor”, retrucou o lateral, que jogou com uma bandagem improvisada durante o resto da partida. Aos 30 minutos do segundo tempo, Sorín marcou o gol que decretou o fim da partida.

O lateral retornou ao Cruzeiro em 2004, para uma breve passagem de 9 jogos apenas. Em 2008, Sorín voltou à Belo Horizonte para encerrar sua carreira no clube pelo qual nunca escondeu seu amor. Infelizmente, contusões e problemas de saúde limitaram as participações do ídolo à apenas 6 partidas. O jogador pendurou suas chuteiras após um jogo comemorativo, entre Cruzeiro e Argentino Juniors, a primeira equipe do lateral.

Partidas: 127.

Gols: 18.

Período: 2000 a 2002; 2004; 2008 a 2009.

Títulos: Copa do Brasil (2000), Campeonato Mineiro (2009), Copa Sul-Minas (2001 e 2002), Supercampeonato Mineiro (2002).

Veredicto

Quando o assunto é legado, temos que considerar certos elementos que vão além da frieza dos números de gols, partidas e taças. É nesse momento que entra a memória afetiva. E como sabemos, a memória costuma ser bem seletiva.

Certamente, Arrascaeta será sempre lembrado como um excelente jogador que fez parte de um excelente time do Cruzeiro, campeão de duas Copas do Brasil. Mas sua saída conturbada e o carisma não tão forte quanto o dos outros dois concorrentes acabam pesando contra o armador uruguaio.

Marcelo Moreno nunca escondeu o seu amor pelo Cruzeiro. O atacante está de volta à BH para ajudar a reerguer a equipe que o revelou para o mundo. Porém, Sorín também não. Além de tudo, o argentino tem um fator que pesa bastante: a faixa de capitão. Seus momentos de raça em campo são o suficiente para fazer qualquer torcedor que acompanhou o jogador soltar um suspiro de saudade, apesar do fim de carreira bem distante da primeira passagem. Marcelo Moreno pode, um dia, ter um legado maior do que o do lateral argentino. Mas a posição mítica de maior estrangeiro, por enquanto, é de Juan Pablo Sorín.

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