Santos
Na decisão, Cuca lembra da campanha do Santos na Libertadores: ‘Merecemos ser finalistas’
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Em entrevista publicada pelo portal argentino Infobae, divulgada nesta terça-feira (19). O técnico Cuca, respondeu algumas questões de seu atual momento como à frente do Santos.
Principalmente, sobre os confrontos diante o Boca Juniors pelas semifinais da Conmebol Libertadores e a superioridade do seu time diante o rival argentino. E, afirma que o Santos merece ser finalista do torneio.
Além disso, respondeu sobre a sua vida pessoal após ficar internado com a Covid-19, seu lado religioso e supersticioso, seu discurso com os jogadores no campo e sobre a fala de Pelé antes do duelo que garantiu o Peixe na decisão.
Confira a entrevista:
Qual análise do triunfo sobre o Boca que causou tanta surpresa na Argentina?
“Foram 180 minutos. Os primeiros 90, nós empatamos em zero a zero, em um jogo muito equilibrado. Foi um bom resultado para nós, exceto que se o Boca marcasse um gol aqui, ele se qualificaria para o seu status fora de casa. Foi um resultado muito perigoso. Não pensamos em nos defender na Vila Belmiro. Pelo contrário, saímos para atacar, jogar, pressionar e no primeiro minuto atiramos a bola na trave. Criamos outras oportunidades e nós mantemos o 1 a 0.
Com essa vitória parcial, não tínhamos mais o perigo. Foi transformado em um jogo aberto, no qual nos impusemos bem como diante do Grêmio. Um jogo com muita intensidade e saímos vitoriosos de forma justa. Estamos muito felizes em ser finalistas porque fizemos uma Copa (Libertadores) perfeita. Perdemos um jogo único por 1 a 0 (Liga de Quito). Jogamos bem contra todas as equipes que enfrentamos, como Olímpia-PAR, Delfin-EQU, Defensa y Justicia-ARG, Grêmio-BRA e Boca Juniors. Merecemos ser finalistas”. – afirma Cuca.
Relembre a campanha do Santos fora de casa
Você já em sua extensa carreira definiu uma partida tão facilmente quanto na frente do Boca?
“Não foi um jogo fácil, 1 a 0 foi um jogo perigoso. Sebastian Villa esteve perto de empatar. Se esse entrasse, seria 1 a 1 e o fator motivacional seria a favor do Boca e contra os Santos. Quando temos o fator emocional do nosso lado, torna-se um jogo mais fácil, porque não precisamos marcar mais gols, mas nos defender e contra-atacar. O Boca ficou animicamente e jogou a nosso favor. Se o time argentino empatasse, a motivação para a visita e seu desejo de sucesso apareceram; desta forma, o jogo era diferente. É muito importante ter o fator emocional. Tivemos e aproveitamos graças aos gols que fizemos”. – relata o técnico
Ficou surpreso com a postura apática do Boca?
“Tivemos controle emocional do jogo, além de ter ou não atitude do Boca. Se ainda estivéssemos 0 a 0, era muito perigoso para os Santos. Se o Xeneizes marcasse um gol quando fizéssemos 1 a 0, se transformaria em outra partida. Você não pode dizer que a visita não jogou nada ou sinto vontade, foi um adversário muito difícil para nós. O Boca é gigante, ele nunca vai deixar de ser porque perdeu o jogo, dificilmente é uma derrota. Para mim o Boca é muito grande e eu vou dirigi-lo se Deus quiser, eu gostaria, mas eu nunca fui chamado.” – reitera
Os jogadores argentinos ficaram cabisbaixos após a partida?
“Sim, muito cabisbaixos, desolados e tristes! Aproximei-me de cada um deles para confortá-los, também Miguel Ángel Russo e seus assistentes. Todos ficaram muito magoados, porque o Boca é um gigante e quando ele perde tudo cai, a situação é compreensível.” – pondera o treinador.
Por que aquele abraço carinhoso com Wanchope Abila e o que ele disse no campo?
-Com ele tenho muita afinidade porque ele jogou no Cruzeiro, nosso adversário. Com Abila falamos sobre coisas naturais. Perguntei a ele “como você está?” E dei a ele o que é melhor para o jogo. Wanchope estava com raiva de um garoto que o desrespeitou. Perguntei-lhe: “Qual jogador chamou sua atenção?” Ele disse: “Marcos Leonardo, porque ele me insultou.”
Fui falar com meu jogador e pedi desculpas ao atacante xeneize pelo que eu tinha dito a ele. Também cumprimentei o Cardona, pois ele é muito próximo do Jonathan Copete (ele é colombiano, jogou no Velez e integrou o campus do Santos), e a Fabra. Além disso, abracei Julio Buffarini, que jogava no São Paulo.” – lembrou o comandante.
Chegou ao seu conhecimento que Cardona não entrou no jogo da volta no Brasil?
“Miguel Russo certamente sabia quais jogadores usar, porque ele é um grande treinador. Acho que a expulsão de Fabra mudou os planos do técnico. Fiquei impressionado que ele não entrou, mas, diante da expulsão do defensor teve que fazer outras mudanças.” – falou o técnico Cuca.
É verdade que você usa uma camiseta particular como superstição para encontros importantes?
“Sim, eu uso uma camiseta de Nossa Senhora Virgem de Maria em todas as partidas da Libertadores. O povo argentino deve acreditar na fé como eu. É para me dar confiança durante os jogos. Eu uso em partidas importantes. Eu coloquei durante toda a competição e usei na Libertadores de 2013 quando eu estava dirigindo o Atlético Mineiro que fomos campeões. É a mesma camisa que usei há muito tempo com a imagem da nossa Sra. Maria. Adoro a Virgem Maria.” Relata com orgulho o técnico Cuca
Quantas vezes você rezou antes da semifinal?
“Muitas vezes, todos os dias e, também à noite. Rezo à Virgem Maria pela minha saúde, pela minha família, pelos meus amigos e pelo Santos, que permaneçam na Copa (Libertadores). Perdi meu sogro para o COVID-19. Passei quatro dias no hospital por essa doença. Rezo todos os dias pela minha família, não só pelo futebol.” – afirma o profissional.
Como foi o discurso de Pelé antes do jogo?
“Foi uma motivação para o grupo. Ele participou da nossa conquista motivando os jogadores. Como brasileiro, é o único orgulho que temos, dizer que somos brasileiros como Pelé. Ele participou desta conquista e enfraqueceu como ela é. Dedicamos a vitória a ele. No discurso, ele falou sobre Deus e disse coisas de bastidores que não queremos trazer à tona. O Santos é o clube de O Rei.” -lembra o técnico Cuca.
Por que criticou a imprensa por falar do chamado Boca-River na final?
“Eu disse isso para parabenizar o futebol brasileiro, porque no Maracanã Palmeiras e Santos representarão o Brasil. A imprensa brasileira estava falando sobre Boca e River estarem lá. E agora eles vão cobrir um Palmeiras e Santos. É nossa vitória, do futebol local, ter dois de nossos clubes em uma final de Copa (Libertadores) no Rio de Janeiro. Para a imprensa brasileira, seria ruim se os dois times argentinos chegarem à final.” – disse orgulhoso o comandante.
Por que você fez a conversa técnica no intervalo no Campo de Jogo da Bombonera?
“Porque eu gosto de ficar no campo de jogo! Lá, na Bombonera, tinha um banheiro nas proximidades, atrás do banco de suplentes visitantes, para meus jogadores irem. Então eu tinha um lugar ideal para continuar a conversa.
Da próxima vez que for à Bombonera, prometo que vou para o vestiário no intervalo. Em São Paulo, no intervalo fomos para o vestiário porque estava chovendo. Não é a primeira vez que faço isso, que falo em campo, já fiz isso muitas vezes em outros clubes. Por exemplo: com o Santos enfrentando o Independente na Libertadores de 2018 no Pacaembu. Quando eu dirigi o São Paulo contra o Rosário Central em 2004, eu fiz de novo e, fomos para as penalidades e ganhamos.
Em 2009, com o Fluminense, quando joguei a final da Sul-Americana com a Liga de Quito, que ganhamos por 3 a 0 no Maracanã. É uma prática que faço muitas vezes para que o jogador não perca o foco. Meus jogadores, ficaram em campo, não sei por que falam tantas barbaridades sobre o nosso time. Ele não se acostuma a falar no intervalo do campo?” – perguntou o técnico.
Não…
“Então, recomendo aos técnicos que quando quiserem manter o calor da partida eles fiquem falando no campo de jogo durante o intervalo.” – sugere o técnico Cuca.
– Houve rumores de que vários de seus jogadores tinham jogado com o COVID na primeira partida na Bombonera e é por isso que eles não foram para o vestiário…
“Você está brincando comigo? Se eu estava com eles no pré-jogo no vestiário, por que não estarei no intervalo? Você tem que ter um pouco mais de respeito do que você diz. Nós, em Buenos Aires recebemos uma pedra quando estávamos no ônibus e quase machucou o Soteldo. E, então o motorista disse, que tinha sido um “galho de árvore”. Mas, finalmente parou o ônibus e viu-se que era uma pedra. Ninguém diz nada sobre essas coisas.” – questiona o técnico Cuca.
– Foi o maior triunfo contra o Boca na história do Santos?
– Foi um dos maiores triunfos de sua história. O Santos tem uma vida muito rica no futebol. A vitória na Bombonera com Pelé na Libertadores de 1963 (ele se tornou campeão) foi a mais importante de todas. – lembra o treinador.
A grande final da Conmebol Libertadores entre Santos e Palmeiras, vai ocorrer no dia 30 de janeiro, às 17 horas (Horário de Brasília), no estádio do Maracanã.
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