Cruzeiro
Novo diretor de futebol do Cruzeiro, André Mazzuco, fala sobre planejamento e reformulação para 2021: ‘precisa de pessoas vencedoras’
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Na manhã desta sexta-feira (8), o novo diretor de futebol do Cruzeiro, André Mazzuco, foi apresentado e concedeu sua primeira entrevista coletiva como funcionário do clube. Ele chegou na última quinta-feira (7) à Belo Horizonte com a missão de planejar o time celeste para a próxima temporada, com grandes chances de , mais uma vez, ter que lutar pelo acesso à Série A.
E foi justamente assim que André Mazzuco iniciou sua entrevista, agradecendo sua oportunidade no Cruzeiro e planejando um 2021 com maior equilíbrio, mas também disse que ainda não jogou a toalha sobre o acesso ainda nesta temporada.
– Gostaria de agradecer, primeiramente, ao presidente Sérgio. Para mim, é uma honra, um prazer imenso estar em um clube desse tamanho, como o Cruzeiro, esse gigante que tem quase 10 milhões de torcedores. Então, vir para um clube, com uma responsabilidade de gerar o departamento de futebol, é algo que é um desafio para qualquer um, mas ao mesmo tempo, é um privilégio do mesmo tamanho. Então fico feliz por esse momento. Eu acho que a gente tem uma questão matemática a ser resolvida, não dá para jogar a toalha, no futebol tudo pode acontecer, mas naturalmente a gente sabe que é uma situação difícil de momento. Nós temos que trabalhar com os dois cenários, de um planejamento pós-Série B iniciado em 2020 para um planejamento pensando de novo nessa briga pelo acesso esse ano. A situação que acontece hoje no Cruzeiro é próxima de vários outros clubes, a situação financeira é muito difícil, ainda mais nesse pós-pandemia, que atrapalhou muito o processo nos clubes de futebol do Brasil. A ausência da torcida, que faz diferença em um clube de massa como o Cruzeiro. A torcida tem um papel fundamental durante os jogos, empurra o time, incentiva e para quem tem um espírito vencedor, faz a diferença. Juntando tudo isso, acho que é um desafio importante, obviamente, nós temos uma equipe de profissionais que estão dispostos a se doar para tirar o Cruzeiro dessa situação. E, dentro do planejamento desse ano, eu sempre cito que a gente tem duas coisas em paralelo que são fundamentais, o primeiro é equilibrar e contornar os problemas e, por outro lado, vencer.
– O Cruzeiro de 2021 precisa receber pessoas vencedoras, atletas que queiram vencer, profissionais que queiram vencer e que estejam cientes dos problemas do clube, porque as coisas vão ser feitas em paralelo – disse André Mazzuco.
Ao longo de 2020, o Cruzeiro viveu uma desorganização no seu departamento de futebol, com volta de empréstimo e atletas, utilização de jogadores da base e pois devolvidos ao Sub-20, contratação de jogadores que hoje estão afastados ou já nem atuam mais pelo clube. André Mazzuco falou como irá atuar em 2021, já que o clube celeste terá uma receita menor para a próxima temporada e disse sobre a necessidade de qualificar o elenco cruzeirense.
– O nosso eixo norteador é a realidade do clube, então nós temos que entender as nossas limitações, tentar ser o mais eficiente possível dentro desse cenário. Obviamente que não podemos só contar com aquilo que a gente tem de dificuldade, a gente precisa ser criativo, buscar receitas, criar mais soluções para esse momento, até porque, mais uma vez, o Cruzeiro tem essa obrigação do acesso à Série A, a gente entende isso pelo tamanho do clube, então temos que buscar soluções que nos permitam buscar essa possibilidade mais próxima. Naturalmente, a gente tem que qualificar (o elenco), temos coisas para resolver, criar ambiente positivo, buscar alternativas que nos possam levar ao que temos de objetivo na temporada e, dentro de um consenso técnico e do departamento de futebol, entender as melhores opções, tentar buscar os melhores atletas para fazer parte desse processo conosco. Vejo, também, que nessa reformulação que a gente fala, é ser muito pontual, ter um alinhamento muito importante para todos aqui – pontuou.
Com a provável permanência na Série B, a receita do Cruzeiro cai, ao mesmo tempo que tem atualmente o elenco mais caro da competição com uma grande vantagem. Para André Mazzuco, o Cruzeiro precisa buscar profissionais “focados na conquista” para montar um plantel mais qualificado e mais barato.
– A nossa ideia sempre é deixar as coisas organizadas, independente dessas dificuldades. A gente tem que lembrar que a dificuldade que o Cruzeiro vem enfrentando nesses tempos recentes, fatalmente desequilibra o clube. Você tem dificuldades que não havia enfrentado antes e o momento que o Cruzeiro passou e vem passando agora, como consequência, cria uma situação muito desequilibrada. Então, as coisas acabam não funcionando, é uma engrenagem que está frouxa, que sofreu um impacto grande e que, realmente, ela precisa ser apertada e remodelada.
– O Deivid faz parte desse processo, está conosco no departamento de futebol, assim como outras pessoas envolvidas. Precisamos readequar, é uma realidade que o Cruzeiro tem hoje e cabe a nós, profissionais, buscar melhores condições nesse processo. E, para a gente realmente entender, trazer essa competitividade, o Cruzeiro precisa entrar nessa temporada focado na conquista, focado no acesso e a gente precisa dar essa condição. O Cruzeiro tem uma grande vantagem, porque tem uma estrutura sensacional, tem um centro de treinamento que é um dos melhores do Brasil, tem profissionais sérios e competentes, uma comissão técnica qualificada, um treinador campeão mundial. Então a gente tem elementos importantes para buscar esse equilíbrio,
Quanto ao teto salarial, estabelecido pela gestão em 2020, de R$ 150 mil, André Mazzuco preferiu não julgar se foi uma ação assertiva, mas que ainda não sabe se segurirá dessa forma para montar o time de 2021.
Jovens jogadores
Recentemente, o técnico do Cruzeiro, Felipão, citou que o Cruzeiro não pode montar um time “com 12 juniores” para disputar a Série B, demonstrando a vontade de contar com jogadores experientes para a próxima temporada.
André Mazzuco falou sobre o fato de jogadores jovens não terem experiência o suficiente para tamanha responsabilidade de reerguer o Cruzeiro, mas que também tem a sua importância tanto tecnicamente quanto financeiramente. Para o diretor de futebol, o trabalho do departamento de futebol precisa ser integrado para poder ter um resultado melhor.
– Obviamente, a juventude é importante, é necessária, mas nós temos responsabilidades no campeonato que requer um equilíbrio com experiência. É aquela velha máxima: nem tanto e nem pouco, a gente precisa trazer o equilíbrio. Os jovens são importantes, mas é uma questão de responsabilidade, a gente tem que ter muito cuidado, porque o jovem ainda não passou por grandes experiências, principalmente me momentos de crise, de pressão e momentos em que há uma grande responsabilidade do clube subir. Então, os jovens são importantes, tanto pelo aspecto técnico quanto para o financeiro, mas naturalmente temos que entender a formatação do grupo de uma maneira equilibrada, para que a gente possa ter um ganho tanto pela experiência quanto pela qualidade da juventude. O departamento de futebol precisa funcionar de forma integrada, funcionando em um só, ele não pode ser fragmentado em profissional, categoria de base, ele precisa funcionar em conjunto, porque essa transição é muito importante.
Dedé
Foi perguntado a André Mazzuco sobre Dedé, que não atuou durante todo 2020 e que tem contrato vigente com o Cruzeiro até o final deste ano.
– É um assunto em pauta, assim como o de outros atletas, mas eu confesso que a inda não tivemos tempo de desenvolver. Dedé é um atleta de altíssimo nível, de Seleção Brasileira, de qualidade indiscutível, mas que infelizmente sofreu as mazelas do futebol, que foram as lesões e essa dificuldade de recuperação. Mas a questão contratual, a gente precisa sentar e resolver.