As principais competições de eSports no Brasil foram imediatamente suspensas por conta da pandemia, e com elas, infelizmente, as discussões sobre a regulamentação do setor também se viram paralisadas. A denominada Frente Parlamentar em Prol dos Esportes Eletrônicos e Games (FPEG) – que ainda não foi mesmo para a frente – foi instaurada em março deste ano sem representantes da comunidade e recheada de políticos para discutir o tema, sendo capitaneada por um deputado e coronel.
Por outro lado, com a quarentena, houve um aumento exponencial de usuários de videogames durante o confinamento. Mas é claro que a categoria profissional não pode ser igualada ao mercado de jogos e seus usuários habituais, entretanto, é certo que o “novo normal” trará muito mais aspirantes a jogadores profissionais do que antes.
Mas e o Brasil nisso tudo? Aqui caminhávamos relativamente bem até certo ponto. Com a criação da Confederação Brasileira de Esportes Eletrônicos (CBEE) em 2017 e os recentes movimentos políticos para uma regulamentação, poderia se dizer que havia esperança de que o setor caminhava para um novo patamar, apesar das dificuldades estruturais clássicas para qualquer esporte.
Um aro improvisado em cima de um lugar elevado, um gol feito de chinelos de dedo ou um projeto social que traga um piscina coletiva para o bairro e ensine as crianças a nadar borboleta. Mas como remediar a necessidade de uma internet que traga boa latência, ping, velocidade de download e de upload que devem ser alinhadas com um processador minimamente bom e uma memória RAM viável para tornar possível a prática do e-sport? Esse talvez seja o maior desafio brasileiro: ele mesmo.
Tanto pela análise da Constituição Federal como pela própria Lei Pelé, os e-sports pode sim ter um status jurídico de esporte e assim permanecer em pé de igualdade com os demais. Entretanto ainda não há norma federal que determine expressamente que haja efetivamente tal equiparação, deixando uma importante prática esportiva à margem dos investimentos públicos, tornando tal conjuntura mais um fator que atrasa o Brasil na luta pela liderança no cenário.
Mas, como diria Alexandre, o Grande, “a sorte sorri aos audazes”, e mesmo sabendo que suas conquistas não levaram no curto prazo a uma carreata em cima de um caminhão dos bombeiros, muitos brasileiros se destacam internacionalmente por sua destreza, tal como FalleN, fer, TACO, Coldzera e companhia que já fizeram história pela MIBR no cenário esportivo de Counter Strike GO e merecem destaque.
Assim como os 12 mil fãs que lotaram o Allianz Parque em 2015 na final do Campeonato Brasileiro de League of Legends (LOL) e chamaram a atenção de clubes que posteriormente viriam a criar suas próprias equipes.
O cenário brasileiro cresce vertiginosamente em meio a uma tortuosa falta de estrutura que já é comum para qualquer aspirante a atleta profissional de qualquer esporte, mas com especificidades, ao mesmo tempo em que sofre a incerteza pela regulação política da categoria e espera pelo reconhecimento jurídico que lhe é de direito. E em meio a tudo isso, como de praxe, o audaz brasileiro ainda se destaca.