Chegamos ao fim dos Jogos Olímpicos de Paris, ao menos das atividades esportivas, pois essa foi mais uma edição olímpica que entrará para a história, e por diversos motivos. Por outro lado, como é sempre natural, recordes pessoais, olímpicos e mundiais foram quebrados nesses Jogos de Paris, além da primeira participação de alguns atletas, enquanto outros viveram a despedida. Mas todos puderam viver o espírito olímpico e sentir o calor da chama olímpica ao longo de cada competição.
No fim, a medalha é apenas um símbolo físico, uma representação visível e duradoura daquilo que todo atleta busca em sua carreira, que é a recompensa pelo trabalho de preparação física, mental e técnica em suas modalidades, levando-os à vitória e à glória.
Seja como a Mafê Costa, nadadora que, em sua primeira participação em olimpíadas, já colocou o Brasil na final dos 400 metros livres pela primeira vez em 76 anos, seja como a jogadora de futebol Marta, que fez agora sua última participação como atleta em olimpíadas e na seleção de sua categoria, ganhando pela terceira vez a medalha de prata. Ou até como Ana Patrícia e Duda, que reconquistaram o ouro para o Brasil no vôlei de praia após 28 anos, e Ana Sátila, que fez história participando de nada menos do que 14 provas da canoagem nos Jogos Olímpicos de Paris. Sem esquecer de Grabriel Medina, surfista que precisou lidar com um mar sem ondas em sua disputa por uma vaga na final. Mas também Carolina Marín, atleta espanhola de badminton, que se lesionou durante uma partida e a adversária chinesa usou um botton da Espanha em homenagem à adversária ao subir no pódio e receber sua medalha. Todos os atletas olímpicos buscaram um lugar na história das olimpíadas, mas certamente entraram como heróis e heroínas no coração de suas famílias e torcedores de seus países. Esse é o espírito olímpico!
Um destaque que podemos fazer sobre a participação particularmente brasileira nesses jogos é algo incrível e que os brasileiros estão bem acostumados, mas que o mundo conhece um pouco mais a cada evento internacional com a nossa participação: a inquestionável resiliência dos nossos competidores e a parceria dos torcedores. Ganhando ou perdendo, estamos lá para vibrar a cada vitória ou oferecer apoio e esperança aos derrotados. Em Paris, isso não foi diferente. Repercutiram inúmeras histórias da torcida brasileira ajudando atletas derrotados a levantarem suas cabeças no mesmo ritmo em que vibrava pelos medalhistas de bronze, prata e ouro. Além de Tamires, do handebol brasileiro, que pegou no colo uma jogadora da Angola que havia se lesionado em quadra. Esse é o calor que a chama olímpica proporciona!
A igualdade de gênero que foi vista, incentivada e comemorada do início ao fim dos Jogos de Paris é um exemplo a ser seguido em todas as futuras edições. E para entendermos este trabalho a favor da igualdade, a final da maratona foi com categoria feminina, com três mulheres negras incríveis subindo ao pódio para receber suas medalhas, fato que até a última edição era de participação unicamente masculina.
Vivemos em um tempo em que a luta contra a desigualdade ou o preconceito de qualquer natureza precisa ser incentivada e comemorada. Que todos tenhamos mais facilidade de entender a importância deste momento e desta ação nos Jogos de Paris. Por isso, a primeira olimpíada com o melhor equilíbrio em participação de homens e mulheres merece os louros da vitória e, assim, entrar para a história.
Temos mais quatro anos para nos preparar para um novo capítulo da história dos Jogos Olímpicos, enquanto inúmeros atletas buscarão um lugar para participar e conquistar medalhas em Los Angeles. Até lá!