Coritiba

OPINIÃO: Quanto tempo o Coxa deve insistir nas categorias de base?

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Foto: Divulgação/Coritiba
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O Coritiba vive no começo de abril de 2021 um dos seus melhores momentos nos últimos três anos. O Coxa não avançava para a terceira fase da Copa do Brasil desde 2018 e, na última terça-feira (06), em uma vitória emocionante contra o Operário-PR, conseguiu exatamente isso. Coma classificação, a equipe ainda recebeu a ‘bolada’ de R$1,7 milhão da CBF. A nova era que o Coxa vive – após a gestão anterior sair da frente do clube – é graças ao planejamento de um G-6 que busca sempre o melhor para o clube, seja com reestruturação do elenco, contratações de profissionais adequados, cuidado melhor de suas categorias de base e negociação com jogadores compromissados com a instituição.

Planejamento e estruturação

A vitória contra o Operário-PR na Copa do Brasil foi a clara representação do planejamento do clube para o ano. No sábado (03), o Coxa disputou contra o mesmo Operário-PR uma partida válida pela 5ª rodada do Campeonato Paranaense. Na ânsia pela continuidade das duas primeiras vitórias na competição, os torcedores esperavam que o alviverde curitibano entrasse com força máxima no jogo em Ponta Grossa mas, ao analisar o contexto, a comissão técnica optou por um time considerado “reserva” para a partida. Apenas Castán e Wellington Carvalho foram utilizados.

O Coxa iniciou a partida com cinco jogadores formados em suas categorias de base e com outros sete no banco de reservas. Apesar do empate, a ideia era ser mais um teste e preparação para os atletas que irão compor o elenco durante o ano. O duelo também serviu para mostrar que, além de viver o “jogo a jogo”, o clube – com seus profissionais capacitados – pensa a longo prazo para a temporada; o planejamento deu certo e o alviverde venceu quando precisava vencer.

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Jogadores com anos de casa

Na campanha pela eleição de presidente do clube, o atual presidente, Renato Follador deixou claro que utilizaria em maior quantidade e traria maior qualidade as categorias de base. A ideia era que o Verdão se tornasse um clube ‘formador e vendedor de talentos’. Mas, a pergunta que todos os últimos presidentes do clube se fazem é: até quando insistir em um jogador de categoria de base? Essa dúvida, quando analisada apenas de uma forma unilateral, enxergando apenas o desempenho individual do jogador em determinadas partidas, aparenta ser muito fácil de decidir: ou jogue bem ou será dispensado. Porém, nem sempre as coisas podem ser respondidas dessa maneira.

Um jogador, quando ainda em processo de construção dentro de campo, muitas das vezes não sabe nem ao certo onde atuar dentro do gramado. Ele ainda está em processo de amadurecimento e isso requer um determinado tempo. Apressar o desenvolvimento de um atleta, ou tentar utilizá-lo fora de função natural acabam prejudicando o jogador. Todavia, é preciso, também, um acompanhamento técnico desde jovem, para não queimar atletas.

Dois jogadores que subiram na gestão anterior, e que podem ser usados perfeitamente como exemplos de má utilização de garotos, foram Thiago Lopes e Yan Sasse. O primeiro, apesar de ser um jogador com mais de 10 anos de casa, tinha dificuldades em fundamentos básicos, o que mostra um sucateamento de análise nas camadas mais jovens. Por causa disso, nunca conseguiu bons momentos com a camisa do Coxa. Já o segundo foi, em muitos momentos, displicente e indisciplinados, demonstrando que faltou acompanhamento por profissionais do próprio clube, que ajudassem o atleta a entender, desde cedo, a vida de um profissional. Hoje ambos estão emprestados a outros clubes mas, se tivessem passado por um trabalho que buscasse aumentar a qualidade na base, talvez não tivessem rendimento tão abaixo no time titular.

Em muitos momentos do ano passado, Luiz Henrique, meio-campista cria da base do Coxa, foi criticado por não render o esperado. Porém, em certas circunstâncias, o jogador não era colocado em campo em uma posição que contribuiria com seu desempenho. Atualmente, com Gustavo Morínigo no comando, o jogador está sendo “escalado certo” e foi o autor do gol de mais de R$1 milhão para o Coritiba.

Obviamente que um gol em uma partida especifica não é a carta aberta para ficar 10 anos dentro do clube e viver de história, mas dará ao jogador o tempo que precisa para engrenar dentro do clube. É uma chance que Luiz Henrique sabe que recebeu e tem qualidade para crescer cada dia mais. Todavia, para isso, é preciso um acompanhamento profissional nas mais diversas áreas, desde técnicas até psicológicas, que, até neste momento, parecem estar sendo revolucionadas no Coxa, se comparadas aos exemplos da gestão anterior.

O questionamento, que fica ao analisarmos situações como essas é que, em muitos momentos, a falta de capacidade técnica de um jogador é sim um empecilho para sua alavancada dentro do clube, mas o momento técnico do clube e, principalmente, a forma que se lida com o jogador, são o que bastam para uma joia ser bem lapidada. Times como Santos, São Paulo e Flamengo, também investem 5 ou 10 anos em alguns de seus jogadores promissores, mas sempre olhando para o futuro, com base em seus rendimentos e trabalhando para auxiliar o atleta a melhor, nunca o queimando. O Coxa está, cada dia mais, se reforçando estruturalmente para conseguir bons frutos com suas categorias de base no futuro.

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