Surfe

Pedro Brasil: Da criação de conteúdo ao sucesso nas Olimpíadas

Pedro Brasil entrevistado pelo ENM. (Foto: Reprodução/Instagram)

O comentarista Pedro Brasil concedeu entrevista exclusiva ao ENM para falar sobre sua trajetória como criador de conteúdo relacionado ao esporte.

Foto: Reprodução/Instagram

Pedro Brasil, comentarista e criador de conteúdo, narra sua trajetória de sucesso nas redes sociais, que o levou a trabalhar em grandes transmissões esportivas pela WSL Brasil e nos Jogos Olímpicos e outras competições de surfe pela Cazé TV. Em entrevista exclusiva ao ENM, ele reflete sobre o crescimento do esporte no Brasil e o impacto das Olimpíadas, além de compartilhar sua paixão pelo surfe e sua gratidão pelo reconhecimento que vem recebendo dentro e fora das competições.

O profissional ganhou notoriedade como criador de conteúdo independente. Ele contou que construiu um caminho de sucesso através das redes sociais.

– Comecei como criador de conteúdo com um grupo de amigos surfistas administrando uma página no Instagram. No início, eram vídeos de nós surfando e, como eu assistia a todos os campeonatos, comecei a falar sobre isso. Recebi feedbacks (positivos) da galera que me acompanhava, e isso foi me motivando a continuar e a produzir ainda mais. Comecei a gravar vídeos sobre os campeonatos da WSL e alguns conteúdos apareceram nas redes sociais da WSL Brasil. “Cavei minha vaga” na Cazé TV, consegui contato com uma pessoa de lá e fui chamado para trabalhar (na transmissão) no ISA Games. Logo no primeiro dia, me falaram para “reservar a vaga nas Olimpíadas” pois tinham gostado do meu trabalho. No ISA conseguimos as vagas com Luana, Tainá e a do Medina. Ele precisava ganhar o evento, então foi absurdo – explicou Pedro.

O comentarista fez muito sucesso nas transmissões da Cazé TV e revelou que se sente realizado por ter participado dos eventos.

– O próprio Gabriel postou foto dizendo que tinha sido a transmissão “mais maneira” que ele tinha visto na vida. Isso deu visibilidade ao nosso trabalho. Comecei a trabalhar para empresas com surfe há três anos, apesar de já criar conteúdo independente há cinco anos. Olhar para trás e pensar que eu estaria comentando surfe nas Olimpíadas, um esporte que nem era olímpico, foi sensacional, a realização de um sonho. Estar no maior canal de entretenimento esportivo do Brasil ou até do mundo (Cazé TV) comentando no maior evento do planeta (Jogos Olímpicos Paris 2024) foi a maior realização da minha carreira – revelou Pedro Brasil.

Os Jogos Olímpicos Tóquio 2021 e Paris 2024 mudaram os rumos da história do surfe mundial. Sucesso instantâneo, a modalidade cresceu em audiência, e Pedro analisou os impactos das Olimpíadas para o esporte de pranchas.

– O surfe tem crescido bastante no Brasil desde 2014, quando o Medina foi campeão mundial pela primeira vez. A partir do momento que virou esporte olímpico, essas dimensões se tornaram ainda maiores. Quando o Italo Ferreira conquistou a primeira medalha de ouro da história do surfe (também foi a primeira medalha do Brasil nos Jogos Tóquio 2021), ganhou uma notoriedade que o esporte não tinha até então. Foi muito legal ver um cara súper humilde de Bahia Formosa, uma cidade de dez mil habitantes, ganhando. É até difícil mensurar o impacto que aquela conquista gerou para a cidade, mudou o patamar do estado e do esporte no Brasil – iniciou Pedro.

– Marcas que não se relacionavam chegando para investir no surfe. Um investimento grande do comitê olímpico na formação de atletas, tanto os que já competem em Olimpíadas, como nas categorias de base. Ryan Kainalo, Guilherme Lemos, Luara Mandelli, Alexia Monteiro, vários atletas que estao com projeção de chegar às Olimpíadas já estão recebendo o investimento com (cerca de) 15 anos de idade. Não tinha isso antes, uma estrutura aqui no Rio de Janeiro para eles poderem treinar, uma grande equipe indo junto a eles nas competições ao redor do mundo. Está acontecendo por conta da visibilidade que o surfe ganhou por ter virado esporte olímpico – revelou o comentarista.

– Não tínhamos conquistado uma medalha no feminino ainda e a Tati Weston-Webb quebrou a barreira esse ano. Ela ganhou uma grande projeção, fechou vários contratos. Medina teve aquela foto mágica e ele já era um cara muito conhecido. O surfe está crescendo de forma colossal no Brasil, os mutirões da Cazé TV (para atrair seguidores para as redes sociais dos atletas olímpicos) ajudaram muito a ter os trabalhos dos surfistas sendo recompensados, em termos de mídia e na parte monetária – completou Brasil.

O trabalho do criador de conteúdo tem sido um sucesso até mesmo entre os atletas profissionais. Pedro Brasil tem uma boa relação com muitos surfistas da WSL e se sente honrado por isso.

– Esse é o maior retorno para o meu trabalho, mais do que dinheiro, mídia, seguidor ou entrevista. O maior reconhecimento é quando algum atleta vem falar comigo, é imensurável o impacto que isso tem na minha carreira. É uma enorme gratidão poder comentar nas baterias sobre os caras que sempre assisti. Quando o Gabriel Medina comentou sobre mim, quando o Filipe Toledo me mandou mensagem, quando Alejo, Luana, Tainá vieram falar comigo, foi muito bacana. Esse é o auge – explicou.

As transmissões da Cazé TV e da WSL Brasil tem propostas e público-alvo distintos. Pedro Brasil se destaca por ser um profissional versátil na maneira de comentar as baterias de surfe.

– Os dois são divertidos. A Cazé TV foi legal porque deu uma projeção muito grande à minha carreira e na WSL é o sonho que sempre tive em trabalhar lá. A WSL tem mais formalidade e a Cazé TV é mais solta, os dois estilos são bacanas e atendem ao púbico, gosto de ambos. Acho que eles se completam. (O telespectador) no YouTube é uma galera que não conhecesse tanto o esporte, tá começando a assistir, que vem de outras modalidades. A WSL exige uma formalidade na fala, porque é um pessoal que acompanha surfe, que sabe e exige uma graduação maior do comentarista. Posso esclarecer uma dúvida sobre regra (algo mais técnico) – analisou.

A Brazilian Storm dominou o topo do ranking do Challenger Series. Seis dos dez classificados à elite da WSL representam o Brasil. Pedro Brasil explicou como este fator impacta o CT de 2025.

– Diretamente. Até matematicamente falando, quanto mais atletas brasileiros estiverem lá (no Championship Tour), mais chances de título para o Brasil. É muito legal saber que tem vários chegando, vimos 60% dos classificados no masculino vindos do Brasil, bastante significativo. Mostra muito do que nós somos. Sabemos da peneira do Qualifying Series, sobem só sete atletas de toda a América do Sul para o Challenger. Os atletas se destacam aqui e depois se destacam na elite do surfe mundial – comentou Pedro.

– Legal ver novos caras chegando, a renovação. Edgard Groggia, um cara que tem uma história de vida super bacana. Ele participou do primeiro QS em 2019 e, cinco anos depois, já está no CT. Ver o Alejo Muniz, que ficou oito anos fora da elite e esta voltando agora. Ian Gouveia ficou seis e também está voltando, Miguel e Samuel Pupo, legal demais de assistir. A expectativa é sempre a melhor possível, tratando-se de Brasil. Deivid Silva tem um backside muito forte e teremos várias etapas (com ondas) para a direita, vai ter a volta do Chumbinho, que ganhou o Wild Card, e do Filipe, assim como Italo, Yago, Medina… a seleção brasileira é muito forte. A gente é favorito para ganhar o título – disse o comentarista.

Saquarema tem caráter fundamental na temporada da WSl. Em 2024, a praia de Itaúna recebeu a etapa decisiva da divisão de acesso do surfe, uma etapa da elite e ainda uma prova da categoria Qualifying.

– É a única cidade no mundo que recebe o QS, CS e CT. Isso trás um reconhecimento para Saquarema, que faz um trabalho excepcional para o surfe. Tem o centro de treinamento Léo Neves, de onde saem muitos campeões, é legal demais acompanhar a molecada vindo de lá. A temporada do Challenger acabar em Saquarema é um baita reconhecimento para uma cidade que respira surfe. Tem sido muito bacana estar perto de um evento tão importante, que ajuda a mostrar o potencial do local conhecido como “Maracanã do surfe” – falou Pedro.

Como criador de conteúdo na internet, Pedro Brasil entende a importância e a referência que tem para a nova geração. Para finalizar a entrevista, deixou um recado ao público.

– Se você faz com amor, carinho e dedicação, surfe ou qualquer outra coisa, o sucesso vai chegar. Independente de quanto tempo demore, você vai aprender com o processo, vai tomar vários “não” mas, se for resiliente e acreditar no sonho, vai conseguir chegar em qualquer lugar. A internet abre muitas portas, hoje em dia, qualquer pessoa pode colocar a cara e falar o que pensa. Isso é bom e ruim para caramba. Uma forma boa de começar a trabalhar com o surfe é fazer um trabalho nas redes sociais, até o Cristiano Ronaldo começou com apenas um seguidor no Instagram, todos começam do zero. Por mais que pareça distante, está mais próximo do que você imagina – contou.

Perguntado sobre as mudanças no Championship Tour 2025, Pedro Brasil preferiu não responder por estar envolvido profissionalmente com a WSL.

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