A paixão pelo futebol muitas vezes transcende o campo, mobilizando a fé e a criatividade dos torcedores. Em momentos decisivos, promessas são feitas como forma de demonstrar devoção e buscar aquela “ajudinha” para o time. Conhecemos quatro torcedores que tiveram auxílio divino em 2024 para ver seus times alcançarem a glória.
Tudo pela Glória Eterna
A alvinegra Gabrielle de Souza fez uma promessa inusitada: entregar uma camisa do Botafogo com a faixa de campeão da Libertadores na sala de promessas do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo. “Comprei a camisa semana passada. Nem eu tenho, mas Nossa Senhora Aparecida vai ter”, brinca.
A decisão veio após o jogo contra o Palmeiras nas oitavas de final: “Foi um desespero, lembrando do vexame de 2023. Depois disso, começamos a eliminar grandes adversários.”
Esse desespero foi comum aos botafoguenses em 2024. Luciano Celis começou sua promessa ainda no ano anterior: se o Botafogo ganhasse o Brasileirão daquele ano, ele iria do Centro do Rio a General Severiano andando. Mas com a perda de um campeonato tido como ganho, o torcedor dobrou a aposta para o campeonato deste ano.
“Ano passado, quando a gente encaixou o time e não conquistávamos o Brasileiro há quase 30 anos, eu prometi que se fôssemos campeões, iria de General até minha casa e de casa até General. E aí aconteceu tudo aquilo, aquela forma inexplicável até hoje, o derretimento do time. Mesmo assim, prometi: se ganharmos, vou e volto quatro vezes”, contou Luciano.
Após a conquista da Libertadores, ele cumpriu os 36,4 km a pé. “Eu percebi que deu certo quando o Júnior Santos meteu aquele terceiro gol. Foi pânico até ali. No domingo de manhã, já estava cumprindo minha promessa. E sim, faria tudo de novo. Vale tudo pelo Botafogo.”
Era o título que faltava
No calor da disputa da Supercopa Rei contra o Palmeiras, Thays Silva fez uma promessa impulsiva: ficaria sem consumir álcool até seu aniversário, em troca do título para o tricolor paulista. “Foi nos pênaltis, enquanto o Piquerez se preparava para bater. Na hora do desespero, prometi também entregar uma camisa do São Paulo em Aparecida”, contou Thays.
Os oito meses de abstinência foram desafiadores, mas o alívio e o senso de dever cumprido compensaram. “Foi o último título que faltava para nós. Pelo São Paulo, faria até três promessas.”
Pela permanência
Há quem faça promessas por títulos, e há também quem apele ao sobrenatural para evitar o rebaixamento. Douglas Rodrigues, tricolor, desafiou a matemática e confiou no metafísico.
“Quando o Fluminense já tinha feito 13 jogos e conquistado apenas 6 pontos, eu vi que era o momento de apelar para o metafísico. Seria terrível rebaixar, principalmente no ano seguinte à conquista da Libertadores. Então, prometi platinar o cabelo caso o Fluminense permanecesse na Série A. Contei para o máximo de pessoas possíveis para a promessa ganhar força!”, contou Douglas.
Mesmo sem nunca ter feito uma promessa antes, ele acreditou. “Foi uma sensação enorme de alívio, de tirar um piano das costas e, ao mesmo tempo, de dever cumprido, como se eu tivesse ajudado o Fluminense a escapar do rebaixamento.”
No futebol, a fé transcende rivalidades e fronteiras. Seja por títulos ou pela sobrevivência na elite, as promessas mostram que o amor pelos clubes é capaz de unir razão e emoção em uma busca quase espiritual pela vitória. Para esses torcedores, as promessas não são apenas rituais, mas gestos de entrega e esperança, reafirmando que, no esporte mais apaixonante do mundo, até o metafísico tem seu espaço. Afinal, quem ama, acredita — seja no time ou nos Deuses do Futebol.