O goleiro Fábio comemorou 900 jogos com a camisa do Cruzeiro, nesta quinta-feira, mas o feito não poderia vir em noite mais melancólica. A Raposa foi derrotada por 2 a 1 pelo Sampaio Corrêa, no Mineirão, e reafirmou sua posição na zona de rebaixamento da Série B. Após a partida, à reportagem do “Premiere”, o ídolo do clube valorizou a marca alcançada e fez longo desabafo. Mais de uma vez, destacou que o clube está “colhendo o que plantou” nas administrações passadas.
– Eu respeito muito o torcedor, estou aqui há 16 anos, sou cobrado em todo lugar que eu vou. Respeito o que o torcedor está sentindo. O Cruzeiro faz parte da minha vida há 16 anos. Estamos colhendo o que a gente plantou. Estamos batendo nessa tecla desde o ano passado.
– Os caras acham que a gente tem a caneta, que a gente pode resolver. A gente é simples funcionário, independente de quantos jogos eu tenho, o que eu posso fazer eu Fábio. As vezes não dá certo, mas me dedico, luto, como todos tentaram hoje. Infelizmente não veio. Isso aí é uma coisa que sabíamos que ia ser difícil há muito tempo – disse o goleiro.
Fábio indicou que a crise no Cruzeiro vem sendo construída há alguns anos, mesmo naqueles em que o clube conquistou títulos. Sem citar nomes, o camisa 1 criticou os responsáveis que “caíram fora”.
– Desde janeiro sabia que a situação não era fácil em todos os aspectos. Veio a pandemia, e a gente continuou sabendo que ia se tornar mais difícil ainda depois que perdemos seis pontos. Então o torcedor está sentindo, tá querendo resultado, eu entendo, mas são coisas que plantamos lá trás, má administração. Os títulos escondem muita coisa. Está aí para todo mundo ver. Agora está estourando em quem está aqui no Cruzeiro, tentando fazer o máximo, abriu mão de um monte de coisa, que está querendo fazer com que o clube volta à Série A. Os outros que fizeram um monte de coisa errada, saíram fora. E agora a responsabilidade é nossa – continuou o camisa 1.
Fábio ainda citou a necessidade de o clube apostar em muitos jogadores com pouca rodagem e a dificuldade em montar um elenco em meio a dívidas e à impossibilidade de contratar e registrar novos atletas. O goleiro também se mostrou contrário aos protestos mais efusivos, que terminaram em depredação das dependências do Cruzeiro na última quarta-feira.
– Os meninos aí, que subiram, muitas que nunca tiveram jogos profissionais. Ninguém á escondendo, todo mundo coloca a cara, e eu estou aí, de peito aberto, querendo o melhor para o Cruzeiro.
– As situações já estão contra o Cruzeiro. Mas não adianta ficar batendo, quebrar portão, quebrar a Toca… Quem não pagou a Fifa? Quem não pagou a Fifa? Quem perdeu seis pontos? – questionou Fábio.
– Agora a gente está aqui, tentando fazer um grupo. Chega um, chega outro, o outro não pode ser escrito… Ninguém está de sacanagem, não. Todo mundo abriu mão de alguma coisa para estar aqui, os mais antigos estão aí dando o máximo. Mas estamos colhendo agora, e os outros que fizeram coisas errada estão em casa – finalizou o ídolo da Raposa.
O Cruzeiro volta a campo no próximo domingo, às 16h, em visita ao Oeste. A equipe mineira tem 11 pontos na Série B, e antes do fim da 14ª rodada, é o 18º colocado da competição.
