Por: André Zajdenweber, Carlos Mello, Lucas Dantas e Lucas Félix
Atualmente Subprocurador-Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rafael Rolim lançou sua pré-candidatura para concorrer à presidência do Fluminense no triênio 2023-2025. Dando sequência às entrevistas com os pré-candidatos, o ENM conversou com o advogado de 43 anos por telefone. Entre as promessas, a principal bandeira é da transformação em SAF (Sociedade Anônima de Futebol) para tentar atrair investidores para o clube.
Em entrevista, Rolim diz estar montando esse projeto há um ano junto com Pedro Antônio, ex-vice-presidente de Projetos Especiais na gestão Peter Siemsen e responsável pela construção do CT tricolor.
– O discurso desde o meu primeiro dia é a favor da SAF. Sempre digo que a SAF não é uma solução mágica, mas sim um instrumento para atrair investidores. O Fluminense precisa atrair investidores para combater uma dívida que chegar perto de R$ 1 bilhão – disse em trecho da entrevista.
Para registrar a chapa, porém, é necessário conseguir 200 assinaturas de sócios do clube – sem contar a modalidade sócio-futebol. A eleição ocorrerá na segunda quinzena de novembro. Além de Rafael Rolim, Ademar Arrais e Marcelo Souto também se lançaram como pré-candidatos. O atual presidente Mário Bittencourt também tentará a reeleição.
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VEJA A ENTREVISTA
ENM: Qual a sua história e relação com o Fluminense?
Rafael Rolim: Desde os meus seis anos venho da arquibancada do Fluminense, não tenho nenhuma ligação com política do clube, mas estou insatisfeito com a situação. Vejo um ciclo vicioso da venda de jovens atletas pagar dívidas. Desde a última eleição quando fui convidado para ser vice-presidência jurídico do Ricardo Tenório, passei a acompanhar mais de perto da política do clube e no último ano me envolvi em um projeto com Pedro Antonio de estudar uma forma de atrair investidores e aqui estou. Hoje, estou com este projeto para tentar atrair investidores, transformação do clube e ruptura do modelo associativo.
ENM: Voto online é um dos mais discutidos internamente. Como analisa a situação?
Rafael Rolim: O tratamento do voto online dentro do clube é uma mancha na história para a democracia tricolor. É uma grande vergonha para todos nós tricolores. Desde o primeiro momento foi sempre uma promessa de campanha do presidente. Há previsão legal para ser implementado. Desde o primeiro momento tentou evocar empecilhos, que serão operados ao longo do tempo para que não fosse aplicado no Fluminense.
ENM: Modernização das Laranjeiras está no projeto? Pretende levar jogos?
Rafael Rolim: Existe alguns projetos com relação às Laranjeiras. De alguma forma esse patrimônio do Fluminense precisa ser cuidado. Não pode ficar abandonado como está. Ele pode ser destinado a jogos de pequenos porte, como categorias de base e feminino, em que não comporte o tamanho da nossa torcida. Claro que temos interesse em revitalizar Laranjeiras, é importantíssimo. Mas é só entrando no Fluminense, fazendo um projeto de engenharia e arquitetura para tomar conhecimento do tamanho do problema.
*ENM: Qual sua opinião com relação à SAF?*
Rafael Rolim: O discurso desde o meu primeiro dia é a favor da SAF. Sempre digo que a SAF não é uma solução mágica, mas sim um instrumento para atrair investidores. O Fluminense precisa atrair investidores para combater uma dívida que chegar perto de R$ 1 bilhão. A SAF hoje é esse instrumento e defendo a adoção desse modelo desde que você tenha bons investidores justamente para fazer a ruptura do modelo associativo. Até mesmo por uma questão de transparência com a torcida do Fluminense. Ter um diálogo com os torcedores e sócios. Sou amplamente a favor da SAF.
ENM: Os valores das vendas de promessas do Fluminense chamam atenção. Como se preparar para situação ter um retorno satisfatório para o clube em relação as vendas?
Rafael Rolim: As vendas que estão sendo feitas na última gestão chamam muita atenção pelos valores irrisórios que estão sendo pagos, mas isso se passa pela situação financeira do clube. A dificuldade do Fluminense é pagar a folha salarial do mês que passou. Enquanto estiver nessa fragilidade institucional, fragilidade financeira, a gente não vai conseguir com que o atleta da base tenha um rendimento esportivo no time de cima e depois que receba uma proposta com o valor condizente. Hoje, os clubes europeus sabem que o Fluminense precisa fazer dinheiro, oferecem valor abaixo e o clube acaba se submetendo a esse tipo de transação. Fluminense ter dinheiro através de investidores por meio da SAF para impedir esse ciclo vicioso da venda de novas promessas.
ENM: Transparência é um dos assuntos comentados. Como pretende adotar?
Rafael Rolim: O que se tem hoje no Fluminense é absoluta ausência de senso crítico dentro do clube. Os poderes do clube são totalmente omissos com relação às suas atividades em sua gestão e relação à torcida é verdadeiro jogo de cena para mostrar que o Fluminense está evoluindo. Mas na verdade o Fluminense está adiando um problema, que certamente será maior lá na frente. A ideia é que se tenha auditorias, investigações e um grande portal de transparência. Algo que seja em tempo real, que a gente consiga colocar as informações para os sócios para que eles possam ter acesso e ter senso crítico. Faz parte em um governo a gente ter essa transparência e ser criticado. O presidente precisa saber que a crítica é válida desde que seja construtiva.
ENM :Investimento no futebol profissional (patrocínios, jogadores…)
Rafael Rolim: Em respeito aos atletas e a classificação para Libertadores que é muito importante para o clube, não gosto de falar em nomes, em mudanças. Há um planejamento para alteração no departamento de futebol e de certa forma fazer uma time muito forte ano que vem para Libertadores. Isso é um grande objetivo. Não adianta querer fazer uma grande reformulação, mas sem ter um futebol forte. A gente não pode pedir mais paciência ao torcedor e certamente trazer um retorno esportivo.
ENM: Fluminense tem tradição na base. Pretende aumentar ainda mais o investimento?
*Rafael Rolim:* A ideia com os investidores não para trazer jogadores, claro que você vai melhorar o plantel, porém já tem clubes de Série A investindo acima de R$ 100 milhões por ano nas categorias de base. Isso chama muita atenção neste tipo de investimento. É um foco total em Xerém para que a gente possa aperfeiçoar o trabalho desenvolvido, além do profissional e captação de atletas e, de alguma forma, trazer governança para essa captação de jovens atletas.
ENM: Sócio torcedor teve grande crescimento nos últimos meses. Tem projeto para melhorar ainda mais os números?
Rafael Rolim: A ideia do sócio-torcedor, com a mudança com a SAF, ele passa a compor o ativo da SAF. É importante que a gente tenha uma projeção para que de fato se torne um ativo financeiro do clube. Vamos remodelar o sócio-torcedor, permitindo que todas as camadas tenham acesso ao estádio.
ENM: Como tornar as partidas mais atrativas em questão de público mesmo em situação adversa?
Rafael Rolim: O que faz a torcida comparecer é time bom. A gente pode fazer o que quiser, mas o que faz o torcedor comparecer. A esperança de um futebol bom com bons resultados, isso a gente tem visto com vários clubes do país. O objetivo é ter um futebol forte, um investimento pesado, para que a gente tenha um nível de público acima de 50 mil no Maracanã. Para isso, se faz um futebol forte para ter um retorno de premiações e com ticket médio adequado trazer volume de bilheteria, que hoje ainda não tem. Temos que encontrar essa equação. Mas o grande atrativo é um futebol forte, é um time vencedor.
ENM: Tem algum projeto que melhores os números e relevância dos esportes olímpicos?
Rafael Rolim: A gente precisa entender que para fazer esporte olímpico com qualidade, a gente precisar de projetos incentivados. A gente não precisa da CND, e sim ter a CND e pagar o parcelamento que gerou a CND. E o Fluminense vai ter muita dificuldade para pagar o parcelamento fiscal que fez faltando um mês para eleição. O objetivo é um volume de caixa adequado para ter de fato a CND ao longo de todo período e de alguma forma o esporte olímpico ter um retorno financeiro.