É praticamente impossível ter passado o ano de 2024 sem ouvir o nome Rebeca Andrade. A atleta de apenas 25 anos se destacou por sua campanha nas Olimpíadas de 2024, fazendo o país parar para assistir e torcer por seus solos e conquistando o título de maior medalhista olímpica da história do Brasil.
O fenômeno Rebeca Andrade
O sucesso da ginasta paulistana não foi de repente. Nascida em 8 de maio de 1999, em Guarulhos, Andrade sempre teve o sonho de se tornar ginasta. Na infância, seu irmão andava cerca de 1 hora com Rebeca, para que ela pudesse chegar ao seu local de treinamento.
A primeira Olimpíada disputada pela atleta foi no Rio 2016, terminando em 11º no individual geral e em 8º no geral por equipes. Mas o maior destaque estava reservado para Tokyo 2020, onde a brasileira foi a primeira ginasta a conquistar uma medalha de ouro na ginástica artística, além de ser a primeira a ganhar 2 medalhas na mesma edição das Olimpíadas.
Em Tokyo, ela levou ouro no salto e prata no individual geral. O que marcou a torcida foi o solo com “Baile de Favela”, onde a atleta homenageou e exaltou a cultura brasileira.
2024: A maior atleta olímpica do Brasil
Se em Tokyo 2020 Rebeca Andrade voltou pra casa como uma das atletas mais aclamadas do país, os anos seguintes reservavam conquistas e reconhecimentos ainda maiores. Em 2024, ela se tornou a maior medalhista olímpica da história do país, além de conquistas em outras competições importantes para a ginástica.
Copa do Mundo de Ginástica Artística
O 2024 de Rebeca Andrade começou com prata na Copa do Mundo de Antayla, na Turquia. A brasileira conquistou a prata nas assimétricas, somando 14.067 pontos.
Troféu de Jesolo
Para aumentar a coleção de medalhas, a atleta ainda levou ouro nas paralelas do Troféu de Jesolo, na Itália, em abril. Com série impressionante, Rebeca Andrade cravou 14.700 na pontuação.
Ela ainda beliscou uma medalha de prata no mesmo torneio, dessa vez na final da trave. A modalidade foi marcada pela dobradinha brasileira, com Flávia Saraiva obtendo o ouro, com a pontuação de 14.500, enquanto Rebeca Andrade obteve 13.900.
Troféu Brasil
No Troféu Brasil de Ginástica Artística, a campeã olímpica e mundial conquistou mais um 1º lugar no pódio no aparelho trave, com a pontuação de 13.633.
Olimpíadas de Paris
Foi nas Olimpíadas de Paris que Rebeca Andrade se consagrou como a maior atleta olímpica da história do Brasil, chegando a marca de 6 medalhas conquistadas na competição.
A primeira foi a medalha histórica de bronze no geral por equipes, que foi conquistada, além de Rebeca Andrade, por Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Julia Soares. As brasileiras somaram 164.497 no geral por equipes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Itália.
Já no individual geral, que conta todos os aparelhos, Rebeca Andrade conquistou a prata, ficando atrás apenas da americana Simone Biles.
A disputa entre Rebeca Andrade e a consagrada Simone Biles foi acirrada em todos os aparelhos. As atletas competiram no salto, no qual Simone Biles obteve 15.766 e Rebeca Andrade 15.100; depois foi a vez das paralelas assimétricas, onde Rebeca obteve 14.666 pontos após cravar o exercício, seguida por Simone Biles, que após um erro obteve a pontuação de 13.733 pontos.
Na trave, Simone Biles levou a melhor, conseguindo a pontuação de 14.566 pontos. Após um pequeno desequilíbrio, Rebeca Andrade obteve 14.133 pontos.
Tudo foi decidido no solo, o último aparelho, onde Rebeca Andrade fez uma bela apresentação ao som de Beyoncé, mas um pequeno deslize que fez a atleta sair do tablado deu a ela a pontuação de 14.033. Simone Biles conquistou o ouro no individual geral ao cravar 15.066 pontos no solo.
Após a premiação, a atleta americana afirmou:
“Não quero mais competir com a Rebeca, estou cansada (risos). Ela fica muito próxima, nunca tive uma atleta tão próxima de mim.”, disse Simone Biles, ao lado de Rebeca Andrade.
No salto individual, a ginasta brasileira também levou a prata, executando manobras conhecidas como Cheng e Amanar. Pelo Cheng, Rebeca Andrade recebeu a pontuação de 15.100. Já no segundo movimento ela obteve 14.833, com a média dos dois sendo 14.966, o que garantiu a prata para a brasileira.
Mas o aparelho onde a brasileira mais brilhou e conquistou sua medalha de ouro e a quarta dela nos Jogos de Paris foi o solo. Com uma perfomance impecável em um número que misturou Beyoncé e Anitta, Rebeca Andrade conquistou 14.166, garantindo o primeiro título olímpico da ginástica brasileira no mais popular dos aparelhos.
Apesar do prestígio, a atleta chegou a afirmar que provavelmente não faria o solo individual nas próximas Olimpíadas, em Los Angeles 2028, e após questionamentos do público, brincou em suas redes: “Não sufoque a artista!”
Com a campanha impecável, Rebeca Andrade voltou ao país como uma verdadeira heroína nacional, sendo celebrada até mesmo no avião que pegou de volta, onde o comandante anunciou para os passageiros via rádio.
“Nós, como brasileiros, estamos muito felizes de ter a bordo a maior medalhista olímpica da história do Brasil. Que você, Rebeca, continue enchendo os brasileiros de orgulho e felicidade”, homenageou o comandante, sendo seguido por aplausos dos passageiros.
Sobre a admiração, a atleta garante:
“Pra mim, é um orgulho ser uma mulher preta e poder inspirar tantas crianças e jovens pretos, não só pra o esporte, mas pra vida. Pra eles acreditarem que são capazes.”, afirmou Rebeca Andrade em entrevista no Bola da Vez.
Em 2024, a atleta foi ainda eleita como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo pela revista britânica BBC, além de ser eleita a mulher do ano pela QG Brasil e ter ganhado o prêmio Troféu Rei Pelé pela 4ª vez consecutiva.
Ela ainda foi a personalidade brasileira mais pesquisada pelos brasileiros no Google em 2024; ano em que Rebeca Andrade escreveu seu nome na história do esporte brasileiro para sempre.