Eurocopa
Relembre como foi a última decisão da Euro em 2016 entre Portugal e França
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10 de julho de 2016. Stade de France, Saint-Denis, França. Mais de 75 mil torcedores, a maioria franceses, estavam na expectativa pelo tricampeonato europeu da seleção da casa. Aos quatro minutos do segundo tempo da prorrogação, Éder recebe de João Moutinho, briga com Koscielny pela bola e arma o chute de fora da área. Mas até chegarmos nisso, muita coisa aconteceu.
Quando a França foi anunciada como sede da Euro de 2016 , em 28 de maio de 2010, não houve muita empolgação dos torcedores. A seleção estava envelhecendo após o vice da Copa do Mundo de 2006 e, um mês mais tarde, seria eliminada ainda na fase de grupos do Mundial da África do Sul de forma vexatória.
Após a queda na Copa, Laurent Blanc assumiu a seleção e começou um processo de renovação da equipe. Novos nomes passaram a ser convocados e em 2014, já sob o comando de Didier Deschamps, alcançou as quartas de final do Mundial, realizado no Brasil. As expectativas já aumentaram e as esperanças de título europeu dois anos depois cresceram entre os torcedores.
Para a disputa da Euro, a França já chegava como grande favorita. Além de sediar a competição, havia deixado medalhões para trás e convocado uma nova geração com grandes nomes do futebol mundial, como Pogba, Lloris, Umtiti, Matuidi, Payet, Griezmann e companhia limitada.
Já Portugal, uma nação de apenas 10 milhões de habitantes, ainda se recuperava da decepção da Euro de 2004, quando tinha grande expectativa para conquistar o campeonato, mas foi derrotada em casa para a Grécia na final, e não causou tanto impacto nos torneios internacionais desde então. No entanto, a seleção tinha Cristiano Ronaldo, um dos maiores jogadores do século XXI, e se apoiava apenas no camisa 7 para conquistar vitórias nas competições que participava.
Ao redor do “gajo”, estavam jogadores que não tinham grande protagonismo em suas equipes, e a seleção portuguesa, comandada por Fernando Santos, não estava entre as favoritas sequer para chegar à final do torneio. Jogadores como Nani, Adrien Silva, William Carvalho e Cédric Soares não inspiravam grande confiança aos torcedores.
Ao longo da Euro, as duas seleções tiveram caminhos bem diferentes antes de se encontrarem. Enquanto a França liderou seu grupo com facilidade e venceu todos os adversários do mata-mata, Portugal contou mais com sorte do que com juízo para alcançar a final.
A seleção de Cristiano Ronaldo empatou todas as partidas da fase de grupos e passou como uma das melhores terceiras colocadas. Depois, encarou uma prorrogação e uma disputa de pênaltis antes de passar pelo País de Gales na semi e alcançar a partida decisiva da competição.
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Com a final definida, os torcedores franceses praticamente comemoravam o título antes mesmo do apito inicial do juiz. Afinal, a França esteve acima de qualquer outro oponente, jogava em casa, tinha Griezmann, craque e artilheiro da competição, e encararia na decisão, uma seleção que chegou ali aos trancos e barrancos. Mas a história foi completamente diferente.
Com a bola rolando, a França tentava impor seu jogo e marcar logo no começo, enquanto Portugal procurava bolas longas nas costas dos defensores. O jogo estava equilibrado, até que um lance aos sete minutos de jogo mudou o panorama da partida. Cristiano Ronaldo recebeu a bola nono meio de campo e tomou uma pancada dura de Payet no joelho. O craque foi atendido no gramado e voltou ao jogo.
A França seguiu pressionando e obrigou Rui Patrício a fazer grandes defesas. Ronaldo tentou seguir em campo, mas pediu atendimento novamente e voltou mais uma vez ao jogo. Mas os esforços do camisa 7 não foram o suficiente. Pouco tempo depois, caiu de novo no gramado e não foi mais autorizado a retornar.
Sem Cristiano Ronaldo em campo, Portugal perdeu a referência técnica e sofria para chegar à área. Mas foi aí que surgiu uma nova face do “gajo”. Ao lado de Fernando Santos, comandava seus colegas de equipe, quase como um segundo treinador à beira do campo.
Enquanto isso, a França atacava insistentemente e obrigava Rui Patrício a operar milagre atrás de milagre, sem contar as finalizações na trave. O que era uma comemoração precoce, se tornou tensão entre os franceses.
Aos 34 do segundo tempo, Fernando Santos fez uma substituição que pouca gente entendeu. Sacou Renato Sanches, um dos principais homens de meio de campo e ganhador do prêmio “Golden Boy” daquele ano, e colocou Éder, atacante que fez apenas seis gols na temporada, havia atuado por apenas 11 minutos naquela Euro e era visto como motivo de piadas por parte dos torcedores.
Final de tempo regulamentar. Prorrogação à caminho. A terceira da Seleção Portuguesa na competição.
Mas o tempo extra pareceu favorecer justamente os portugueses. A França começou a ceder à pressão e permitia com que Portugal se aproximasse do gol, principalmente nas bolas paradas. Pouco a pouco os gajos ganhavam confiança nos minutos restantes.
E aos quatro minutos do segundo tempo da prorrogação, Éder recebe de João Moutinho, briga com Koscielny pela bola e arma o chute de fora da área. A finalização é perfeita, o suficiente para tirar da trave e de Lloris. Portugal e os técnicos Fernando Santos e Cristiano Ronaldo vão à loucura. É o gol do título!
Já nos acréscimos, a zaga portuguesa afastou mal a bola e ela caiu na frente de Martial, a grande chance de empatar e levar para os pênaltis. O atacante bateu firme, ela explodiu em Pepe e saiu pela linha de fundo. Foi o alívio dos portugueses.
E só após o apito final de Mark Clattenburg, os jogadores e os 10 milhões de habitantes de Portugal puderam comemorar e tirar da garganta o grito de campeão que ficou entalado em 2004.
Naquela noite de 10 de julho de 2016, Portugal se tornou campeão Europeu, Éder passou de subestimado a ídolo, e Cristiano Ronaldo de ídolo à lenda.