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Renato enaltece trabalho feito no Grêmio, mas não garante permanência para 2024: ‘Não penso nisso ainda’

Renato revela detalhes deste último ano cheio de surpresas pelo Grêmio

Foto: Divulgação/Grêmio

Há um pouco mais de um ano atrás, o Grêmio tinha Roger Machado como técnico e encontrava problemas na Série B, mas no dia 1 de setembro de 2022 um grande personagem retornava. Nesta última sexta (1), Renato completou um ano de Grêmio, onde ele trouxe o tricolor gaúcho de volta para a elite e até agora faz um Brasileirão excepcional.

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Para enaltecer esta marca de um ano e a temporada que o Grêmio tem feito, Renato concedeu uma entrevista para o GE, onde falou sobre as dificuldades do trabalho, tudo que se passou neste último ano, relação com Suárez e seu futuro com o tricolor gaúcho.

A mudança de figura passa, claro, por Renato Portaluppi. Em um ano, são 56 jogos no comando do Grêmio, 32 vitórias, 13 empates e 11 derrotas, um aproveitamento de 64,28%. Dois desses jogos foram com o auxiliar Alexandre Mendes na beira do campo.

“Criticar o Renato é mole, eu quero ver ser o Renato.”

Renato em entrevista para o GE.

– O trabalho é excepcional. Se o cara enxerga isso, ótimo. Se o cara não quer enxergar isso, ou ele é mal-intencionado ou é burro. Os números estão aí. Entenda quem queira. Se o cara não quer ver isso, o que a gente vai fazer? Estamos apagando incêndio – rebateu Renato na entrevista.

Após cumprir seu objetivo de colocar o Grêmio na Série A novamente, Renato não era certeza para a atual temporada, entretanto permaneceu e hoje é um dos grandes responsáveis pela montagem do elenco, pelo hexacampeonato gaúcho e por uma provável vaga na Libertadores no fim de ano.

Uma das grandes histórias deste último ano de Renato no Grêmio foi a novela Suárez. O treinador teve lidar com algo novo que foi ter um jogador que tivesse um status imenso e em certos momentos aparentasse estar querendo deixar o clube.

– Eu conversava muito com o Guerra e muito com o Suárez. Eu estava a par das coisas e tentei conciliar. Por isso eu falava “espero que se entendam”. Porque eu ouvia um lado, o outro e tentava contornar as coisas. Segurava um pouco aqui, um pouco ali e ia fechando para os caras se entenderem. Lógico que a palavra final é sempre do presidente e do jogador – contou o comandante.

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O que tem sido diferente nessa atual passagem? São números e recordes cada mais difíceis de serem alcançados. Como está sendo sua quarta passagem no Grêmio?

Está sendo de um proveito muito grande. Primeiro, feliz por sempre quebrar recordes. Os números não mentem. Hoje faz um ano de ter pego o clube em uma situação muito delicada. Quando eu cheguei, estava feia a coisa. Conseguimos subir. Aí vai somando os problemas financeiros graves, praticamente mudamos 50 ou 60% do grupo. Muitos não acreditavam, mas ganhamos o estadual. De onde viemos, com todas mudanças, esse título foi muito bom pra gente, deu uma moral. Jogamos dois Gre-Nais e conseguimos ganhar. O Inter vinha de uma base pronta. Essa mudança toda de grupo e chegamos em uma semifinal de Copa do Brasil e estamos em terceiro do Brasileiro. Reestruturando o clube em todos sentidos. Fico muito feliz de ter esses números maravilhosos em cima de todos esses problemas.

Basicamente eu reinventei o time três vezes. Mudar o esquema de jogo de um time numa pré-temporada, ter tempo para treinar, é uma coisa. No meio do tiroteio… Isso é um fator muito positivo, porque foi em dois ou três dias para treinar e o time assimilou bem. Nesse último esquema, que ninguém acreditava que jogaríamos daquela forma, nós ganhamos do Cruzeiro jogando bem. Hoje somos terceiro colocado. Então acho que o trabalho tem sido maravilhoso em todos sentidos.

Foi mais difícil do que você imaginava quando aceitou voltar?

Sim. Na minha chegada ano passado encontrei um clima, umas situações, que eu fiquei preocupado se o Grêmio ia subir. E o Grêmio já estava no G-4. Mas estava difícil a coisa. Por isso eu falei “nós vamos sofrer, mas vamos subir”. Porque eu sabia dos problemas que estávamos enfrentando no dia a dia, sabia o que eu ia enfrentar. Nós vamos subir, mas vamos sofrer.

Se pegar os times que subiram, o Grêmio tem, disparado, a melhor campanha no Brasileiro.

Sem SAF e sem dinheiro. Mas faz parte. Por isso que eu digo que o trabalho é excepcional. Ir no mercado com dinheiro é mole. Quero ver entrar no campeonato só pagando conta – e toma pagar conta! E dar resultados que estamos dando. O trabalho é excepcional. Se o cara enxerga isso, ótimo. Se o cara não quer enxergar isso, ou ele é mal-intencionado ou é burro. Os números estão aí. Entenda quem queira. Se o cara não quer ver isso, o que a gente vai fazer? Estamos apagando incêndio para ano que vem, sim, colocar no mínimo na Libertadores, vai ter mais dinheiro, menos contas a serem pagas e formar um grupo ainda mais forte para brigar com os grandes por Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, de igual para igual.

Qual foi o teu maior desafio? Subir, a reestruturação…

Tudo. Subir, por estar sendo muito pressionado, com um monte de problemas que encontrei, e tínhamos que subir de qualquer jeito. E esse ano a reestruturação em todos sentidos, financeiros. Tanto que baixamos a folha de pagamento em R$ 4 milhões mais ou menos e o Grêmio é terceiro colocado do Brasileiro.

Isso em relação ao ano passado?

Baixamos a folha na base de R$ 4 milhões em relação ao ano passado de um grupo de Série B. E hoje o Grêmio é terceiro colocado, depois de ter chegando na semifinal de Copa do Brasil. Não é fácil. Hoje, com todas dificuldades, isso é um prêmio. É difícil de acreditar em tudo que conseguimos. Temos o presidente que tem a cabeça no lugar, temos o Luis Vagner que é muito bom, e no futebol eu e o Antônio vamos tocando. Apesar de estarmos bem no Brasileiro, a gente não pode contratar, contratar que eu digo é fortalecer ainda mais o grupo, porque estamos falando das contas do ano passado. Esse ano, até dezembro, vamos pagar muitas contas. E mesmo assim o Grêmio está bem.

Algum desses problemas pode ser usado como exemplo que você teve que encarar?

O maior problema do Grêmio é que a folha era muito alta para um elenco de segunda divisão. Jogadores ganhando muito além do que deveriam. E sofrer do jeito que o Grêmio estava sofrendo no ano passado. O Grêmio está em terceiro lugar do Brasileiro e baixamos a folha em R$ 4 milhões. Esse era um problema muito sério. Foram 12 ou 13 jogadores embora. E achar um esquema de jogo em pouco tempo. Eu tinha: “vou armar um esquema para o estadual”, onde nos demos bem. Quando todos achavam que eu entraria com o esquema do Brasileiro, mudamos para três zagueiros, agora três volantes. As coisas tem dado certo.

“Lógico, ainda pensamos em título, enquanto tiver chance matemática. Já vi muita coisa no futebol. Nós vamos brigar pelo título. Se não der, pelo menos uma vaga na Libertadores.”

Se falou que talvez essa passagem do Renato no Grêmio seja a mais madura. Você sente isso?

Acho que o passar do tempo vai me dando mais experiência. Isso chega para todo mundo. Lógico que quanto mais maduro a pessoa estiver, menos erros, teoricamente, ela vai cometer. Mas na minha situação tem que se colocar no meu lugar, não é nada fácil a cobrança que tem, o tamanho que é esse clube, vamos aprendendo. A gente aprende, faz parte. Vamos ficando mais experientes. Mas não é fácil. Eu costumo a falar o seguinte: criticar o Renato é mole, eu quero ver ser o Renato. Na boa. Na maior humildade. Criticar é mole, atira aqui, fala. Eu quero ver ser o Renato no dia a dia. E dar resultado. Em todas passagens no Grêmio eu dei resultado. Os números estão aí.

Qual a maior dificuldade em ser o Renato hoje em dia? Pensar em 200 coisas ao mesmo tempo?

Eu diria que 200 mil coisas. Porque eu chego aqui três horas antes do treino, eu circulo o clube todo, conheço como a palma da minha mão. Converso com os profissionais de todos departamentos, se eu vejo algo errado eu corrijo, e faço a coisa andar, porque o treinador para ter o controle tem que entender das coisas e eu entro em qualquer departamento aqui porque conheço as funções de todo mundo. Porque se um departamento não andar, vai sempre estourar no campo, estourando no campo, estoura no treinador. Então seria fácil eu chegar aqui uma hora antes do treino e fazer a minha parte. Mas eu me preocupo com os outros departamentos também. Por isso eu falo que criticar o Renato é mole, quero ver ser o Renato.

Conduzir o episódio do Suárez, se ele ficaria ou não, foi um desses desafios?

Para mim foi muito fácil. Eu conversava muito com o Guerra e muito com o Suárez. Eu estava a par das duas coisas e tentei conciliar. Por isso eu falava “espero que se entendam”. Porque eu ouvia um lado, ouvia o outro, e tentava contornar. Segurava um pouco aqui, um pouco ali, e ia fechando para os caras se entenderem. Lógico que a palavra final é sempre do presidente junto com o jogador, mas em todos momentos eu escutava os dois lados. Eu fui jogador, sei como o jogador pensa, e conheço o Guerra, conheço ele há muitos anos, sei como o clube pensa. Para mim era fácil falar e dar o prazo até dia 2, porque eu sabia que iriam se acertar. Mas se não se acertassem, bem, aí estava na minha mão. Mas eu sabia que iam se acertar, lógico que a palavra final era do Guerra e do jogador.

Essa mediação era evitar a saída?

Lógico. Era tentar evitar a saída. E evitamos. Um jogador importante para nós, para o clube. Mas o mais importante de tudo. Eu queria que ele ficasse, mas ficasse feliz, e foi o que aconteceu. Isso era fundamental. Não adianta ficar com o jogador infeliz, ele não vai render assim. Mas se acertaram de uma maneira que ficou bom para o clube, bom para ele e todos os lados saíram satisfeitos.

Você e o Suárez continuam se entendendo?

Desde que ele chegou, sem problema algum. Uma conversa de alto nível. Eu falo: os craques não dão problema. Às vezes até podem dar um ali ou aqui, mas vai dar mais problema para o adversário no final de semana. Problema é quando tem um ou outro que se acha craque, aí que estão os problemas.

Houve um encontro da diretoria com influenciadores nesta semana. Desde então, circula uma versão sobre possível permanência do Suárez em 2024. Isso é uma possibilidade?

Não, não tem possibilidade. Ele vai embora. Não adianta ficar iludindo. Comigo é olho no olho. Ele não vai ficar. Não que nós não quiséssemos. Foi uma decisão para ele seguir a vida dele, pq realmente no Brasil se joga a cada três dias, é diferente. Se ele quer jogar mais um pouco, não pode jogar aqui, tem que jogar uma vez a cada dez dias, uma vez a cada 15 dias. Ele não iria aguentar. Não adianta ficar iludindo, ele não vai ficar.

E o Renato? Pensa em ficar em 2024?

Nem parei para pensar nisso. O Suárez já pensou, eu ainda não. O que eu quero é brigar pelo título, levar o Grêmio a uma Libertadores. Não gosto de falar sobre o contrato porque não sei o que vai acontecer. É dar segurança no trabalho buscando esse números e buscar nossos objetivos.

Por sinal, nunca ouvi você falando disso. Até quando o Renato vai aguentar trabalhar? Tem plano de vida?

Se eu não tivesse minha filha, talvez pararia em breve, mas como ela é uma máquina de gastar dinheiro… (risos) Aí vou ter que estender um pouco mais a carreira. Lógico que eu gosto muito de trabalhar, eu entendo. Mas chega uma hora que tem que dar um basta. Como treinador eu sou novo. Eu já tinha pensado antes em parar, mas eu tenho que parar antes a minha filha. Aí depois eu paro.

Sonho da seleção brasileira ainda está vivo em você antes de parar?

Isso está sempre vivo na minha cabeça. Eu sempre falo. O treinador que se garante tem que pensar em seleção brasileira. O jogador que se garante tem que pensar em seleção brasileira. É o auge. Se vai acontecer ou não é outro departamento. Meus números estão aí. O que tem que fazer nos clubes eu faço. Se vai haver uma oportunidade, ok. Se não vier tudo bem, vamos seguir trabalhando sem problema algum. Mas nunca vou deixar de pensar em seleção brasileira. Jamais.

Agradou a escolha do Fernando Diniz e essa condução do treinador da Seleção?

É um assunto meio polêmico. É uma decisão da CBF. Não estou falando do Ancelotti, que é um p* de um técnico, alto nível. Só que eu acho que no Brasil temos grandes técnicos também. O Brasil é o país que mais ganhou Copa do Mundo. O que eu acho errado é o Brasil esperar tanto tempo o Ancelotti. Aí eu não concordo. Não concordo porque tem várias perguntas a serem feitas. Por exemplo. Vai esperar um ano, o que vai ser feito nesse um ano? O Diniz assumiu. Não quero saber se vai dar certo ou não, nem é problema meu. Mas se der certo ou errado, chega o Ancelotti. E se não der certo com ele? Vai mandar embora? Aí perdemos praticamente dois anos.

Entende o que eu estou falando? Ele pode chegar e dar certo, ok. Mas e se der errado? Vai ter que dar um prazo para ele, um ano, sei lá. Aí daqui a pouco não deu certo e estamos a um ano da Copa do Mundo. Brasil não é um país que nunca ganhou Copa. Brasil é respeitado no mundo todo para estar esperando um técnico. Essa é a minha opinião. Acho errado esperar tanto tempo por um técnico. Não se trata de um país que de vez em quando ganha Copa do Mundo, ou nunca ganhou. O Brasil é o maior vencedor de Copa do Mundo.

Na Copa do Brasil, você sente que daria para competir um pouco mais, principalmente pelo jogo daqui, na Arena?

Não mudaria nada nosso esquema de jogo. O Flamengo jogou a melhor partida do ano. E nós naquela noite não estivemos tão bem. O Flamengo jogou tudo que poderia e sabe. Eu tenho acompanhado o Flamengo em todos os jogos e não jogou nem a metade do que jogou contra a gente. Mas, naquela noite o Flamengo jogou tudo e nós não jogamos tão bem. Levou uma p* de uma vantagem. No Rio jogamos melhores, de igual para igual, perdemos de 1 a 0, mas foi outro jogo. Jogamos para 70 mil pessoas. Problema é que o Flamengo fez o resultado aqui, por isso falei que era muito difícil reverter.

Mas de modo geral pode falar que está satisfeito com a campanha do Grêmio até aqui?

Muito satisfeito. Lógico que eu quero ganhar, o torcedor quer ganhar, mas tem que olhar para o outro lado. O Flamengo também quer ganhar e é um clube que contrata, a folha de pagamento é quatro vezes maior que a nossa. É alta para na hora do vamos ver, ganharem. Tanto que estão na final. Na hora do vamos ver tem que colocar na balança o que foi gasto e o que pode ser cobrado. A gente também quer ganhar, mas do outro lado pegamos um clube que tem. O Grêmio não tem. Tem que viver a realidade. O Grêmio trouxe o Suárez e quem paga são os patrocinadores. Flamengo não precisa disso. Muito pelo contrário. Buscam jogadores do jeito que querem, como se fosse comprar um quilo de arroz. É outro patamar né. Aí na hora do vamos ver, vai medir forças.

Essa postura do Grêmio de jogar para frente é algo que você gosta e vem de anos. Eventualmente, correr riscos é um efeito colateral disso?

Sim. Qual time que não corre riscos? Um time que joga retrancado corre risco, mas está muito mais longe da vitória. Eu vou correr meus riscos e os números estão aí, não mentem. A gente corre risco, mas a gente ganha. Vê aí quantos gols o Grêmio fez. Ah o Grêmio toma pouquíssimos gols, mas está em 12º, porque o ataque não faz gol. Quem corre risco está sujeito a tomar gol, mas meu time sabe jogar, joga para frente, até pela grandeza do clube. Esse negócio de ser retranqueiro não é comigo.

Sempre foi uma constatação que você não fala muito sobre tática nas entrevistas. É uma estratégia sua?

Para mim é muito fácil chegar e falar sobre tática. Estou dando armas ao meu adversário, para quê? A minha parte tática é com meu grupo. Tenho que ensinar o meu grupo a se comportar taticamente. Aí eu estou fazendo o trabalho da imprensa. Tem treinador que gosta de falar da parte tática, que fale. Tem treinador que fala bonito, fala bonito. Eu tenho que explicar para o meu time o que tem que ser feito taticamente. Ponto. É esse meu trabalho. E gerenciar o vestiário. Acabou. Quem é o treinador que inventa tantos esquemas sem ter tempo para trabalhar e que dê certo? Meus últimos meses estão aí. Três esquemas.

Atualmente, você é único treinador brasileiro no G-4. Isso significa algo para o futebol brasileiro?

Sim, muito. Para os nossos treinadores brasileiros. Tem uma geração de treinadores como Felipão, eu, Mano Menezes, Cuca, Luxemburgo. Venho de uma geração em que a gente tem uma concepção de trabalho. Aí a gente está vendo muitos estrangeiros entrando aqui no Brasil. Por que estão tirando o espaço dos nossos treinadores? Cada treinador tem sua consciência e tem que colocar à prova o porquê disso. Eu sou contra, e ao mesmo tempo a favor, de muitos treinadores copiarem só o que os europeus fazem. Eu copio as coisas da Europa. Aquilo que me serve. Eu não copio tudo. Tanto que muitas vezes eu explico para o meu grupo, isso é feito lá fora, isso muitos treinadores fazem e eu não concordo, não faço de jeito nenhum. Por isso minha parte tática é totalmente diferente.

Coisas boas eu posso copiar. E eu vejo muitas coisas ruins, não são poucas. Muitas coisas ruins que o treinador brasileiro copia do europeu e não dá certo aqui no Brasil. Aí o treinador não pode olhar e só copiar. Não é porque é da Europa que é certo, tanto que o Brasil é o país que mais tem Copa do Mundo. Então às vezes o brasileiro quer só copiar o europeu e tem muitas coisas erradas que o meu time se aproveita dessas coisas erradas, e também coisas que os estrangeiros fazem e que eu me aproveito, na parte tática, que eu não concordo. Mas isso é um papo que tenho que ter com meu grupo. Tanto é que eu falo no vídeo: “isso aqui a gente não pode fazer de jeito nenhum, olha a brecha que deixa”. Mas o treinador brasileiro quer só copiar os caras da Europa. Eu vou pela minha cabeça.

Como o Renato busca essa conhecimento, busca aprender mais?

Eu joguei em alto nível. Eu assisto todos jogos. Futebol brasileiro, estrangeiros, Série A, Série B. Eu tenho as minhas ideias, minhas concepções. Eu vejo os jogos de fora e vejo muita coisa da Europa que eu não concordo e que eu jamais vou colocar no meu grupo, na preleção ou parte tática. Eu mostro para o meu grupo o que está errado. Só que eu mostro que está errado e aponto o que está errado. Eu mostrou pra eles onde está errado. Eu vou pela minha cabeça. Aí o cara fala assim: “ah Renato, mas e a parte tática”. Bom, essas mudanças táticas do meu time, três esquemas sem ter tempo para trabalhar, terceiro colocado do Brasileiro, espero que essa voz do além continue me iluminando, continue dizendo pra mim “faz isso, faz aquilo”.

O que falta para o Renato aqui no Grêmio? Vai querer ser presidente? (risos)

Ser presidente? Você está maluco, aí que eu estou f* mesmo (risos). Presidente não ganha nada, aí eu quebro. Não, não. Na hora que eu parar vou curtir minha família, curtir minha praia, na hora que eu decidir parar, vou parar mesmo.

E o que falta como técnico? Parece que você nasceu para o Grêmio.

Deu liga. Não só eu, mas minha família toda é gremista. Me sinto em casa aqui, tenho o carinho do torcedor, como treinador, como jogador. Mas lógico que pelos meus resultados também, primeiro como jogador e agora como treinador. Não adianta ser ídolo do clube, mas ganhou um título, dois, nenhum. Eu como jogador e como treinador ajudei bastante o clube. Muito. Por isso tenho todo esse carinho do torcedor. O que me falta? Bem, enquanto eu estiver trabalhando aqui no Grêmio, quero ganhar títulos. Trabalho para isso.

Mas esses teus objetivos como treinador não necessariamente só aqui no Grêmio?

Não. Hoje falo aqui no Grêmio. Amanhã ou depois posso estar em outro lugar. Também não parei para pensar nisso. Minha cabeça está aqui até dezembro, a partir do ano que vem não sei o que vai acontecer.

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