Nesta quinta-feira (29), o Rei Pelé morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos, de acordo com o boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, onde estava internado em São Paulo.
O Palmeiras das décadas de 50, 60 e 70 foi um dos grandes adversários do Santos de Pelé, e um dos únicos esquadrões que conseguia parar um dos times mais incríveis já vistos no futebol. Ao todo, foram 57 jogos entre Palmeiras e o Santos de Pelé, com 17 vitórias palestrinas, 28 vitórias santistas e 12 empates. O Rei do futebol anotou 33 gols no período.
Mas a relação entre Pelé e Palmeiras, começou antes mesmo do ainda menino Edson Arantes do Nascimento usar as cores do alvinegro praiano.
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O atacante Waldemar de Brito, que atuou pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1934 e pelo Palmeiras entre 1945 e 1946, foi quem descobriu o talento do camisa 10, e o levou do Bauru Atlético Clube para o Santos, em 1956.
Já pelo clube da Vila Belmiro, Pelé recebeu conselhos do experiente Jair, meia que defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1950 e um dos heróis do título mundial do Palmeiras de 1951, onde ficou até 1954, quando foi defender a equipe santista.
– O Jair era um professor para todos nós e ensinava muita coisa ao Pelé – disse o ídolo santista Pepe.
O primeiro encontro entre Pelé e Palmeiras ocorreu em 1957. O jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo foi disputado no Pacaembu, onde o Santos venceu por 3 a 0, com dois gols de Pelé. 17 anos mais tarde, foi quando os times se enfrentaram pela última vez, também no Pacaembu, em jogo pelo Campeonato Paulista que acabou empatado sem gols.
No meio dessa trajetória, aconteceram jogos inesquecíveis, como a vitória do Santos por 7 a 6 contra o Palmeiras, novamente no Pacaembu, pelo Torneio Rio-São Paulo, no primeiro e único confronto entre dois rivais estaduais teve 13 gols.
O Palmeiras saiu derrotado por 5 a 2 ainda no intervalo, mas conseguiu virar para 6 a 5, porém, não resistiu ao time santista e amargurou o revés.
– Muitos dizem que foi o jogo do século. Houve tanta emoção que alguns torcedores morreram do coração – lembra-se Mazzola, autor de dois tentos alviverdes naquela noite.
Os dois clubes, por mais que tenham dominado o futebol brasileiro na década de 60 com inúmeros títulos, só se enfrentaram, de fato, em uma final enquanto Pelé esteve no clube. Foi em 1959, pelo Supercampeonato Paulista, torneio apelidado por conta do grande nível técnico dos times que participaram do torneio e pela necessidade de ser realizada uma sequência de melhor em três jogos para definir o campeão. O Palmeiras acabou com a seca de títulos que perdurava há oito anos, desde o Mundial de 1951.
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Na competição que também foi disputada em pontos corridos, os times terminaram empatados na primeira posição e precisaram se enfrentar em três partidas extras. Nos dois primeiros, empates e, no terceiro e decisivo duelo, o Verdão conquistou o título ao derrotar o Santos de Pelé por 2 a 1. Pelé, inclusive, foi quem abriu o placar, mas Julinho e Romeiro viraram o jogo para o time alviverde.
Esta conquista em 1959, impediu um feito histórico do Santos, já que o clube havia vencido o Paulistão de 1958 e também venceu os posteriores, em 1960, 1961 e 1962, e chegaria a cinco estaduais seguidos, feito que jamais aconteceu até os tempos atuais.
Entre 1958 e 1969, o Santos só não foi campeão paulista em três oportunidades: 1959, 1963 e 1966, anos em que o próprio Palmeiras ficou com o troféu. Foi pelo Palmeiras também que o Santos teve uma de suas piores derrotas da “Era Pelé”, quando o time paulistano aplicou 5 a 0 no time do litoral, em São Paulo.
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Além da realeza em campo, o confronto também teve ela fora dos gramados. Em 1962, Santos e Palmeiras organizaram um amistoso para homenagear a visita do príncipe britânico Phillip, marido da então Rainha Elizabeth. O jogo, que aconteceu no Pacaembu, terminou com vitória do Santos por 5 a 3, com dois gols de Pelé.
Em 1967 o feito se repetiu, mas com o príncipe Bertil da Suécia, que também visitou o Pacaembu para assistir ao confronto que ocorreria pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, e a vitória por 2 a 1 do Palmeiras, com dois gols de César Maluco.
O Palmeiras também fez parte da vida de Pelé nas telas de cinema, quando o primeiro filme em homenagem ao Rei, foi lançado, em 1962. O ator que interpretou Pelé ainda adolescente, Luís Carlos Feijão, atuou nas categorias de base do Palmeiras e chegou a ser jogador profissional. Depois que pendurou as chuteiras, Feijão virou despachante. Ele faleceu em 2011, aos 64 anos.
O clube paulistano também prestou uma homenagem ao Pelé, após o Rei chegar à contagem de 1000 gols na carreira. Isso porque no jogo seguinte ao número histórico, Santos e Botafogo se enfrentaram no Parque Antarctica, casa do Palmeiras. Através do diretor de futebol José Gimenez Lopes e os atletas Leão, Baldochi e Cabralzinho, o clube entregou placa de prata pelos 1000 gols foi recebida antes da partida começar.