Os velejadores brasileiros Robert Scheidt, Gabriel Kieling e Pedro Trouche participaram, neste domingo (26), de uma navegação com o Vela Latina, utilizando barcos antigos criados pela população das Ilhas Canárias para regatas e travessias no passado.
O bicampeão olímpico assumiu o comando do veleiro Disa que, juntamente com o barco Minerva Idamar, foram os mais rápidos do dia.
Mas o que mais chamou atenção foi a experiência em um veleiro um tanto quanto diferente para os padrões atuais.
A Vela Latina Canária é uma modalidade náutica originária do Arquipélago das Canárias, com uma forte tradição, especialmente nas ilhas de Gran Canaria e Lanzarote.
Os botes são constituídos por uma vela de três pontas e evidenciam a grande desproporção que existe entre o casco e o seu tamanho.
”Os barcos locais são feitos de madeira, desde o casco ao mastro. É um veleiro folclórico aqui, como a jangada no nordeste brasileiro. Foi uma aula pra gente, nunca tinha subido num barco deste tipo. Ficamos duas horas na água, foi uma bela experiência”, disse Robert Scheidt.
Os barcos eram usados para pequenas transações comerciais marítimas, chamadas pelos canários de cambullón – venha comprar.
Os locais costumavam fazer competições entre si para ver quem conseguia fazer o maior número de viagens.
A velejada no dia de folga da SSL Gold Cup, que antecedeu às quartas-de-final, contou com atletas de Noruega, Portugal, Suíça e Argentina, além dos espanhóis que correm em casa.
”Foi bem legal participar dessa regatinha, um barco bem diferente e técnico, são várias formas de fazer esse veleiro andar”, contou Gabriel Kieling.
Os modelos do Vela Latina remetem ao passado de Gran Canárias, que sedia as finais da SSL Gold Cup. São barcos de 70 m2 só com uma escota e sem mordedor. Na Copa do Mundo da vela, as equipes têm veleiros da classe SSL47 rigorosamente iguais.
”É um barco que só faz contra-vento, não anda de popa. Foi legal aprender e ter essa brincadeira divertida antes da ação retomar”, explicou Pedro Trouche do SSL Team Brasil.
Os confrontos de quartas-de-final da SSL Gold Cup, a Copa do Mundo da Vela, foram definidos nas Gran Canárias, na Espanha. As 16 melhores equipes se enfrentam a partir desta segunda-feira (27) em quatro regatas para definir os semifinalistas.
A Seleção Brasileira de Vela, comandada por Robert Scheidt e Martine Grael, enfrentará Portugal, que saiu em primeiro de seu grupo nas oitavas, e Austrália e Nova Zelândia, nações que entram nesta fase.
Os brasileiros superaram Tahiti e Polônia na fase de classificação e junto com a Lituânia – líder isolada – avançaram às quartas após duelos decisivos na raia das Ilhas Canárias.
O Grupo 1 das quartas tem Grã-Bretanha, Dinamarca, Malásia e França. No 2 estão Alemanha, Holanda, Chile e Hungria.
O Brasil está no grupo 3 contra os já citados Portugal, Austrália e Nova Zelândia. E na chave 4 competem entre si Itália, Espanha, Suíça e Lituânia.
As quartas-de-final terão o mesmo formato das eliminatórias, ou seja, quatro barcos se enfrentando em quatro regatas, sendo que a última vale peso dobrado. Os dois que somarem mais pontos seguem na SSL Gold Cup.
Com semelhança das principais Copas do Mundo em outros esportes, a SSL Gold Cup é um evento de igualdade de oportunidades com barcos SSL47. O barco brasileiro ganhou em 2022 o patrocínio da Sertrading, uma das maiores empresas de comércio exterior do país, e da Subsea 7 S.A., que apoiam o time. Além da marca de mochilas e equipamentos para atividades outdoor Allcatrazes.
A união entre Sertrading e Subsea 7 S.A com a Seleção Brasileira de Vela foi idealizada por Bruno Prada, companheiro de Robert Scheidt nas medalhas de Pequim 2008 e Londres 2012, e CEO do barco brasileiro.
Sobre a SSL Gold Cup:
A SSL Gold Cup reúne desde seu início 56 nações entre os membros da World Sailing para coroar a melhor nação da vela a cada dois anos. Em um esporte mecânico em que a corrida pela tecnologia pode atrapalhar a corrida pela glória, a SSL busca uma competição igualitária, em que o talento dos velejadores está na vanguarda, e os campeões se tornam heróis inspiradores de novas gerações. A SSL é um evento especial da World Sailing desde 2017.
Como na Copa do Mundo de futebol, as primeiras rodadas de qualificação selecionam os times que avançam para as fases eliminatórias. Todas as regatas são disputadas com flotilhas de quatro barcos em cada, até as quartas de final. As equipes serão colocadas em chaves, com os oito primeiros colocados garantidos nas quartas-de-final.
Duas flotilhas de quatro competem nas quartas-de-final para selecionar as quatro equipes que participam da única regata da Grande Final. O vencedor da Grande Final será coroado como a Melhor Nação da Vela. A SSL criou um formato inovador. E os fogos de artifício ao final do evento prometem dar um desfecho dramático para esta incrível