A Superliga Europeia foi oficialmente lançada na noite desde domingo (18) através de nota oficial divulgada pelos organizadores e pelos clubes fundadores.
Florentino Pérez, presidente do Real Madrid (com mantado renovado para até 2025), foi eleito presidente da Superliga Europeia. Joel Glazer e Agnelli foram escolhidos como vice-presidentes. Serão 20 clubes no total, com 15 membros fixos.
Desde a divulgação das primeiras informações envolvendo esta liga, a UEFA e a FIFA demonstraram reprovação diante desta situação. Porém, desde então, a FIFA não está mantendo as mesmas ameaças que fez em janeiro, quando havia proibido a criação de uma competição continental paralela. Há uma previsão de uma competição feminina também ser anunciada nos próximos dias.
Confira abaixo parte do comunicado oficial da Superliga
“Muitos dos principais clubes de futebol da Europa reuniram-se hoje para anunciar que concordaram em estabelecer uma nova competição no meio da semana, a Super League, governada por seus clubes fundadores.
AC Milan, Arsenal FC, Atlético de Madrid, Chelsea FC, FC Barcelona, FC Internazionale Milano, Juventus FC, Liverpool FC, Manchester City, Manchester United, Real Madrid CF e Tottenham Hotspur entraram todos como Clubes Fundadores Prevê-se que mais três clubes se juntem antes da época inaugural, que se pretende começar assim que possível.
A formação da Super League chega em um momento em que a pandemia global acelerou a instabilidade no modelo econômico do futebol europeu existente. Nos últimos meses, houve um amplo diálogo com as partes interessadas do futebol sobre o futuro formato das competições europeias.
Os clubes fundadores acreditam que as soluções propostas após essas negociações não resolvem questões fundamentais, incluindo a necessidade de fornecer jogos de maior qualidade e recursos financeiros adicionais para a pirâmide do futebol em geral.”
Outros depoimentos oficiais
Florentino Pérez, presidente do Real Madrid CF e primeiro presidente da Super League, afirmou: “Vamos ajudar o futebol a todos os níveis e levá-lo ao seu devido lugar no mundo. O futebol é o único esporte global no mundo com mais de quatro bilhões de fãs e nossa responsabilidade como grandes clubes é responder aos seus desejos.”
Andrea Agnelli, presidente da Juventus e vice-presidente da Super League disse: “Nossos 12 clubes fundadores representam bilhões de fãs em todo o mundo e 99 troféus europeus. Reunimo-nos neste momento crítico, permitindo a transformação da competição europeia, colocando o jogo que amamos numa base sustentável para o futuro, aumentando substancialmente a solidariedade e proporcionando aos adeptos e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que vai alimentar sua paixão pelo jogo, ao mesmo tempo que lhes fornece modelos de papel envolventes. “
Joel Glazer, co-presidente do Manchester United e vice-presidente da Super League, disse: “Ao reunir os maiores clubes e jogadores do mundo para jogarem entre si ao longo da temporada, a Super League abrirá um novo capítulo para o futebol europeu, garantindo o mundo competição de classe e instalações, e maior apoio financeiro para a pirâmide futebolística mais ampla.”
Boris Johnson critica a criação da liga
O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, se posicionou contra a criação desta liga: “Este projeto ataca o coração do jogo doméstico e preocupariam os fãs de todo o país.. Os clubes envolvidos devem responder aos seus adeptos e à comunidade futebolística em geral antes de tomarem quaisquer outras medidas.”
Além disso, de acordo com o jornalista Alex Wickham do site Politico, haverá uma reunião de Boris Johnson com Oliver Dowden (ministro de cultura, turismo e esporte) para avaliar possíveis sanções para os clubes ingleses que assinaram compromisso com a Superliga.
Gary Neville se posiciona contra
Ídolo do Manchester United e uma das vozes mais ativas na imprensa inglesa atualmente, Gary Neville (comentarista da Sky Sports) fez um discurso veemente contra a criação da Superliga durante a transmissão de M.United 3-1 Burnley.
“Não sou contra a modernização das competições de futebol, temos a Premier League, a Champions League, mas penso que apresentar propostas no meio da COVID e a crise económica para todos os clubes é um escândalo absoluto. O United e o resto dos ‘Big Six’ que se inscreveram contra o resto da Premier League deveriam ter vergonha de si mesmos.”
Formato
O formato da competição estabelece dois grupos com dez times cada. Os 15 clubes fundadores serão fixos na competição e as outras cinco vagas serão para os classificados da temporada anterior.
Os jogos seriam realizados estão previstos para serem realizados nos meios de semana (provavelmente nas mesmas datas da Champions League). Três clubes avançam direto para as quartas de final. O quarto e o quinto lugar de cada grupo se enfrentam em playoffs pelas outras duas vagas.
No formato eliminatório, os jogos serão jogados em ida e volta, com a final sendo realizada em jogo único. O palco da decisão ainda não foi definido.
Guerra contra a UEFA
A Superliga Europeia estava prevista para ser lançada a partir da temporada 2023/2024, mas em nota oficial, os planos foram modificados para que a estreia ocorra na próxima temporada, a partir de agosto.
Com isso, está aberta uma guerra de alguns dos maiores clubes do futebol mundial contra a UEFA e as ligas domésticas. Em nota oficial divulgada há algumas no início deste domingo (18) afirmava que os clubes e jogadores participantes desta Superliga seriam banidos de todas as competições nacionais e internacionais.
A nota foi assinada pela UEFA em conjunto com a Premier League, La Liga e Serie A TIM, responsáveis pelas organizações dos campeonatos locais na Inglaterra, Espanha e Itália.
Mesmo que nenhum anúncio oficial tivesse sido feito, a nota oficial foi divulgada mesmo assim após reportagem divulgada pelo jornal norte-americano New York Times na manhã deste domingo (18), revelando que a Superliga Europeia deveria ser anunciada antes do término do final de semana.
Nota oficial da UEFA e das três ligas domésticas citadas anteriormente
“A UEFA, a Federação Inglesa de Futebol e a Premier League, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a LaLiga, e a Federação Italiana de Futebol (FIGC) e a Lega Serie A descobriram que alguns clubes ingleses, espanhóis e italianos podem estar a planear anunciar a criação de uma superliga fechada.
Se isso acontecer, queremos reiterar que nós – UEFA, FA Inglesa, RFEF, FIGC, Premier League, LaLiga, Lega Serie A, mas também FIFA e todas as nossas associações membros – permaneceremos unidos em nossos esforços para impedir este projeto cínico, um projeto que se baseia no interesse de alguns clubes em um momento em que a sociedade precisa mais do que nunca da solidariedade.
Vamos considerar todas as medidas de que dispomos, a todos os níveis, judiciais e desportivos, para evitar que isso aconteça O futebol é baseado em competições abertas e mérito esportivo; não pode ser de outra maneira.
Conforme previamente anunciado pela FIFA e as seis Confederações, os clubes em questão serão proibidos de jogar em qualquer outra competição a nível nacional, europeu ou mundial, e seus jogadores poderão ter a oportunidade de representar suas seleções nacionais.
Agradecemos aos clubes de outros países, especialmente os clubes franceses e alemães, que se recusaram a assinar. Apelamos a todos os amantes do futebol, adeptos e políticos, a juntarem-se a nós na luta contra este projeto, caso venha a ser anunciado. Esse interesse pessoal persistente de alguns está acontecendo há muito tempo. Basta.”
Conselho da UEFA
A data escolhida para o anúncio oficial da Superliga não foi mera coincidência, pois nesta segunda-feira (19), a UEFA realizará uma conferência de imprensa para anunciar mudanças no formato da Champions League a partir da temporada 2023/2024 após reuniões feitas no conselho diretivo.
Nada foi anunciado oficialmente ainda, mas a imprensa europeia afirma que a UEFA aumentará a quantidade de clubes da Champions para tornar maior a quantidade de jogos, aumentando assim as receitas obtidas com a organização da competição.
Os clubes fundadores da Superliga demonstraram insatisfação considerável por acharem que a inclusão de jogos no calendário contra “times menores” não estaria sendo suficiente para recuperar as receitas perdidas com a pandemia do coronavírus.
Nota oficial da FIFA
Em comunicado divulgado na noite deste domingo (18), a FIFA consideravelmente baixou o tom nas ameaças aos clubes fundadores. Disse que está aberta ao diálogo e não fez nenhuma menção em relação à “banir jogadores” de suas competições.
“Tendo em vista os diversos pedidos da mídia para que nos manifestássemos, a FIFA quer deixar claro que está a favor da solidariedade no futebol e com a redistribuição de um modelo que consiga beneficiar o esporte de forma global e igualitária, pois o desenvolvimento do futebol global é nossa missão primária.
Em nossa visão e de acordo com nossos valores, qualquer competição, nacional, regional ou global, deve sempre refletir os princípios de solidariedade, inclusão, integridade e redistribuição financeira. Além do mais, as ações governamentais ligadas ao futebol devem atuar em meios diplomáticos para que os valores sejam mantidos. Contra esse background, a FIFA pode apenas expressar que desaprova uma ‘liga europeia fechada’ para o resto do futebol internacional com uma estrutura que não respeita os princípios relatados anteriormente
A FIFA sempre está a favor da união do futebol mundial e faz um chamamento para todas as partes envolvidas nesta grande e acalorada discussão para ter um diálogo calmo e balanceado para o bom do futebol e do espírito da solidariedade e do fair play. A FIFA, claro, fará o que for necessário para contribuir com um modo harmonioso para atender todos os interesses do futebol.”
Com esta nota oficial, a FIFA abre pela primeira vez um diálogo ativo com a Superliga Europeia, algo que não estava acontecendo desde o início dos rumores envolvendo tal competição.
Como ficam os clubes na atual edição da Champions League?
Esta é uma dúvida que será respondida com o passar dos dois. Porém, de acordo com o jornalista Mike Keegan do Daliy Mirror, é “improvável” no momento que Real Madrid, Chelsea e Manchester City sofram retaliações da UEFA e possam ser eliminados ou punidos na atual edição da Champions League.
Associação de clubes da Europa
A associação que representa os clubes europeus no futebol realizou uma reunião de emergência na tarde deste domingo (18). Todos os clubes envolvidos na criação da Superliga foram convidados para a reunião, mas nenhuma das instituições aceitou convites de participação. Posteriormente, em nova oficial, a associação se posicionou contra a criação desta liga.
“Em relação as notícias divulgadas na data de hoje sobre uma liga separatista, a ECA e seus 246 membros através da Europa reiteram que estão trabalhando em continuar servindo ao modelo de competições da UEFA com o novo ciclo que será iniciado em 2024.”
Porém, o presidente da ECA (European Clubs Association) é justamente Andrea Agnelli, eleito vice-presidente da Superliga. Ainda não houve nenhum posicionamento oficial, mas a Sky Italia afirma que Agnelli anunciou internamente seu desligamento da associação.
Presidente da Liga Portuguesa afirma que Superliga é uma “insanidade”
Em sua página oficial no Facebook, o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, manifestou-se contra a criação da Superliga .
“A hipótese da criação de uma Superliga europeia, pensada e desenhada por uma pequena elite com intenções exclusivas, é algo a que nos continuaremos a opor frontalmente. Uma insanidade que colocaria em causa todos os alicerces fundamentais em que o futebol sempre se desenvolveu
Garanto que teremos firmeza e união na defesa das ligas nacionais, do mérito desportivo e de modelos que contribuam para o crescimento de todo o ecossistema do futebol e não apenas de uma reduzida e egoísta elite.”
Até o momento, nenhum clube português se posicionou a favor da competição.
Siga o Esporte News Mundo no Twitter, Instagram e Facebook