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Tati Weston-Webb se mostra animada com local do WSL Finals 2025: “chance grande”

Tati Weston-Webb no WSL Finals. (Foto: WSL/Pat Nolan)

A competidora brasileira é uma das favoritas a lutar pelo título mundial ao longo da temporada da WSL.

Foto: WSL/Pat Nolan

A surfista brasileira Tatiana Weston-Webb esteve presente na coletiva de imprensa do Pipe Pro, etapa que abre o calendário do Championship Tour da WSL em 2025. Em conversa realizada na quinta-feira (23), a atleta analisou a temporada passada, explicou a nova parceria na comissão técnica e abordou a corrida pelo título mundial da categoria feminina.

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– Bom, ano passado foi um ano para mim muito incrível, né? Conseguindo alcançar um sonho tão grande para mim já aliviou bastante a pressão que eu tinha nas minhas costas. Eu nunca me senti tão tranquila em uma temporada off na minha vida. Normalmente eu sou uma pessoa super ansiosa, eu sempre tô correndo atrás de alguma coisa para melhorar, mas essa temporada off foi muito boa porque realmente consegui descansar e aproveitar o momento – iniciou Tati.

A competidora teve seu melhor momento na carreira durante a temporada passada, mas acredita que o novo treinador pode a ajudar a alcançar voos mais altos.

– Estou muito animada para essa temporada porque eu sei que, na minha visão, não preciso mais mostrar para o mundo o que posso e não posso fazer, sabe? Eu já consegui mostrar tudo que eu queria mostrar realmente, então eu tô sentindo super bem, confiante e, além disso, eu mudei o técnico, que agora é Adriano de Souza. (…) Uma referência gigante no mundo do surfe no Brasil e acho que vai dar tudo certo, se Deus quiser, vão rolar muitas coisas boas pela frente.

– A onda que eu mais gostei de surfar na temporada passada foi Teahupo’o. É uma esquerda de tubos e é tudo o que eu gosto. Acho que a adversária que eu mais gostava de enfrentar na água era a Carissa (Moore) porque eu sempre sentia que era muito difícil ganhar dela e ela sempre me fazia surfar melhor. Hoje em dia, poxa, todo mundo tá me (fazendo) surfar melhor, porque tá cheio de talento no Tour, e eu sinto que a cada bateria é super difícil

Voltando a comentar sobre Mineirinho, Webb explicou a decisão de modificar a comissão técnica e adicionar um campeão mundial ao grupo.

– Então, a gente resolveu ano passado, mais ou menos em outubro, de trabalhar juntos, né? Eu já tinha o contato com meu ex-técnico Ross até o final do ano, então eu aproveitei o máximo dele. E quando eu comecei a trabalhar com o Adriano, ele teve um plano bem específico para mim. Eu estou no Tour há vários anos e a gente tem que identificar os pontos fortes e os pontos fracos. (…) Além disso, a gente vai focar muito no jogo, dentro da bateria e na estratégia. Então, esses são os pontos que a gente realmente identificou antes de começar o ano. (…) A gente sente que realmente são esses pontos fracos que, se eu melhorar, eu vou continuar passando aquelas baterias mais difíceis e, ao invés de ficar no segundo lugar, eu vou ganhar o evento – disse a brasileira.

Questionada sobre a importância da medalha nos Jogos Olímpicos Paris 2024, Tatiana garantiu que a conquista foi muito comemorada e que deu moral para a nova campanha.

– Sempre foi o maior sonho minha de tentar ganhar uma medalha. Mesmo sendo prata, ou o que seja, eu consegui. Então, isso foi um sonho gigante realizado. Não tem um sentimento melhor do que saber que você conseguiu, sabe? Então, com esse sentimento que eu consegui alcançar uma coisa tão especial,  tão difícil de conquistar, eu tenho certeza que se eu trabalho forte,  se eu ficar muito focada, eu posso alcançar todos os meus sonhos.

– Então, isso é a realidade. E, daí, eu sinto muito mais tranquila esse ano porque eu consegui fazer uma coisa que eu nunca vou esquecer e que eu vou sempre ficar orgulhosa daquela conquista. Não quer dizer que eu não tenho outros sonhos, mas (…) eu vou lutar pelo título mundial – – analisou.

A temporada 2025 conta com uma grande novidade na categoria feminina. Weston-Webb aprovou a decisão da WSL.

– Acrescentar a quantidade de meninas no Tour, para mim é muito, muito legal. Eu, como uma pessoa que faz parte do Tour há 10 anos sempre vendo a evolução das meninas, (…) só faltava o momento que eles iam anunciar isso. (…) Não como uma surfista, mas como uma menina, realmente, que luta por cada coisa que a gente ganha, sabe? (…) Acho que muitas baterias, hoje em dia, são muito bem disputadas, especialmente no lado feminino. Então, acho que isso tá atraindo mais seguidores,  mais público que está querendo assistir o lado feminino – explicou.

A medalha de prata nas Olimpíadas trouxe visibilidade para Tati. A surfista escolheu representar o Brasil nos Jogos e foi recompensada.

– Então, eu já sentia super abraçada pelo povo brasileiro, sabe?  Mas, com certeza, todo mundo ficou mais feliz ainda com essa medalha para o nosso país. Então, eu acho que não tive muita diferença porque eu já sentia super abraçado pelo povo. Mas, enfim, todo mundo fica mais feliz  vendo que o nosso país tá ganhando medalha, né? Então, é isso que importa – explicou.

A comissão técnica de Tati sofreu uma grande alteração. O ex-campeão mundial Adriano de Souza assume o posto técnico da atleta e a parceria se inicia no evento de Pipeline.

– O Mineiro (Adriano) para mim, é uma pessoa que (…) mudou muito o pensamento para tentar ganhar esse título que ele conquistou, e eu acho que eu tô na mesma fase da minha carreira que ele tava quando ele tava também buscando o título mundial. Isso tem tudo a ver com o porquê eu escolhi ele, mas, além disso, ele é (…) muito gente boa, eu me dou super bem com ele. Então, eu vi que ele vai entrar no nosso time como já fosse parte, sabe? Para mim, foi uma coisa muito fácil de decidir (…) ele é uma pessoa que eu tenho muito respeito e eu realmente quero aprender o máximo com ele – disse Webb.

Como a brasileira mais bem qualificada no ranking, cai sobre Tatiana a pressão de levar o primeiro título mundial feminino da WSL para o Brasil. Mesmo assim, ela prefere focar em outras coisas.

– Cara, pode até existir, mas por que que eu vou colocar tanta pressão nas minhas costas se eu não preciso, sabe? Especialmente no começo de um ano que é bem longo. (…) A gente tem que se preocupar não só com um evento, mas com vários (…) É uma maratona, então, realmente, a gente tem que ficar focada a cada evento. Cada evento conta para tentar ir nesse caminho de conquistar o título mundial. Então, realmente, talvez eu (sinta) a pressão mais no finalzinho, se estiver em uma posição meio ruim para o Final 5, essas coisas assim. Mas, por enquanto, eu não vou começar o ano  colocando essa pressão em cima de mim, porque realmente não precisa. Eu sou uma pessoa que faz parte do Tour por vários anos, eu tenho certeza que toda a minha experiência serve para uma coisa, e essa coisa é viver sem pressão – revelou.

A primeira etapa do CT 2025 da WSL será disputada nos tubos de Pipeline. Weston-Webb chega como uma das favoritas a vencer o evento e liderar o ranking já no início do ano.

– Essa onda de Pipeline realmente sempre dá medo, né? Você vê o quão fácil de se machucar na onda, pode dar tudo errado em qualquer momento. Tem que ter o máximo de respeito por essa onda. A questão de começar em Pipe, para mim tá ótimo, tá legal, mas assim, tudo pode acontecer.  Então é aquele jogo, tem que jogar o jogo, tem que ficar bem ligada, tem que ter essa noção que tudo pode acontecer – disse Tati.

A categoria feminina domina os tubos a cada ano. As últimas temporadas foram históricas para o surfe e a atleta brasileira acredita que as adversárias tendem a melhorar ainda mais.

– Mas eu vejo que todas as meninas hoje em dia estão se jogando,  estão com mais talento,  estão com mais técnica para entubar. Então não importa, esquerda ou direita, tem todo mundo… Todo mundo é muito capaz de conseguir pegar um tubo. Então é bem relativo a cada bateria, sabe?  Tudo pode mudar e tudo pode dar bem ou não, sabe? Então vamos ficar muito mais focadas nessa questão de passar a bateria em vez de pegar um tubo gigante, sabe? – comentou.

Falando sobre Adriano de Souza, Tatiana se mostrou contente em ser treinada pelo experiente surfista.

– Ele tá lá porque acredita em mim, acredita que falta aquele pouquinho para a gente ganhar o título para o Brasil no lado feminino. Então, eu acho que ele tem toda noção disso. E eu agradeço a ele muito porque (…) ele tá largando esse dia a dia com a família dele para ficar do meu lado tentando conquistar esse sonho juntos – disse Webb.

Mesmo com poucas representantes na elite, a Seleção Brasileira feminina costuma dar trabalho as adversárias. Tati vê as compatriotas rivalizarem cada vez mais forte com as surfistas estrangeiras.

 – Não tem muita diferença entre as surfistas brasileiras e as outras surfistas do mundo. Eu acho que realmente a gente agora tem uma base incrível no Brasil. Tem o CBSurf, tem o Dream Tour, então realmente todo mundo vem com essa base agora muito forte dentro das competições e todo mundo tá evoluindo bastante. Então não vejo muita diferença não. Eu vejo que as meninas no Brasil têm um caminho um pouquinho mais difícil (…) porque está custando para  bancar esse Circuito seja o Challenger  seja o Regional é bem caro, sabe? Então essa é a parte mais difícil – revelou.

Outro nome que vai encarar a jornada na elite é Luana Silva. A jovem atleta já alcançou grandes feitos e foi elogiada por Tatiana.

– Estou muito orgulhosa da Luana porque ela acabou de ganhar o título mundial júnior. A primeira brasileira a conquistar isso e ela tá fazendo história para o nosso país. Sinto muito orgulho dela e com essa notícia que ela vai conseguir competir esse ano inteiro. Acho que ela tem muito caminho pela frente para continuar nessa trajetória  gigante. Eu tô muito feliz por vê-la conquistando essas coisas – disse.

A temporada 2025 será a primeira da história a ter Fiji como palco do Finals. As ondas tubulares tomam a vaga das marolas californianas, fato que anima Tati.

(…) Eu acho muito legal porque, como goofy, sempre luto para ter mais esquerdas no Tour e nos últimos quatro anos os Finals foram em Trestles que normalmente é uma direita melhor, né? Então realmente você ganhava muito mais notas surfando a direita do que a esquerda. E, para mim, isso faz uma grande diferença em quem vai conquistar o título. (…) (Fiji) É um lugar que eu gosto  muito, tenho muita história lá, já tive dois segundos lugares. (…) Estou muito animada, se eu chegar nos Finais, a chance (de vencer) é grande, só que, como eu falei antes, (28:22) é um caminho bem longo. É uma maratona durante o ano que a gente tem que, focar não só em um evento, (mas) em vários eventos, vários momentos específicos – completou Webb.

As atletas já estão em Pipeline e aguardam o início do evento no Havaí para lutar pelo título mundial. Tatiana Weston-Webb entra em cena no dia 27 de janeiro sonhando em alcançar o melhor resultado da carreira.

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