Campeonato Paulista
‘Testagem e confinamento seria o protocolo ideal’, dizem infectologistas
— Continua depois da publicidade —
Nesta segunda-feita (03), Corinthians e Palmeiras se envolveram em polêmica antes do Derby. Andrés Sanchez, presidente alvinegro, pediu para que não fossem feitos testes de Covid-19 antes das finais do Paulistão. Segundo ele, seu clube cumpriu o confinamento de atletas e comissão técnica de acordo com o protocolo da Federação Paulista de Futebol.
Horas depois, o presidente recuou e afirmou que o clube testará seus jogadores. Em nota, o Corinthians ainda criticou o rival por liberar os atletas depois das partidas.
Qual o ideal?
De acordo com Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, o confinamento por si só pode funcionar. Entretanto, para que essa medida dê certo, é necessário um isolamento geral no centro de treinamento. Segundo ele, seria preciso confinar todos os funcionários do clube, como massagistas, assessores de imprensa, cozinheiros, nutricionistas e faxineiros.
Para o Otskua, estes exames podem evitar uma contaminação desenfreada. Na opinião do infectologista, é pouco provável que todas essas pessoas estejam confinadas e, por isso, ele recomenda a testagem. Os testes pré-jogo, por exemplo, coincidiriam com a data média de manifestação da doença, de quatro a oito dias após a contaminação.
Um ponto que levanta dúvidas, e é o alicerce da polêmica entre Corinthians e Palmeiras, é o cuidado de cada time com o isolamento. Do lado alvinegro, os jogadores estão confinados, mas o clube não queria testá-los. Já pelo Verdão, os atletas, por mais que façam o exame, não estão isolados. O protocolo da FPF, por sua vez, não obriga os times a testarem seus jogadores, dando, assim, uma brecha para os clubes.
Opinião do especialista
De acordo com Carlos Fortaleza, infectologista e pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UNESP-Botucatu, um teste negativo não garante que a pessoa não possa transmitir o vírus. “Eu até entendo o argumento do Corinthians, mas acho que há mais vantagem em fazer do que não fazer [o teste]”, afirma.
Para o especialista, o fato de os jogadores do Corinthians entrarem em contato com atletas de outros clubes já é motivo para fazer o diagnóstico. “Testar antes dos jogos diminui a chance de transmissores, porque você isola quem estiver com o vírus. Isso resolve 100%? Não. Mas ajuda”, complementa.
– O teste serve como um complemento. A primeira coisa a se fazer é afastar todos que tenham sintomas gripais. A melhor medida para a prevenção, que já foi estudada, é isolar. Para quem não tem nenhum destes sintomas, aí o teste ajuda a encontrar (o vírus) – disse.
Segundo o infectologista, um jogador que contraiu a doença, mas passou 14 dias isolado, já não é mais um transmissor. “Não temos certeza se ele ganhou imunidade, isso ainda é uma dúvida para a ciência. Ele não é um risco para os outros, mas é um exemplo de que qualquer outro jogador pode contrair”, afirma. Fortaleza também lembra das pessoas que podem transmitir: além de funcionários, empresários, assessores e quaisquer outros que não estejam confinados com a equipe.
– Eu não vejo razão [para não testar]. Certamente não é financeiro, o teste é bem em conta. Exceto perder algum dos seus jogadores com um possível teste positivo – comentou o pesquisador.
Vale lembrar que, além de Cantillo, que se recuperou recentemente da Covid-19, outros 13 corintianos tiveram contato com o vírus durante a reapresentação.
– Na linha do ‘quem não deve não teme’, não existe uma razão para não testar. O teste é tão simples e tão rápido, então se não tem problema, por que não fazer – finalizou o profissional.
Depois da confusão, Andrés Sanchez, em sua rede social, afirmou que o Corinthians fará os testes no elenco. Serão examinados jogadores, comissão técnica e funcionários na manhã desta quinta-feira (06), um dia após a primeira final do Paulistão.
Para saber tudo do seu time, siga o Esporte News Mundo no Twitter, Instagram e Facebook