No fim da tarde da última terça-feira, 21, Thiago Scuro, atual direto executivo do Red Bull Bragantino, concedeu entrevista coletiva direto da sede do clube para falar sobre o momento da equipe um dia após a eliminação na semifinal do Campeonato Paulista. Apesar de falar sobre variados temas relacionados a agremiação, os principais assuntos abordados pelo dirigente do Massa Bruta foram a falha do goleiro Cleiton no gol do Água Santa, a movimentação no mercado de transferências, o comprometimento dos jogadores com o projeto, e logicamente, as desclassificações na competição estadual e na Copa do Brasil.
Confira algumas das falas de Thiago Scuro abaixo:
Erro letal de Cleiton
“Primeiro ponto que o torcedor vai precisar precisar entender é que não vai haver da nossa parte o linchamento público que ele busca. Isso é desumano, não faz parte dos meus valores pessoais e morais e nem do Red Bull Bragantino. Entendo a insatisfação deles e ela é nossa também, porque erros, não só do Cleiton, mas de todos os atletas dentro de campo custam caro. Então, buscar esse linchamento público, essa ofensa sem limite que acontece hoje, principalmente com redes sociais, é algo que eu repudio de forma intensa. O caminho para a humanidade não é esse e parece que a gente percebeu. Em rede social, as pessoas passam do limite. Será que alguém acha que o Cleiton está feliz hoje? Que ele entrou em campo para cometer o erro e jogar fora o sonho dele e de todos com a eliminação? Quem pensa que pensa que isso é uma possibilidade, tem que procurar outras coisas na vida e esquecer futebol. Buscar harmonia e felicidade em outros campos, porque isso é inaceitável. É óbvio que preocupa sim. A decisão de quem joga, em todos os sentidos pertence ao treinador. Não existe nenhuma recomendação da Red Bull, da Áustria, do Thiago Scuro, de quem tem que jogar. O Cleiton está na quarta temporada conosco e já foi um atleta decisivo em muitos momentos. Vive temporada com erros que surpreendem, sim, é fato, e ele sabe disso. Está buscando a correção. O que vem daqui para frente é fruto do trabalho dele, das decisões do Caixinha, do treinador de goleiros vai construir. É um atleta que já demonstrou seu valor. Concordo também que não é mais tão jovem, e aí vamos separar idade e colocar a experiência. O Cleiton já tem um volume de jogos grande, em alto nível e o que ele precisa buscar é a consistência. Tem ótimos momentos, mas, sim, em alguns deles, seja por desconcentração, por negligência, por decisões equivocadas, acaba gerando erros que o maior prejudicado individualmente é ele. Óbvio que existe uma penalização para equipe, mas o grande prejudicado é ele, porque os sonhos dele começam a ficar mais distantes quando este tipo de coisa ocorre. Ele também tem compromisso com o acerto e estamos buscando isso”.
Braga em busca de reforços
Temos, pelo menos, duas situações que já estão em andamento há algum tempo. Como sempre, as nossas negociações são complexas, porque a gente tem os nossos limites, nossa forma de fazer. Buscamos atletas com perfil que nem sempre é fácil viabilizar. Agora a nossa expectativa é que possamos acelerar, desatar esses nós, até para poder aproveitar esse tempo que teremos para esses atletas chegarem. Dia 27 tem o sorteio da Sul-Americana, então também temos o prazo além do dia 3, para que a gente possa, o quanto antes, inserir os atletas na lista da Conmebol.
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Comprometimento com o projeto
“O processo de amadurecimento de alguns atletas tem sido lento demais. Ele precisa ser mais rápido quando está nesse nível. O Pedro coloca muito bem quando ele diz que “competência não tem idade”, assim como profissionalismo e perfil mental. Cada vez mais, vemos em diferentes modalidades, atletas muito jovens tendo projeção, desempenho de gente grande. O ponto é que os atletas precisam entender muito cedo que a vida é processo de consistência, e não de altos e baixos. Todos têm ambições, sonhos, terem sucesso aqui e buscar voos mais altos. Só que a indústria do futebol hoje monitora a médio prazo. O processo amadureceu, então nós todos somos avaliados pela média, pela consistência. Isso custa sacrifício, dedicação diária, se aplicar 100% no treino, no descanso, na alimentação e estudar o jogo. É isso que vai gerando dinâmicas dentro de campo e o controle de 90% disso pertence aos atletas. Temos trabalhado nisso para que cada vez mais eles possam avançar nesta direção. O sonho que eles tem é o mesmo do clube e isso depende de consistência, não necessariamente de bons momentos apenas”.
As eliminações do Red Bull Bragantino nestes últimos anos e suas reflexões
“Entendo que as eliminações deste ano foram piores que as do ano passado, principalmente pela circunstância e os adversários. Ano passado, a gente estava jogando uma fase de grupos da Libertadores. Na Copa do Brasil, apesar das circunstâncias de jogo e disputa dos pênaltis extensa, fomos eliminados em uma fase precoce sim, mas para uma equipe de Série A, algo diferente deste ano. Agora, foram contra equipes posicionadas em estágios inferiores ao Red Bull Bragantino nos eliminaram. Isso torna as causas das eliminações muito diferentes. Estamos trabalhando muito agora para que o mais breve o Caixinha tenha todos os atletas à disposição. Obviamente, isso não é desculpa nenhuma, mas muitos atletas com altíssimo grau de importância para o time, para o grupo estão fora. Léo Ortiz, Raul acabou tendo outra lesão, Helinho, Lucas Evangelista. Tivemos bastante ruptura no processo, o que gera menor competitividade no dia a dia. A expectativa é que a gente possa concluir isso o mais rápido possível para gerar competitividade interna maior. E mais do que isso, é poder ter rotatividade nos jogos sem ter queda de desempenho, que é algo que a gente observou nesse começo de temporada”.
“Reflexão é com relação ao ambiente do dia a dia, como tornar esse ambiente ainda mais rigoroso, exigente, controlador de certa forma, porque é importante para o trabalho evoluir. Naturalmente, tem avaliações individuais dentro disso. Com relação ao treinador, estamos contentes e satisfeitos com a postura, métodos e trabalho. Caixinha compreende o que nós queremos construir, torna o dia a dia positivo para todo mundo que está ali dentro. É um processo no qual todos os profissionais participam ativamente, muito bem estruturado, organizado e uma forma transparente de lidar com os jogadores, o que eu pessoalmente gosto muito. Em geral, os jogadores ouvem mais umas mentirinhas bonitinhas por aí do que a verdade dolorida. E o Pedro é um que fala as verdades doloridas que são importantes e ajudam o ser humano a se desenvolver, o atleta a crescer. Nos primeiros jogos, voltamos a ser a equipe corajosa, que pressiona o adversário e busca a iniciativa. E aí quando vê o jogo de ontem, o zagueiro do Água Santa quase conseguiu andar com a bola até a linha do meio-campo. É sinal que estamos deixando de fazer coisas que são básicas para o nosso jogo e que precisam ser resgatadas para voltarmos a ter sucesso”.