Negócios

13 clubes da Série A são patrocinados por empresas de apostas, mostra estudo

Foto: Maílson Santana/Fluminense

Mercado que cresce exponencialmente na pandemia está aumentando influência no esporte mais popular do país

Há poucas semanas, o São Paulo renovou seu contrato com a Betsul, empresa de apostas online. Com o desfecho positivo da negociação, a lista dos times da elite do futebol brasileiro com acordos com casas de apostas chegou a 13. Essa movimentação tem chamado a atenção veículos de mídia que lidam com esporte, como o Jornal de Esportes, mas também com sites de marketing e também de tecnologia.

Isso porque, nos últimos anos, o mercado de apostas esportivas vem florescendo no Brasil de maneira estrondosa, e o esporte tem lucrado muito com isso. Só em 2020, os sites de apostas foram responsáveis por mais de 60% de todo o patrocínio recebido pelos clubes de futebol das séries A e B no país.

Enquanto as receitas aumentam e a influência dos sites na economia esportiva cresce a perder de vista, discute-se em Brasília maneiras de liberar os sites de apostas de atuarem livremente no país e amparados por alguma legislação.

Parlamentares favoráveis à legalização das casas de apostas e jogos de azar querem regular a prática e começar a taxar sua realização no Brasil. O processo, cujo início já foi dado com a edição da Lei 13.756/2018, ainda segue pouco consolidado, mas a expectativa é de que, em breve, o Ministério da Fazenda venha a estabelecer as regras para o funcionamento das apostas esportivas no país.

A notícia, embora possa soar negativa aos apostadores, é recebida com bons olhos pelas casas de aposta. Segundo avaliam, uma maior regulamentação do setor trará mais segurança e confiabilidade aos consumidores – o que, em longo prazo, possibilitará uma maior injeção de capital não apenas no futebol como também em outros esportes. 

Aos que se interessam por dar seus lances nos jogos esportivos, portanto, a nova política deverá ser eficaz e vantajosa. Ela fará com que o segmento de apostas se consolide e, como consequência, que as empresas fraudulentas percam espaço. Além disso, clubes poderão incrementar suas receitas, que estão completamente abatidas pela queda de faturamento em decorrência da pandemia e da crise econômica.

O resultado, portanto, tende a ser muito benéfico não só para as empresas, que vão expandir seus ramos de atuação e conquistar mais clientes, mas também para os apostadores, que terão mais empresas à disposição, com a segurança de que essas companhias estão regulamentadas pela lei e que prestarão um serviço segundo as regras da legislação brasileira em vigor.

Outra onda de boa sorte para o cenário das apostas no Brasil é decorrente das recentes alterações nas políticas reguladoras na Europa, as quais vêm criando restrições cada vez maiores à categoria. Na Espanha, por exemplo, o Ministério de Assuntos do Consumidor impôs duras limitações à publicidade dos jogos, proibindo sua transmissão em basicamente todos os canais de rádio e televisão no país.

Esse endurecimento no mercado europeu é positivo para o quadro nacional porque, com a menor disponibilidade ou lucratividade das apostas estrangeiras, os investimentos do setor irão migrar para países mais flexíveis, como o Brasil. E assim, não apenas o apostador brasileiro terá mais opções de jogos e possivelmente maiores lucros, como também o esporte nacional será brindado com mais patrocínio.

Recentemente, em matéria publicada no jornal O Globo, dirigentes de clubes do futebol brasileiro comentaram o cenário atual. Além das equipes que estão na elite do futebol brasileiro, ao menos oito times que disputam a Série B do Campeonato Brasileiro também são patrocinados por um site de apostas online.

“A tendência é de consolidação e popularização a partir do momento em que as práticas estiverem reguladas”, diz Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas, que patrocina Bahia e Vitória.

“Entramos em uma época em que a estatística virou entretenimento. Há uma geração que consome futebol através dos games e jogos e que lida intensamente com consumo de dados. Essas parcerias certamente vão gerar muito mais receitas a esses grupos de mídia”, analisa Bruno Maia, especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte.

Além do São Paulo, clubes como Atlético Mineiro, Red Bull Bragantino, Flamengo, Grêmio e Corinthians também estampam em seus uniformes as marcas de sites de apostas. Na Série B, destaque para Cruzeiro, Remo, Ponte Preta e CSA.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo