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1978, o ano que o Guarani conquistou o Brasil, e se consagrou como o maior do interior

Reprodução/Arquivo Guarani

Em comemoração aos 112 anos de fundação do Guarani Futebol Clube o Esporte News Mundo relembra a história do campeonato Brasileiro de 1978 onde o gigante do interior foi campeão vencendo outro gigante Alviverde, o Palmeiras.

Originalmente, denominado pela CDB (Confederação Brasileira de Desportos), antiga CBF, o campeonato Brasileiro de 1978 era conhecido como Copa do Brasil, porém apesar do nome ser igual à do campeonato mata-mata da temporada atual, o torneio de 78 se equivalia a competição principal daquele ano.

Além de ser a principal competição da época, era também imensamente recheada de clubes, tendo em seu inicio 72 participantes que se enfrentavam em formato de grupos. Inicialmente eram divididos em cinco blocos, cada um desses grupos com 12 ou 13 times, essas equipes se enfrentavam entre si uma única vez, as seis que mais pontuaram (três pontos por vitória, um por empate e zero por derrota) se classificavam para a outra fase do torneio.

A segunda fase da competição era similar a primeira; quatro grupos eram formados com nove participantes que se enfrentavam entre si, onde os seis primeiros se classificavam.

Depois das duas primeiras fases, ocorria a repescagem, onde os eliminados da primeira fase do torneio retornavam em seis grupos para mais uma oportunidade de classificação. Todos jogavam entre os times do grupo respectivo apenas uma única vez, o maior pontuador e o campeão do grupo eram classificados para a terceira fase do torneio.

A terceira fase do torneio seguia as mesmas características das duas anteriores; também com quatro grupos, porém com 8 participantes cada, se classificando somente os dois primeiros do grupo, o campeão e o vice-campeão para as quartas-de-final, o começo da fase final.

“Foi um campeonato com três ou quatro fases e no começo a intenção era fazer uma campanha boa, mas jamais imaginando o que aconteceu no final. No início do campeonato classificamos no meio do pessoal, tivemos alguns grandes resultados, mas também sofremos derrotas complicadas, como o jogo que perdemos de 5 a 1 para o Remo, no Pará, que o Bira fez cinco gols na gente. Eu acho que o time começou a ter uma confiança maior quando vencemos o Dérbi por 2 a 1. O Careca estreou, fez os dois gols, e encaixou certinho na equipe”, destaca Renato, atacante fundamental na conquista do Brasileirão de 1978.

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A partir desta fase o torneio seguia um formato similar aos torneios de mata-mata hoje em dia, onde os 8 finalistas se enfrentavam, o primeiro do grupo A enfrentava o segundo do grupo B, e assim repetidamente até formar o chaveamento com os 8 clubes.

Nas quartas de final, o Guarani começou sua jornada em busca do título inédito contra o Sport Recife, onde o Bugre ganhou os dois jogos com facilidade, o primeiro confronto, na ilha do Retiro, estádio do clube do Nordeste, o time Bugrino começou construindo muito bem sua classificação, ganhando de dois a zero com gols de Zenon e Capitão.

“Na realidade a gente entrou para participar do Campeonato Brasileiro de 1978. Entramos como participante, nem como competidor. Então, o objetivo era mais participar do Campeonato Brasileiro e ficar em uma posição intermediária para não cair de divisão. Era esse o pensamento nosso. O time foi montado no segundo semestre de 1977 com muitos garotos que vieram da base para formar o elenco. Fomos um penetra na competição e fomos ousados, essa é a grande verdade”.  Pontua Zenon, meio campista da equipe do Guarani sobre inesperada classificação.

No outro jogo das quartas de final, o Guarani comandado por Capitão que marcou dois gols, construiu um placar elástico com um sonoro quatro a zero no Sport no jogo de volta, onde em pleno Brinco de Ouro o Bugre mostrou dominância para mais de 20 mil pagantes e garantiu a vaga para as semifinais do torneio.

No começo da fase da semifinal o Guarani pegaria o pior adversário possível, o Vasco da Gama de Roberto Dinamite, considerado uma das melhores equipes da época. Seria o jogo derradeiro para o Guarani, para mostrar a confiança necessária para a final.

Engana-se quem diz que o Guarani iria de cabeça baixa para o jogo; na partida de ida, no Brinco de Ouro da Princesa para 30 mil pessoas, a equipe Bugrina ganhou do Cruzmaltino por dois a zero, com um gol de Renato, e um de Orlando (contra). Garantindo uma bela vantagem para o jogo de volta, mas o maior problema ainda estava por vir, o segundo jogo seria no Maracanã para mais de 100 mil pessoas.

Apesar da grande vantagem, o Guarani foi recebido por mais de 100 mil vaias simultâneas no Rio de Janeiro, onde o Bugre se viu pressionado até o começo da partida, porém, o time Bugrino não tomou conhecimento da imensa pressão e logo aos 7 minutos mostrou a que veio com o primeiro gol de Zenon, calando o Maracanã. Apesar das tentativas do Vasco da Gama, Zenon marcou novamente para tranquilizar de vez o time de Campinas, com o agregado de quatro a zero, nem mesmo o gol de Dirceu aos 81 minutos conseguiu tirar a alegria do torcedor Bugrino, o Guarani estava na final do campeonato Brasileiro pela primeira vez na sua história.

“Foi muito natural tudo que aconteceu durante o campeonato. Esse jogo contra o Vasco foi de grande importância na minha carreira para que eu pudesse ficar na vitrine do futebol brasileiro, mas também tive outros jogos inesquecíveis com a camisa do Guarani. Aquela semifinal fez com que o time do Guarani, não eu, se fortalecesse muito para a busca pelo campeonato. Quando passamos por aqueles dois jogos, aí sim nós sabíamos que seríamos campeões. Já sentíamos essa confiança. O Vasco era um time muito forte e ali colocamos na cabeça que seríamos campeões”, explica Zenon.

O adversário, Palmeiras, outro dos melhores time do Campeonato, com diversos jogadores de destaques, e uma campanha sólida. Apesar disso, o Guarani não podia estar mais confiante, vindo de duas vitórias tranquilas contra o Vasco da Gama, o título era a ambição principal do time Bugrino.

O primeiro jogo foi no Morumbi, mando do Palmeiras, onde o Bugre ganhou de um a zero mostrando para mais de 100 mil pessoas que o Guarani era o favorito para o confronto, e que não seria derrotado por mais ninguém.

O gol foi de pênalti do maior destaque do torneio, Zenon que já colecionava 13 gols no campeonato, além dele, Careca também havia marcado 13 vezes no torneio.

“Na realidade, nós fomos campeões lá no Morumbi, aquele foi o jogo do título. Depois a gente poderia perder aqui em Campinas, que seria campeão do mesmo jeito” diz Zenon sobre o histórico jogo no Morumbi.

Dia 13 de agosto de 1978, o dia que nenhum torcedor do Bugre vai esquecer. Foi a data que o singelo time do interior de São Paulo conquistou o Brasil e mostrou para todos que o Guarani era o maior do interior, e naquele ano, o maior do Brasil.

Para 28.287 pessoas em pleno Brinco de Ouro da Princesa, foi onde Careca, destaque do torneio de apenas 18 anos, aos 36 minutos sacramentou a vitória do time Bugrino no gol mais importante da história do Guarani Futebol Clube. Gol que confirmava o título que além de inédito era inesperado e mostrava a todos a força do time Bugrino.

Além da vitória e do título mais que merecido, Zenon foi reconhecido como melhor jogador do torneio, e Neneca, o goleiro menos vazado. O destaque também foi dado para Carlos Alberto Silva que foi considerado o melhor técnico da competição.

Neneca; Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Manguinha; Capitão, Careca e Bozó. Foram os guerreiros que construíram a vitória mais importante da história do Guarani e garantiram para sempre, o título mais importante de qualquer time do interior.

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