Autor do gol da primeira vitória do Fluminense na temporada, Igor Julião viveu grandes emoções na última semana. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, no CT Carlos Castilho, o jogador revelou que acreditava que seria dispensado pelo clube, mas que ficou aliviado ao ser informado que ele jogaria o Fla-Flu. O lateral-direito marcou o seu primeiro gol com a camisa tricolor e decidiu o clássico com um belo chute de fora da área.
– Quando acabou a final da Copa do Brasil, tivemos 10 dias de folga. O Paulo Angioni me ligou e eu pensei: “Não vão contar comigo este ano e estou recebendo o recado agora”. E era para dar a notícia que era para voltar a treinar porque teria um Fla-Flu para jogar. Quando acabou a ligação, eu abracei a minha esposa e falei que iríamos voltar para treinar. Fiquei super feliz. É importante para testar, ver transformações e dar moral – disse Igor Julião.
Igor Julião subiu para o time profissional do Fluminense em 2012. Entre idas e vindas com empréstimos, o jogador tem 87 jogos com a camisa tricolor e marcou pela primeira vez na vitória sobre o Flamengo por 1 a 0, pela 3ª rodada da Taça Guanabara. No clube, o jogador já trabalhou com técnicos como Abel Braga, Odair Hellmann, Fernando Diniz, entre outros. Em 2021, o comandante será Roger Machado. O jogador exaltou o novo treinador tricolor.
– Tivemos uma semana de trabalho e já dá para ver que é um cara diferente. Estou muito animado, já estava até antes de trabalhar com ele. Já nos enfrentávamos e as equipes dele são muito táticas. É um estilo que eu gosto. O Roger é super didático, inteligente, fez questão de trocar ideias com cada jogador, escutar cada um – destacou Julião, que dedicou o seu primeiro gol pelo Fluminense ao treinador.
– Preciso usar esse momento para dividir o mérito do gol com ele. Quando chegou, perguntou as posições que eu já tinha atuado, falei que já tinha atuado no meio-campo e mostrou que ele escutou aquilo, me surpreendeu no jogo. Ele realmente acreditou. Por o Roger saber que eu sou um jogador que divide a torcida do Fluminense por me posicionar politicamente e ter pessoas que não gostam desse meu lado, ele foi corajoso de me tirar da minha posição e colocar no meio. Isso não tem preço. São atitudes que o treinador tem com o elenco que pode ganhar o jogador. Foi muito especial conversar com cada jogador e ter coragem de me trocar – completou.
O Fluminense volta a campo no próximo sábado, contra o Bangu, às 21h05 (de Brasília), em São Januário, pela 4ª rodada da Taça Guanabara. Apesar do retorno do elenco principal nesta quarta-feira, a tendência é que o time jogue as próximas duas partidas com uma equipe alternativa, mesclando os jovens do elenco sub-23 com alguns reservas do time principal. O Tricolor atualmente é o oitavo colocado, com três pontos.
Confira outras respostas da coletiva:
Pandemia
– É muito difícil falar isso. Não sou especialista, mas me sinto muito responsável pelos trabalhos que o futebol dá indiretamente. Os roupeiros, as tias da limpeza, são milhares de profissionais. Nós conseguiríamos ficar três meses em casa, mas sei que essas pessoas não. A única coisa que peço é que tenhamos todos os cuidados possíveis para jogar. O que peço é que a CBF cuide um pouco mais. Viajamos semanalmente no país, que é continental. Poderia o Fluminense e o Flamengo dividir um voo para jogar em São Paulo, sem precisar passar por saguão de aeroporto. Pedimos zelo, cuidado, distanciamento e que a vacina saia o quanto antes para normalizar.
Campeonato Carioca
– A única coisa que me pega é que está tudo desorganizado. Não sabemos nem como faz para assistir o jogo. Sempre falo que o futebol é o esporte mais democrático que tem, tem papel social, é para os amigos se reunirem no final de semana e ligar a televisão. Tem que ser fácil. Tenho medo de como as coisas estão indo, de termos que assistir aos jogos em algum aplicativo, tirando o futebol da parte social. É minha única crítica a esta edição. O Bangu, que vai jogar conosco, tem jogadores há oito meses sem salários. Eles pararam os treinos nesta semana. É triste demais. Mas o Carioca dá voz a esses jogadores. Fica a minha voz a favor dos atletas. Isso é triste.
Sonho com título da Libertadores
– Não acho que seja absurdo, até pelo elenco que temos. Por mais que no campeonato passado muitos não acreditassem na gente. Temos Fred, Nenê e Ganso no elenco, não é para ficar no meio de tabela. São jogadores com carreira consolidada, acima da média. E sonhamos, ainda mais com o Roger chegando. Ele mostrou em poucos treinos que é diferente e eu sou um cara que não tenho costume de assistir aos jogos no Brasil, mais os europeus. Como um estudo para entender a parte tática, posição corporal. O Roger nos dá esse tipo de orientação. Isso motiva a todos. Mantivemos nossa base de grupo e não é impossível sonhar.
Renovação
– Acho que está cedo. Sou um jogador que está há muito tempo na casa. Eu entendo isso. Vamos ver como vai decorrer esse ano. A minha vontade é sempre o Fluminense. Tudo o que eu tenho devo ao Fluminense. E eu não falo de parte financeira, não. O que eu vou levar quando acabar a carreira as experiências que eu tive aqui. Aprendi muito com Abel, Roger, Odair, Marcão e Fernando Diniz. Sou grato por tudo o que o Fluminense me deu e tem me dado.
Posicionamento político
– Claro que isso divide, mas aos poucos está melhorando. O torcedor está entendendo que meus posicionamentos não são políticos, mas sociais. Defender a democracia não depende de nenhum lado. É para os progressistas, conservadores, as pautas que defendo não tem lado político. Isso ficou muito pela época da eleição que estava aquele Fla-Flu, mas no decorrer do tempo eles entendem que é uma posição social