Falta para o Coritiba no meio-campo. O relógio marcava 49 minutos e 48 segundos quando Alecsandro pegou a bola antes da cobrança e a entregou ao árbitro Sálvio Spínola. Ele a levantou como um trofeu e apitou o fim do jogo, terminando assim o sofrimento e a angústia de todo vascaíno.
A partir daquele momento o choro e as lágrimas, que eram de nervosismo, se misturavam com o sorriso de alegria e o grito de euforia. O Vasco voltava a ser campeão de um torneio relevante no cenário nacional após mais de 10 anos, fazendo a sua imensa torcida ser bem feliz novamente.
O título em questão é o da Copa do Brasil de 2011 que completa nesta terça-feira, 8 de junho, 10 anos. Infelizmente esse é o período que o Vasco se encontra novamente sem conquistas relevantes, dando ao torcedor vascaíno apenas o direito de relembrar o momento de alegria, já que o cenário atual é de reconstrução após mais uma queda para a Série B.
O destino realmente foi cruel. Quem poderia imaginar que depois da conquista e daquela recepção que parou o Rio, o Gigante da Colina iria adormecer novamente? Como o Trem Bala poderia descarrilhar tendo Fernando Prass, Allan, Fagner, Dedé, Romulo, Felipe, Diego Souza, Bernardo, Éder Luís, Alecsandro e mais o reforço de Juninho Pernambucano, que já tinha fechado o retorno ao clube?
Nem o vascaíno mais pessimista ou o secador mais otimista poderiam imaginar o futuro sombrio que viria pela frente. A expectativa era de que o Vasco empilharia títulos e isso quase aconteceu com o vice Brasileiro de 2011, que contou com muitos erros de arbitragem contra o Cruz-Maltino. Mas a realidade foi totalmente diferente, com o clube caindo para a Série B pela segunda vez, dois anos após o ano mágico.
A partir de então os momentos felizes foram raríssimos, assim como os títulos, apenas dois estaduais conquistados em 2015 e 2016. A situação piora ao ver o Flamengo em um patamar superior, desequilibrando uma rivalidade centenária.
Apesar de todas as pancadas, o torcedor vascaíno se mantém firme, forte e fiel, dando demonstrações todos os dias de que o sentimento não para, nunca parou e jamais vai parar. Se mostra confiável mesmo sem ter nenhuma confiança. Tudo por conta do amor, sentimento que há muito tempo não é correspondido.
Hoje quem carrega a Cruz de Malta no peito tem apenas a nostalgia ao relembrar a conquista da Copa do Brasil. Serão lembranças boas, mas que carregam ao mesmo tempo o abatimento, a melancolia, a tristeza e a saudade, sinônimos do sentimento em questão. O vascaíno não merece isso, pois sempre foi acostumado a ser bem feliz. Cabe ao Vasco voltar a ser o Gigante da Colina que sempre foi.