A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na noite desta sexta-feira, cumpriu a decisão liminar da Justiça em ação do Grupo Arco Íris de Cidadania LGBT e explicou o motivo de ter pulado o número 24 da camisa dos jogadores na Seleção Brasileira na Copa América, onde pulou do 23 para o 25. Em juízo, a entidade afirmou que a decisão foi “em razão de sua posição (meio campo) e por mera liberalidade optou-se pelo número 25”, já que justamente o 25, Douglas Luiz, é meia, e não defensor. O Esporte News Mundo teve acesso a detalhes do caso.
“Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio campo, e mais alta para os atacantes”, completou a defesa da CBF na resposta em juízo, completando que os números são escolhidos pela comissão técnica da Seleção Brasileira, departamento comandado por Juninho Paulista.
Ainda na explicação, a CBF declarou que o regulamento inicial da Copa América permitia somente a inscrição de 23 jogadores. No
momento inicial, a Conmebol, segundo a CBF, estabeleceu a utilização dos números 1 a 23. Depois, por conta da pandemia da Covid-19, mais conhecida como coronavírus, o regulamento foi alterado, possibilitando a inscrição de mais cinco jogadores, mas “como a CBF vem cumprindo rigorosamente os protocolos sanitários e não apresentou casos de contaminação, a Comissão Técnica sentiu-se confortável em convocar apenas mais um jogador, além dos 23 (vinte e três) inicialmente inscritos”.
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Ao longo da resposta, em 12 folhas, a CBF também aproveitou para reafirmar ser uma entidade absolutamente comprometida com a causa da igualdade. Entretanto, ponderou que “nenhum dos questionamentos objeto da decisão liminar foram anteriormente apresentados para a CBF. Se o fossem, teria a CBF já esclarecido o tema, evitando a desnecessária movimentação da máquina pública e seus custos associados”.
“A CBF tem ciência das taxas de violência contra a população LGBTQIA+, tal como mencionado na inicial, do cenário histórico e culturalmente preconceituoso da sociedade brasileira e, por essa mesma razão, tem se mobilizado a favor das lutas da comunidade LGBTQIA+ contra a homofobia nesse segmento há alguns anos. Simples assim”, argumentou a defesa da CBF em juízo, colocando prints de redes sociais da entidade onde observou esta conduta.
O juiz Ricardo Cyfer, da 10ª Vara Cível da Capital do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), na última terça-feira, havia dado 48 horas para a CBF explicar os questionamentos sobre o caso. Com a explicação de agora, o magistrado deve dar nova manifestação na segunda-feira.
> Confira a íntegra a seguir das respostas da CBF:
“1. A não inclusão do número 24 no uniforme oficial nas competições constitui uma política deliberada da interpelada?
Resposta: Não.
2. Em caso negativo, qual o motivo da não inclusão do número 24 no uniforme oficial da interpelada?
Resposta: O Regulamento inicial da Conmebol Copa América 2021 (“Competição”) determinava que apenas 23 jogadores poderiam ser inscritos (doc. 3). Essa quantidade de atletas é a tradicionalmente observada em competições internacionais da Conmebol e da FIFA. A numeração utilizada pelos atletas tem relação com questões desportivas apenas. No momento inicial, a organização da competição estabeleceu a utilização dos números 1 a 23 de forma sequencial, o que foi feito pela seleção brasileira ao inscrever 23 atletas. No entanto, posteriormente, o Regulamento da Competição foi alterado (doc. 4) e foram concedidas 5 (cinco) vagas adicionais, em razão da possibilidade de troca de jogadores por conta de eventual contaminação por Covid-19. Apesar de tal faculdade, que foi utilizada por outras seleções para convocar mais 5 (cinco) atletas, como a CBF vem cumprindo rigorosamente os protocolos sanitários e não apresentou casos de contaminação, a Comissão Técnica sentiu-se confortável em convocar apenas mais um jogador, além dos 23 (vinte e três) inicialmente inscritos, e, para esse jogador, em razão de sua posição (meio campo) e por mera liberalidade, optou-se pelo número 25. Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio campo, e mais alta para os atacantes.
3. Qual o departamento dentro da interpelada, que é responsável pela deliberação dos números no uniforme oficial da seleção?
Resposta: Nesse caso, a Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Futebol.
4. Quais as pessoas e funcionários da Interpelada, que integram este departamento que delibera sobre a definição de números no uniforme oficial?
Resposta: O responsável pelo departamento é o Coordenador Sr. Oswaldo Giroldo Júnior (“Juninho Paulista”).
5. Existe alguma orientação da FIFA ou da CONMEBOL sobre o registro de jogadores com o número 24 na camisa?
Resposta: Não é de conhecimento da CBF nenhuma orientação sobre o tema.”