O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou e condenou, nesta sexta-feita, o Brusque pelo caso de injúria racial contra o meia Celsinho, do Londrina. O clube e um conselheiro do clube reponderam por “ato discriminatório”. A equipe perdeu três pontos na Série B e foi multada em R$ 60 mil, enquanto Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo, foi suspenso por 360 dias e condenado a pagar R$ 30 mil.
Com a perda dos três pontos, o Brusque passa a ter 26 na classificação da Série B. A decisão foi proferida pela Quinta Comissão Disciplinar do STJD em audiência virtual e foi em primeiro grau, cabendo recurso. O meia Celsinho participou do julgamento.
O caso ocorreu em 28 de agosto. Na ocasião, durante a partida entre Brusque e Londrina, pela 21ª rodada da Série B, no Augusto Bauer, Celsinho afirmou ter sido chamado de “macaco” por um membro da delegação do Quadricolor presente no estádio. Na súmula da partida, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior relatou que um integrante do staff do Brusque falou: “Vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha”.
O julgamento
Durante a audiência desta sexta-feira, o conselheiro Júlio Antônio Petermann admitiu ter chamado o jogador de “cachopa de abelha”, mas disse que não teve a intenção de ofender Celsinho.
– Na realidade, o que aconteceu é que eles estavam entre o banco e o alambrado se aquecendo e ali e estavam xingando o Brusque. Teve uma hora em que me irritei e realmente proferi ‘cachopa de abelha vai jogar bola’. Isso foi um momento inadequado, onde o jogo estava quente, o pessoal xingando a gente. Queria aproveitar e pedir desculpas, se eu realmente o ofendi, e a todo o pessoal que eu possa ter ofendido. De maneira nenhuma eu quis ofender e não imaginei que pudesse dar essa confusão toda. Nessa região é muito comum chamar pessoas assim (sic) de cachopa de abelha. Jamais iria proferir isso para ofender o Celsinho ou qualquer outra pessoa.
O relator do processo, o auditor João Gabriel Maffei, no entanto, votou pela condenação do clube e do conselheiro e foi seguido pelos demais auditores. O presidente da Quinta Comissão do STJD, o auditor Otacílio Araújo, concluiu o julgamento afirmando:
– Por qual motivo vamos discriminar um atleta pela sua cor? Isso é inconcebível pra mim. Temos que evoluir. O dirigente disse estar afastado, mas está falando do clube. O clube ainda soltou uma nota bizarra. Infelizmente não tenho como tirar uma vírgula do voto do relator. Vamos acabar com isso, vamos acabar com gritos homofóbicos. Hoje isso é inaceitável e não cabe mais”, concluiu.