O Palmeiras é, pelo segundo ano consecutivo, o primeiro finalista da Taça Libertadores da América, após o empate em 1×1 com o Atlético/MG, no Mineirão. Abel Ferreira deu, como era de se esperar, uma coletiva calorosa, após a classificação.
Antes mesmo de responder a primeira pergunta, Abel deixou um recado para seus jogadores, e exaltou o rival treinado por Cuca, que em 2020 era o treinador do Santos na final da Libertadores vencida pelo português.
— Gostaria que minhas primeiras palavras fossem para meus jogadores. Porque com eles eu sofro é neles em quem eu confio. E eu disse que até o fim do ano não os abandonava. Recusei tres propostas, porque via e acreditava no que poderiamos fazer. O Segundo é para nosso grande rival, Atlético/MG. tem um grande treinador e uma grande equipe.
Além do recado para o time, Abel deixou também um inusitado recado para um vizinho, que segundo ele, vem o atormentando:
— No final, quando apontei para a câmera, não foi para nenhum jogador do Atlético nem para seu treinador. É porque eu tenho um vizinho que é um chato. Foi diretamente para meu vizinho ficar calado, pois quem manda em minha casa sou eu. Quem trabalha dentro do CT sou eu e meus jogadores. Nas vitórias e nas derrotas.
O português também falou sobre a abnegação do Palmeiras, que, segundo ele, foi fator crucial para a classificação:
— Para ser treinador, estudei 10 anos. Perdi muito. Muitas derrotas me fizeram melhor treinador. Cheguei aqui farto de dizer, tem uns que confundem arrogância com competência; Eu renunciei estar aqui sozinho, sem ter minha família aqui. Porque queria ganhar com meus jogadores. O que nós vimos hoje aqui foi uma equipe com mentalidade vencedora. Nunca se rende. Foi uma vitória da equipe mais organizada, e, com toda a justiça, que merece disputar mais uma final
Abel também falou sobre o jogo que o inspirou para a estratégia utilizada nos dois jogos. Questionada por muitos, pelo pouco jogo ofensivo, a estratégia para as semifinais foi inspirada no jogo de José Mourinho pelo Porto, contra o Manchester United, nas semifinais da Liga dos Campeões de 2003/2004, vencida pelo conterrâneo:
— É isso o que faz a diferença entre um rato e um homem. Acreditar no seu trabalho. Sou portugues com muito orgulho, europeu com muito orgulho. Temos um dos melhores treinadores do mundo, um dos melhores árbitros do mundo, temos o presidente mais titulado do mundo, e temos um dos melhores jogadores do mundo, que é Cristiano Ronaldo. Com uma força mental terrível, insaciável em querer ganhar e fazer mais e melhor. Essa é a mentalidade portuguesa. Essa é a mentalidade europeia. Essa calma e essa inteligência me inspiraram em Manchester United e Porto. Empatou em casa 0x0, e no último segundo em Old Trafford, fez 1×1 e foi à final. Nós temos uma Libertadores impecável. Sem VAR, sem confusões. Com mérito, competência, trabalho árduo e disciplina. Coisa que muitas vezes falta aqui no Brasil. Renunciar.
Ainda houve tempo para Abel se zangar com uma pergunta dos jornalistas, para não perder o hábito. Questionado sobre a escolha dos três zagueiros e sua capacidade de subida ao ataque, Abel relembrou o São Paulo de Muricy e seu árduo trabalho no estudo do futebol.
— Não vou gastar tinta com quem entende pouco de futebol. Uma defesa de 3 zagueiros pode ser ultra ofensiva. Como jogava o São Paulo com Muricy? São 10 anos de estudo que eu tenho. Podem chamar de arrogante. Chamo de trabalho, competência. Chamo de sair do CT e ir para casa estudar. Sair de casa e ir para o CT trabalhar.
Perguntado também se convenceu o torcedor Palmeirense após mais uma classificação para uma final de Libertadores, Abel deixou claro que convenceu a parcela de torcedores que gostaria:
— Eu ja convenci os torcedores que são torcedores do Palmeiras de coração. Os por interesse, nunca os vou convencer, nem nenhum outro vai convencer. Os de coração ja convenci. Nas vitórias e nas derrotas. O verdadeiro palmeirense ve-se nos momentos difíceis. E todo esse trabalho que tivemos aqui, é para eles que dedico essa vitória. Amo o clube. Gosto das pessoas que trabalham no clube. Amo meus jogadores. Estou aqui, por eles até o fim.