“Não é só a mudança do técnico. São várias coisas que estão acontecendo e nosso time saiu do trilho, não está com aquela ideia tão clara como estávamos antes. As derrotas fazem com que nosso time fique um pouco mais acelerado, não tomando as decisões são claras dentro de campo. A mudança de técnico foi drástica, mas não temos que pensar no que passou. Não pensamos que não temos o que provar. Queremos ganhar tudo, voltar a vencer, e serei o primeiro a não dormir pensando no que aconteceu.”
Declaração de Filipe Luís na entrevista coletiva pós-jogo.
Uma derrota pro Atlético-GO por 3×0 já seria suficiente para abalar as estruturas do Ninho do Urubu, porém da forma que foi, com o time desorganizado, treinador novo, nervos a flor da pele na equipe, causou uma espécie de “princípio de crise no Flamengo“.
No seu segundo jogo a frente da equipe, o treinador Domenec Torrent mandou a campo um time totalmente diferente do que vinha sendo visto até mesmo antes da Era Jesus. O espanhol escalou três zagueiros (Gustavo Henrique, Rodrigo Caio e Léo Pereira) mas com o cria da base do São Paulo como lateral direito no lugar de Rafinha, barrado. Arrascaeta também não começou jogando, dando lugar a Vitinho.
O que se viu, foi um time totalmente perdido em campo como se não houvesse sequer treinado essa tática. Rodrigo Caio, por falta de prática na função de lateral, deixou uma avenida nas suas costas. Vitinho também estava mal, parecia disperso, fora de jogo. No segundo tempo, Rafinha voltou, o esquema com dois zagueiros também e a situação ficou menos pior.
Mas a forma como tudo aconteceu, fez a torcida ficar com a pulga atrás da orelha com Torrent. Choveram críticas e reclamações nas redes sociais, foi uma espécie de “senso comum” que o treinador errou a mão ao mudar tão radicalmente o time já no segundo jogo, o ideal e o esperado era uma mudança gradual, como o próprio Dome prometeu na sua chegada.
Com duas rodadas de Brasileirão, o Flamengo ainda não pontuou e no atual momento é o lanterna da competição. Oficialmente ainda não há crise, mas a água do caldeirão rubro-negro já começou a esquentar e uma derrota no sábado para o Coritiba pode fazer ferver. As duas derrotas nos dois primeiros jogos deixam Torrent entre a cruz e a espada: já precisa mostrar resultados enquanto ainda conhece o elenco e implementa sua cara ao time.
Pesa mais ainda contra Dome, o fato de não ter tempo para trabalhar. Praticamente 72 horas depois de perder pro Atlético-GO, já terá um confronto difícil contra o Coritiba (que também não venceu ainda) no Couto Pereira. No dia 19, tem a reedição da semifinal da Libertadores contra o Grêmio e quatro dias depois, um clássico contra o Botafogo. Apenas após essa sequência, o Flamengo terá uma semana livre de trabalho.
Domenec Torrent terá que trocar os pneus com o carro andando, provavelmente não esperava um ínicio tão turbulento mas terá que saber lidar com isso ao mesmo tempo em que organiza a casa. Em caso de mais duas ou três derrotas como ontem, a pressão ficará insustentável e o Flamengo pode acabar usando a semana livre para procurar outro treinador.
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