Figueirense

Um ano do W.O.: relembre o episódio e veja o que mudou no Figueirense

Foto: Matheus Dias/FFC

Há exatamente um ano, o Figueirense deixava de entrar em campo contra o Cuiabá, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro Série B 2019. Naquele 20 de agosto, na Arena Pantanal, os jogadores do Furacão se recusaram a jogar a partida em forma de protesto e com o objetivo de mudar a situação que o clube vinha passando.

A crise

O elenco alvinegro começou os protestos devido aos salários atrasados, direitos de imagem não pagos desde maio e o não recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Além disso, havia outros direitos pendentes, tanto dos jogadores profissionais, quanto dos da base e de outros funcionários do clube. A forma como o clube era gerido também preocupava a todos. Em julho, os atletas ficaram sem treinar por alguns dias pelo mesmo motivo, mas Cláudio Honigman, presidente da Elephant (empresa gestora do clube) prometeu quitar tudo e não ter mais atrasos.

Já em agosto, os jogadores pararam de treinar por quatro dias. No segundo, foi enviada uma notificação extrajudicial, assinada por 31 atletas, ao presidente da Elephant. A notificação informava à gestora do clube sobre a paralisação até que os pagamentos atrasados fossem quitados. Em contrapartida, o clube tratou o movimento como “falta ao trabalho”.

Enquanto isso, os atletas se manifestaram pelas redes sociais, com frases como “Paramos hoje, pela sobrevivência do amanhã” e “Somos todos líderes”. Assim como relataram pressão e ameaça da diretoria para o retorno dos treinos, os jogadores pediram que não tivesse retaliação e nem demissões até o fim da competição.

A princípio, o Figueirense afirmou que os pagamentos seriam realizados no dia 28 de agosto. Mas, cansados das promessas não cumpridas, os jogadores decidiram entrar em campo contra o Cuiabá apenas se as dívidas fossem quitadas antes do jogo. 

20 de agosto de 2019

O Figueirense chegou em Cuiabá um dia antes da partida (19), que aconteceria na terça-feira. A equipe, que já não havia treinado por quatro dias, disse que esperaria o pagamento das dívidas por parte do clube até o último minuto antes do jogo, a fim de conseguir sucesso na negociação.

Então, no dia da partida, os jogadores chegaram atrasados na Arena Pantanal em relação ao cronograma inicial e ficaram no vestiário aguardando um acordo entre o advogado representante dos atletas com o jurídico do clube. Enquanto isso, a equipe do Cuiabá fazia o aquecimento normalmente em campo. Sem avanço nas negociações, os jogadores do Figueirense voltaram para o ônibus e foram embora, sem falar com a imprensa.

Arbitragem e time do Cuiabá em campo, à espera do Figueirense. Foto: Olímpio Vasconcelos

O árbitro da partida, Pathrice Wallace Corrêa Maia, ainda esperou trinta minutos para anunciar o fim da partida, como manda o regulamento. Assim, o Cuiabá ficou com a vitória por 3 a 0, referente ao W.O. do Figueirense. 

Dessa forma, o resultado colocou o Dourado em sétimo lugar, com 26 pontos. Já o Furacão foi para a 13ª colocação, com 20 pontos, dois acima da zona de rebaixamento.

Consequências

Ao ser confirmado o W.O., o Figueirense divulgou a seguinte nota: “O Figueirense Futebol Clube comunica que a decisão de promover o WO na partida da Série B do Campeonato Brasileiro desta terça-feira, 20 de agosto, contra o Cuiabá, em Mato Grosso, é exclusiva dos jogadores profissionais relacionados para o confronto.

Vale ressaltar que a comissão técnica se apresentou normalmente para a disputa e o setor de logística do Alvinegro promoveu todos os procedimentos prévios para entrada em campo dos atletas”. Mais uma vez mostrando a divisão entre diretoria e jogadores.

Mas, ao chegar em Florianópolis, o time do Figueirense recebeu aplausos e mensagens de apoio dos torcedores no aeroporto. Então, três dias após o W.O., o elenco encerrou a greve e voltou a treinar em respeito à torcida do clube. 

Os trâmites após o jogo continuaram. Logo depois do jogo, o Figueirense foi denunciado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no artigo 203 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por “deixar de disputar, sem justa causa, a partida”. A multa, neste caso, poderia chegar a 100 mil reais. 

No meio disso, o Furacão e a Elephant assinaram um acordo para romper o contrato de parceria, firmado em 2017.

Já o julgamento do W.O. aconteceu em outubro de 2019, onde o clube recebeu uma multa de R$4.000,00. Isso porque o Furacão também foi punido no Brasileirão de Aspirantes (Sub-23), onde também não entrou em campo contra o Santos. Três mil reais foi a multa pelo jogo contra o Cuiabá e mil reais foi pelo Sub-23. 

Por fim, o Furacão conseguiu a permanência na Série B. Na 16ª colocação, o time catarinense terminou o campeonato com 41 pontos, dois acima do Londrina, primeiro time na zona de rebaixamento.

Não foi o único

Apesar de pouco recorrente, o W.O. do Figueirense não foi o único. Em 1999, no Campeonato Baiano, o Bahia foi declarado campeão após o Vitória não aparecer para o jogo. O time rubro-negro alegou que não foi informado da troca do local da partida. 

O Grêmio Barueri, em 2014, não entrou em campo pela Série D, contra o Operário-MT. A causa foi os atrasos salariais. 

Já em 2016, Chapecoense e Atlético Mineiro não entraram em campo pela última rodada do Campeonato Brasileiro Série A. O clube catarinense não tinha condições de jogar após a recente tragédia aérea na Colômbia.

Um ano depois

Um ano após o episódio, o Figueirense vive os estragos deixados pela Elephant. Com muitas dívidas e com pouco dinheiro em caixa, o clube precisou fazer cortes em diferentes esferas para não falir. Com a pandemia, a situação do Furacão, assim como dos clubes brasileiros em geral, piorou. Diante da crise financeira, o time catarinense deu férias aos jogadores, comissão técnica e funcionários, além de reduzir 25% dos salários. Ademais, a falta de torcida nos estádios e a eliminação precoce nas quartas de final do Catarinense para o Juventus, fez com que o Figueirense deixasse de ganhar uma boa verba. 

Segundo a assessoria do Figueirense, “há pouca coisa em atraso ainda, que deve ser quitado nos próximos dias”, como por exemplo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) dos atletas referente ao mês de julho, que venceu no dia 8 de agosto e será quitada em breve. Funcionários e contas da base estão em dia.

O que não está em dia é o futebol mostrado em campo. O Furacão não vence há quatro jogos (incluindo o Catarinense). Na Série B, o time comandado por Márcio Coelho ainda não ganhou e se encontra na 19ª posição, com um ponto em três jogos. Fez um gol e levou quatro. O clube ainda possui um jogo a menos, já que a partida contra o Sampaio Corrêa foi adiada. A equipe maranhense teve nove jogadores positivos para Covid-19, impossibilitando a realização do jogo. Diante disso, o Figueira só entra em campo no sábado (22), contra o Botafogo-SP. 

Alemão fez o único gol da partida de ida entre Figueirense e Fluminense. Foto: FERNANDO REMOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Depois, o desafio é pela Copa do Brasil, contra o Fluminense, no Rio de Janeiro. O duelo com o time carioca é importantíssimo para o Figueirense, já que, se passar, recebe uma premiação de R$1,5 milhão. Na partida de ida, vitória de 1 a 0 para o Furacão, que pode até empatar para se classificar. 

PARA SABER TUDO SOBRE OS TIMES DE SANTA CATARINA, SIGA O ESPORTE NEWS MUNDO NO TWITTERINSTAGRAM FACEBOOK.

1 Comment

1 Comments

  1. Pingback: Em crise, Figueirense não vence em casa desde março e não marca há quatro jogos - Futebolizando

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo