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Opinião: Em “briga” sobre o que é considerado esporte, todos os lados saem perdendo

LOUD
Divulgação/Valorant Esports

A declaração da Ministra dos Esportes, Ana Moser, para o Uol Esporte sobre considerar ou não como esportes os esportes eletrônicos causou grande barulho nas redes sociais, seja por influenciadores ou a própria comunidade. Para todos os efeitos, acredito que ambos os lados possuem pontos certos, mas ambos também saem perdendo na “briga”.

De um lado, você pode entender que os e-sports nunca precisaram de apoio de governos para serem grandes. A própria comunidade, ao lado de pessoas de fora do meio que acreditaram no setor, fizeram deles grandes. Nunca foi preciso de uma chancela de alguém de fora para que Fallen, Fer, fnx, Taco e Coldzera fossem bicampeões mundiais de Counter Strike, ou para que a LOUD ganhasse o Mundial de Valorant.

Do outro ponto, essa discussão para se encaixar em algo não favorece a comunidade. Estar num lugar de brigar com outras comunidades gigantescas de esportes, falar que o vôlei não tem uma atmosfera parecida com o IEM Rio Major parece ser apenas uma birra. Cada um tem o seu espaço, o seu público e ambos podem conviver completamente sem a influência do outro. É como se uma modalidade quisesse ser maior do que a outra. Infantil e que não agrega em nada.

A declaração de Ana Moser pode ser ruim para quem vive dos e-sports. Talvez por não entender ou não ter convívio com a modalidade, Moser não pretende investir na modalidade inicialmente, o que não quer dizer que não pode haver conversa com pessoas influentes da área como Fallen e influenciadores como Gaules. Assim como os esportes, jogar profissionalmente em um computador, console ou celular exige treinamento e trabalhos psicológicos assim como qualquer modalidade convencional.

Definir os e-sports como “esportes” pode significar uma série de mudanças, regulamentações e aumento de impostos no ramo em que um console ou peças de computadores não são baratas.

É claro que para quem não trabalha no ramo ou apenas acredita serem “joguinhos para diversão”, os e-sports não serão levados a sério. Assim como citado pela Ministra, “a Ivete Sangalo treina, mas não é atleta”. Sim, Ministra, mas são coisas completamente diferentes. E, sim, ambas também servem para entretenimento, assim como qualquer modalidade esportiva comum como futebol, vôlei, basquete, entre outros.

Esportes convencionais e e-sports são muito mais do que definições de dicionário. Esportes ou não, ambos movimentam milhões de reais, possuem público apaixonado e trazem jogadores dedicados e talentosos em suas respectivas áreas. Há espaço para todos, há torcida para todos e não precisamos ficar presos em simbolismos.

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