A atleta Carol Solberg protestou no último domingo, 20, contra o presidente Jair Bolsonaro durante entrevista ao vivo após conquistar medalha de bronze. A jogadora disputava o terceiro lugar do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Saquarema, no Rio de Janeiro.
Carol e Talita conquistaram a terceira colocação depois de derrotarem a dupla Josi e Juliana. As atletas foram agradecer ao público através de uma entrevista ao vivo pelo canal SporTV. Talita fez a declaração primeiro e, em seguida, foi a vez de Carol Solberg, que disse no final: “Só para não esquecer, Fora Bolsonaro”.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) criticou a atitude da atleta em nota oficial publicada no site da entidade. No texto, a CBV se posicionou contra “a utilização dos eventos organizados pela entidade para realização de quaisquer manifestações de cunho político”, e alegou que irá tomar as medidas cabíveis.
Confira nota na íntegra:
“O ato praticado neste domingo (20.09) pela atleta Carol Solberg durante a entrevista ocorrida ao fim da disputa de 3º e 4º lugar da primeira etapa do Circuito Brasileiro Open de Vôlei de Praia – Temporada 2020/2021, em nada condiz com a atitude ética que os atletas devem sempre zelar.
Aproveitamos ainda para demonstrar toda nossa tristeza e insatisfação, tendo em vista que essa primeira etapa do CBVP OPEN 2020/2021, considerada um marco no retorno das competições dos esportes olímpicos, por tamanha importância, não poderia ser manchada por um ato totalmente impensado praticado pela referida atleta. Por fim, a CBV gostaria de destacar que tomará todas as medidas cabíveis para que fatos como esses, que denigrem a imagem do esporte, não voltem mais a ser praticados.”
Críticas de internautas passam dos limites
Após a declaração contra Bolsonaro ao vivo na TV, Carol foi duramente criticada nas redes sociais. Muitos internautas chegaram a pedir o fim do patrocínio do Banco do Brasil com a jogadora.
A mãe da atleta, a ex-jogadora Isabel Salgado, se pronunciou nas redes sociais, defendendo o “legítimo direito de se manifestar” da filha.
– A CBV repudiou a manifestação e ameaçou com “medidas cabíveis”. E ainda usou, em sua nota, um inaceitável “denegrir”, termo racista que deve ser fortemente repudiado. A única medida cabível à CBV é seu silêncio em respeito à liberdade de expressão – escreveu a mãe de Carol.
ESPORTE PELA DEMOCRACIA
O movimento Esporte pela Democracia se pronunciou a favor da atleta para apoiá-la e criticou o posicionamento da Confederação Brasileira de Vôlei. O Esporte pela Democracia reúne atletas, ex-atletas, jornalistas e profissionais ligados ao esporte. O grupo defende o compromisso com a democracia, respeito à diversidade e a luta contra o racismo e autoritarismo.
Apesar do linchamento virtual, algumas pessoas defenderam Carol Solberg em prol da democracia e relembraram quando os atletas Wallace e Maurício Borges fizeram campanha para Jair Bolsonaro, na Liga Mundial de 2018. Na época, a CBV defendeu o direito de expressão no esporte.
Confira nota da CBV na ocasião :
“A CBV repudia qualquer tipo de manifestação discriminatória, seja em qualquer esfera, e também não compactua com manifestação política. Porém, a entidade acredita na liberdade de expressão e, por isso, não se permite controlar as redes sociais pessoais dos atletas, componentes das comissões técnicas e funcionários da casa.
Neste momento, a gestão da seleção irá tomar providências para não permitir que aconteçam manifestações coletivas”, disse a entidade em 2018.