A temporada passada para a TAG Heuer Porsche e Pascal Wehrlein foi a melhor de ambos na história do Campeonato Mundial ABB FIA Fórmula E, e tudo levava a crer que ambos conseguiriam alcançar seus objetivos: o título mundial de pilotos e equipes. Mas, depois de um início dominante, a montadora alemã não conseguiu repetir o desempenho na segunda metade e viu o que parecia ser uma conquista certa, escapar.
Se por um lado o carro da Porsche mostrou um ritmo de corrida forte e quase imbatível, o desempenho nos treinos classificatórios sempre deixaram a desejar, e isso foi decisivo para o final do campeonato, quando os carros com powertrain Jaguar igualaram o ritmo de corrida da Porsche, mas ao contrário da equipe alemã, estavam sempre lutando pela pole nos playoffs do classificatório.
Por conta disso, o foco para a 10ª temporada não poderia ser diferente: melhorar o desempenho nos treinos classificatórios. E pelo menos no último fim de semana, no qual teve início o campeonato, deu certo, já que Wehrlein conquistou a Julius Baer Pole Position e venceu o E-Prix da Cidade do México sem grandes problemas. E o piloto alemão fez questão de reconhecer que largar na posição de honra foi determinante para o sucesso no Autódromo Hermanos Rodriguez.
“Definitivamente nosso ponto fraco na última temporada foi a qualificação. E por isso o nosso foco para melhorar essa performance, e ter mais chances de lutar por vitórias. Acredito que minha vitória no México foi justamente por ter feito uma qualificação. Óbvio que não temos como saber se teremos um desempenho semelhante nas próximas provas, mas esse é o nosso principal objetivo”, explicou Wehrlein em entrevista virtual durante essa semana com jornalistas de diversos países, incluindo o Brasil.
“Na última temporada começamos bem o ano, mas nossa qualificação nunca foi ótima, mesmo com as vitórias conquistadas no início da temporada. Eu me lembro que quando venci as duas corridas em Diriyah, larguei em P5 e P9, e na segunda metade da temporada nossos resultados de qualificação foram piores, e mesmo com um bom ritmo de corrida, não fomos capazes de vencer.”
Wehrlein também fez questão de explicar que o carro desta temporada é basicamente o mesmo do campeonato anterior, já que na Fórmula E os carros são homologados para duas temporadas, e esse será o segundo ano do GEN3. Portanto, todas as mudanças foram feitas no software.
“Os carros são os mesmos do ano passado, já que o hardware é homologado por dois anos, então, as principais mudanças para esta temporada foi toda em set-up, em software, e em como extrair o máximo do package. Nós sempre tivemos um package de corrida forte, mas não conseguimos bons resultados nos treinos classificatórios. Fomos a temporada inteira mais fortes no ritmo de corrida, mas em algumas situações, não foi o suficiente. Por isso, o foco está em conseguirmos um bom desempenho no classificatório, e no México tivemos êxito.”
Outro detalhe que chamou a atenção no México, foi o fato de Wehrlein não ter aberto mão da liderança em nenhum momento durante o eprix, algo que foi comum de ser visto na temporada passada em algumas etapas, onde os pilotos revezavam a liderança para evitar o gasto desnecessário de energia e aproveitar o vácuo deixado pelo líder, semelhante ao que normalmente é visto nas provas de ciclismo.
Mas Wehrlein deixou claro que essa condição foi específica para o México, e cada estratégia vai depender da pista onde a corrida for realizada, usando Berlim, São Paulo e Portland como referências ao tipo de estratégia que relembra as provas do Tour de France.
“Vai depender muito da corrida. No México, por exemplo, a qualificação foi muito importante, e sabíamos que tínhamos que ser top-5 porque não seria fácil ultrapassar durante a prova e o gerenciamento de energia não é tão crítica quanto em outras pistas. Mas sabemos com certeza que em pistas como Berlim, São Paulo ou Portland será diferente, pois ninguém vai querer liderar e beneficiar os demais em termos de energia.”
A próxima etapa da Fórmula E será a rodada dupla de Diriyah, nos dias 26 e 27 de janeiro. Na temporada passada, Wehrlein venceu as duas provas realizadas na Arábia Saudita, e caso repita a façanha este ano, igualará o recorde de maior sequência de vitórias seguidas na Fórmula E, que pertence a Sébastien Buemi e Antonio Félix da Costa, que conquistaram três vitórias seguidas (na 3ª e 6ª temporada, respectivamente).