Por Alex Campos – Especial para o Esporte News Mundo
Rio de Janeiro: Na última semana um acontecimento gerou uma grande repercussão no cenário do jornalismo esportivo. Mesmo com a velha máxima de que o jornalista não é notícia, o anúncio da despedida de Tino Marcos da Rede Globo acabou entrando em pauta em diversos programas de esporte.
Aos 58 anos e uma carreira que conversa com muitas gerações de telespectadores. Afinal de contas são seis Jogos Olimpicos, oito Copas do Mundo, diversas séries e matérias especiais, Tino é uma referência para o jornalismo brasileiro no decorrer destes 35 anos de coberturas.
“Sem exagero algum, Tino Marcos deixar a reportagem é como Pelé se despedir dos campos”, dispara Renato Ribeiro, coordenador de jornalismo da TV Globo num comunicado interno para toda a empresa, que acabou vazando.
Inúmeras foram as contribuições do seu trabalho para a cobertura esportiva. O repórter, que veio do impresso(passagens pelo Jornal O Dia e Jornal dos Sports) sempre possuiu uma escrita afiada.
Além disso, Tino tinha como força a decupagem. Sabia, como ninguém, combinar a imagem com as palavras para descrever a situação na tela, sem sobras e com um ritmo único, que influencia até hoje. Sua parceria sempre com o cinegrafista construía imagens diferentes no treino dos clubes ou até mesmo na seleções. Quando começou a pegar imagens mais fechadas para ilustrar o material. Anteriormente, o que se via eram imagens mais abertas e genéricas. Isto ajudou demais a construção dos personagens e da riqueza do material.
Em recente entrevista para falar sobre o a sua saída da TV Globo, Tino Marcos contou um pouco sobre o processo de criação das matérias no Podcast “Vocês da Imprensa”, conduzido por Marcelo Barreto.
“O objetivo sempre foi entreter e informar. Fazer com que q mensagem chegue da maneira mais clara e agradável para quem está assistindo. Sempre fazia uma metáfora assim, pensava sempre no meu pai e na minha mãe. Na medida que a minha mãe era uma professora aposentada e o meu pai era um consumidor voraz de noticiário esportivo, muito informado. Tentava fazer com que as matérias atendessem o meu pai e algum entretenimento que agradasse a minha mãe, a TV aberta propicia isto”, explicou Tino na entrevista.
Outro fator fundamental da importância do eterno repórter é a forma como tratava o esporte. A informação em primeiro plano. Respeitando o telespectador acima de tudo, o atleta e o esporte, o que se perdeu muito hoje em dia.
O seu texto apesar da banalidade do trivial diário dia a dia era sempre esmerado. Rico de referências. Fugia da obviedade.
A despedida de Tino é uma perda significativa para o jornalismo esportivo . Como diria para o Galvão Bueno, na tabela que virou meme nos jogos de seleção: sentimos todos, Tino.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Esporte News Mundo