Campeão olímpico na Rio 2016 e medalhista de prata em Londres 2012, Alison cobrou mais investimento ao vôlei de praia no Brasil, modalidade que sempre rendeu pódio para o país desde Atlanta 96, primeiro ano em que o esporte se tornou olímpico. Para o jogador, o mundo todo está evoluindo, deixando os brasileiros para trás.
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— As pessoas vão ver em casa alguns times e vão achar que é surpresa, mas não é não. A verdade é que o mundo está investindo em vôlei de praia e nós estamos parados, entendeu? Isso não é um desabafo, mas tem que melhorar, tem que investir mais. Os atletas precisam melhorar, a confederação precisa investir mais, olhar com bons olhos porque realmente, esperar Ricardo e Emanuel, Alison e Álvaro, vai ficar para trás. Parabéns ao mundo que está investindo nisso e agora a gente tem que fazer o nosso, que é voltar para a nossa família. Nossa jornada não apaga nada, o que esse menino fez por mim, não apaga nada. A gente tentou fazer o nosso melhor. A cabeça está erguida, mesmo não fazendo o nosso melhor hoje.
Alison e Álvaro Filho foram eliminados dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, nas quartas de final, para a dupla da Letônia, formada por Plavins e Tocs. Os letões ganharam por 2 sets a 0, parciais de 21/16 e 21/19. A dupla brasileira era a última esperança de medalha do vôlei de praia para o país, já que as outras três duplas (duas femininas) foram eliminadas nas oitavas de final. Bastante abatido, Alison tentou explicar a derrota e o jogo irregular que fez.
— Está calor para os dois lados, eu não estava conseguindo me concentrar para a bola, estava entrando antes, tanto que eu errei muitos ataques hoje. Mas é isso, é jogo de detalhes. Eles não erraram nenhum saque e deixaram para a gente errar. A gente buscou uma estratégia, mas o sistema defensivo não funcionou, como vinha funcionando nos outros jogos e isso nos aborreceu na virada de bola. Até times experientes acabam surpreendidos. Então a gente sai de cabeça erguida, hoje não foi um bom dia. A gente tentou fazer o nosso melhor.
Estreante em Jogos Olímpicos, Álvaro Filho dividiu a responsabilidade da derrota com o parceiro e fez questão de agradecer todo o companheirismo de Alison.
— Foi muito bacana toda a nossa trajetória. Foi uma derrota em um jogo mata-mata, no qual não conseguimos ter a concentração no ataque, no saque e até no próprio levantamento. Não consegui ajudar o nosso time, mas a jornada é o que fica. Foi muito bacana e eu aprendi muita coisa. Sou muito grato a esse cara aqui (Alison) e a todo pessoal de Vitória que me acolheu muito bem.
Futuro indefinido
Com 35 anos, Alison já é um veterano e nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, estará com 38. O jogador despistou sobre o futuro de sua carreira e o da dupla com Álvaro Filho. Na avaliação dele, é necessário pensar para tomar uma decisão.
— A gente vai voltar para casa agora, estamos com saudade da nossa família, dos nossos amigos, dos filhos. A gente virou pai neste último ano. É uma conquista muito grande para a gente, com todo respeito, é mais que uma medalha. O mundo mudou para gente, mas a gente queria muito isso para eles. Saímos tristes por dentro e agora é esperar um Alison de 35 anos, que vai fazer 36, que vai para casa pensar um pouco. Vamos ver o que a gente vai fazer no futuro.