O técnico Jorginho foi apresentado oficialmente, na última terça-feira (6), pela diretoria do Atlético-GO. Jorginho que estava sem clube desde o final de outubro, quando se desligou do Coritiba à época, chega ao comando do Dragão com contrato válido até o fim de 2021. O técnico que estava exercendo a função de comentarista no SBT no período que ficou sem treinar, decidiu voltar à beira dos gramados e à frente do Atlético-GO comandará a equipe goiana no Campeonato Estadual, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e Campeonato Brasileiro.
O presidente do Atlético-GO, Adson Batista, comentou sobre à vinda de Jorginho para o comando técnico da equipe e demonstrou confiança no trabalho do treinador. “Jorginho é uma pessoa de caráter, com um currículo invejável. Eu não tenho dúvidas que ele vai fazer um grande trabalho aqui pela experiência que tem”, comentou Adson.
Confira trechos da entrevista coletiva de apresentação do técnico Jorginho:
Experiência como comentarista e retorno à função de técnico
“Em nenhum momento eu deixei de ser treinador. Fiz acordo com o SBT, mas não tinha contrato exclusivo. Deixei claro para eles que eu não podia ficar preso. Em seguida comuniquei que estaria dando continuidade à minha profissão como treinador. Desde quando eu era auxiliar na seleção, não deixei de ser treinador. Estava como comentarista da área técnica e tática, aquilo que eu entendo e que vivi durante 20 anos como jogador. Não queria pegar um trabalho do meio do caminho como no ano passado. Tive proposta para sair da primeira divisão mas decidi não aceitar, é muito difícil pegar um trabalho no meio do caminho. Não tenho duvida que permaneço como treinador.”
Oportunidade de construir carreira vitoriosa como treinador, assim como foi como jogador
“Minha carreira como atleta foi de altíssimo nível. Joguei na seleção, fui campeão do mundo. Não e fácil repetir isso como treinador. Ainda assim tenho algumas conquistas: Copa America, Copa das confederações, Carioca invicto, duas Copas no Kashima (Japão). Talvez as pessoas não lembrem. É um momento favorável para mim, também sei que preciso me fortalecer nessa área. Os treinadores normalmente não têm um trabalho longo, porém aqui vejo essa possibilidade. Temos visto alguns treinadores permanecendo. O Marcelo Cabo, que foi meu auxiliar durante anos e trabalhou no Figueirense, um dos melhores trabalhos que eu fiz dentro do Campeonato Brasileiro. Uma equipe que subiu da segunda divisão e terminou em 7º lugar. Nas quatro últimas rodadas a gente poderia inclusive ser campeão. Acredito muito num trabalho a longo prazo. Vagner Mancini passou aqui, e teve tempo e confiança: tudo que nos precisamos. Quando cheguei no Figueirense muita gente contestou, eu estava vindo de seleção. Ganhei a torcida e o grupo, fizemos excelente trabalho naquele ano. Esse ano temos excelentes possibilidades de fazer um grande ano, o elenco e o ambiente são bons, o clube tem estrutura. Nas vezes que joguei contra o Atlético pela Ponte Preta e pelo Coritiba essa equipe era muito intensa, propondo o jogo e jogando ofensivamente. Isso que queremos continuar fazendo.”
Grande trabalho na carreira de treinador até o momento
“No Figueirense foi excepcional. Eu vejo aqui, tanto o Eduardo quanto o João (comissão técnica) e o próprio Joelton (auxiliar) são treinadores. Eles não estão na posição de frente como ‘Head Coach’ mas eles são treinadores. São extremamente importantes em todo o conceito em todo o trabalho. Não posso esquecer que o trabalho na seleção foi muito bem feito. Perdemos uma Copa assim como a de 1982 perdeu, de 2006 também. Perdemos um meio tempo contra a Holanda. No Kashima também. Saí por uma questão pessoal e familiar. No Vasco também considero excelente trabalho. Perdemos nossa invencibilidade de 34 jogos justamente contra o Atlético Goianiense, mas foi muito bom. Eu cheguei no 2º turno e por pouco a gente não consegue se livrar. Tivemos muitos problemas. Se tivesse o VAR, com certeza o Vasco teria permanecido na elite em 2015. Em 2016 fizemos um Carioca ganhando de Flamengo, Botafogo e Flumiense e fomos campeões. Na oportunidade, o Atlético Goianiense fez grande campanha e foi campeão. Talvez possa citar também o Coritiba quando tivemos o acesso em 2019. Foram 15 jogos, nove vitórias e apenas uma derrota. Mas sabemos que só acesso não basta, precisa ser campeão, principalmente em termos de Brasil. Esse é um clube que tem todas as condições, com minha historia e experiência, e a seriedade que o Presidente tem desenvolvido o trabalho, estou muito feliz e motivado pra ter um grande ano.
Cenário atual do Atlético o ideal para trabalhar
“Com certeza. Na Ponte Preta, o Abner (atualmente no CAP) era um dos jogadores mais importantes e tivemos que abrir mão dele. Perdemos um dos atletas mais importantes da equipe para sanar a parte financeira e salários atrasados. Com essa venda, pagaram os salários basicamente ate o final do ano. Tecnicamente e taticamente, para minha equipe, foi muito ruim. Chegar num clube com seriedade, compromisso e pés no chão, que monta elenco de acordo com sua condição financeira é muito bom. Ainda tenho dinheiro a receber do Coritiba e do Vasco. Tudo isso, sem dúvidas, tem uma interferência muito grande também dentro de campo. O atleta fica intranquilo. Alguns atletas têm uma vantagem por ter mais tempo de trabalho, já fizeram um pé de meia e conseguem lidar melhor com momentos como esse de pandemia e dificuldade. Alguns clubes, no ano passado, pagaram menos. Não é simples. Chegar num clube em que tem saúde financeira facilita tudo e influencia dentro do campo.”
Estilo de jogo e com o que o Atlético pode sonhar na temporada
“O clube já tem uma filosofia e metodologia de trabalho. É importante se encaixar na forma de jogar do clube. A pressão pós perda é boa mas sei que tem condições de melhorar. Vou dar continuidade. No próximo jogo vou estar no banco com o João. Não conheço muito os outros clubes, tomei a decisão na sexta passada. É muito importante eu estar com o João e inserir alguns conceitos importantes de acordo com minha experiencia. Creio que vou trazer algo importante pro clube e com certeza estou muito motivado para fazer um grande ano. Trabalho muito, sou apaixonado pelo que faço e sou dedicado. Gosto muito das coisas corretas. Fiquei 6 anos na Alemanha e 4 no Japão. A disciplina é uma premissa lá. Sou disciplinado com horário. O clube respira dessa forma para realizar grandes trabalhos e chegar longe. No ano passado foi o 12º colocado, a melhor campanha do clube. Podemos pensar em algo a mais sim. Os jogadores estão focados e o ambiente é leve.
Treinadores brasileiros muito questionados atualmente
“É algo evidente que tem se debatido muito. Não sou muito de ver programas esportivos, mas é uma realidade. Hoje o futebol está muito globalizado. Temos informações de todos os lados. Nesse momento, pós 7×1, e depois de perdemos da Bélgica temos sido muito questionados mas garanto que estamos muito atualizados. Há um ano fiz minha licença pró, busco muita informação de fora, fiz algumas viagens na Europa pra buscar coisas novas. Vejo lá a mesma coisa que fazemos aqui. O que diferencia é que os clubes daqui só dão tempo para treinador estrangeiro desenvolver sua filosofia. Não é possível criar padrão tático em uma semana. Não vou dizer para você que no próximo jogo vou colocar tudo aquilo que imagino, é impossível. O João vai passar o que ele vem desenvolvendo e na semana seguinte teremos mais dias de trabalho pra observar e passar algum conceito. Existe um descrédito por parte da imprensa e alguns presidentes no trabalho dos brasileiros. É uma fase que precisamos passar. Não tenho problema, eu também já fui estrangeiro. A gente também observa o trabalho deles.”
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