Juventude

Atletas do Juventude fizeram chamada de vídeo no vestiário com apostador: ‘O homem que dá dinheiro para nós’

Foto: Divulgação/Juventude

Nesta última semana, a Operação Penalidade Máxima divulgou mais alguns nomes que estão sendo investigados e dois deles fizeram parte do Juventude. O meia Gabriel Tota e o zagueiro Paulo Miranda chegaram a fazer uma chamada de vídeo dentro do vestiário com o apostador.

+ Fluminense afasta Vitor Mendes em meio à suspeita de esquema de apostas

A comprovação está na denúncia de 113 páginas apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e aceita nesta terça-feira pela Justiça de Goiás. No documento, há fotos de Tota e Miranda conversando com Bruno Lopez, apontado pelos investigadores como o chefe da quadrilha que cooptava jogadores para manipular jogos de futebol.

Gabriel Tota e Paulo Miranda fazem chamada de vídeo com apostador — Foto: ge.globo

A chamada de vídeo ocorreu na tarde de 16 de outubro de 2022, às 16h44, horas antes da partida entre Juventude e Atlético-GO (que começaria às 18h), no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Depois de encerrada a chamada, Bruno López, chefe do esquema, enviou um áudio para um grupo de WhatsApp e relatou:

– Tota, ele foi até lá no vídeo lá, e mano, mostrou o Paulo Miranda, falou: ‘Paulo Miranda, oh aí ó’, Paulo Miranda eu conheço também, falou ‘oh, o homem que dá dinheiro pra nós tá aqui’. Os cara deu risada e tal […] mano, no vestiário, os cara maluco, o vestiário no vídeo.

Naquele momento, a quadrilha havia conseguido manipular um jogo do Juventude na Série A, contra o Palmeiras, no dia 10 de setembro de 2022, derrota por 2 a 1 na 26ª rodada. Depois haveria mais duas ocasiões: contra Fortaleza (empate por 1 a 1 na rodada 27) e derrota para o Goiás (1 a 0, na 36 rodada).

Além de Tota e Paulo Miranda, um outro jogador do Juventude foi inicialmente acusado de participar do esquema: o lateral esquerdo Moraes, que fez acordo com o Ministério Público e se tornou uma testemunha do caso.

Gabriel Tota e Paulo Miranda agora são réus acusados de terem violado o artigo 41-C do Estatuto do Torcedor (solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado).

Em caso de condenação, a pena pode ser de dois a seis anos de reclusão, além de multa.

Na denúncia aceita pela Justiça de Goiás nesta terça-feira constam comprovantes de pagamentos feitos pelos apostadores aos três atletas que defenderam o Juventude em 2022. Os valores são referentes aos seguintes jogos:

Para saber tudo sobre o Juventude, siga o Esporte News Mundo no TwitterFacebook e Instagram.

Palmeiras 2 x 1 Juventude (10 de setembro de 2022)

Foram oferecidos R$ 30 mil para que Moraes, lateral-esquerdo do Juventude, recebesse cartão amarelo. R$ 5 mil foram pagos antes do jogo. O atleta terminou de fato advertido.

Juventude 1 x 1 Fortaleza (18 de setembro de 2022)

Promessa de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil depositados antes do jogo para que Gabriel Tota, atleta do Juventude, fizesse a transferência ao zagueiro Paulo Miranda, a fim de que ele fosse punido com amarelo, como ocorreu no jogo.

Goiás 1 x 0 Juventude (5 de novembro de 2022)

Promessa de pagamento de R$ 50 mil, sendo R$ 20 mil antes do jogo, para que o lateral-esquerdo Moraes levasse amarelo. No mesmo jogo, também havia o combinado de se pagar R$ 50 mil, sendo R$ 10 mil antes do jogo, para que Paulo Miranda levasse amarelo.

Nota do Juventude sobre o caso

O Esporte Clube Juventude, em respeito à sua história, aos seus associados, atletas, funcionários e milhares de torcedores, vem a público reiterar o seu compromisso ético e a sua absoluta intransigência em relação a qualquer comportamento que fira a lisura e a transparência que devem nortear a prática e as competições esportivas em todos os níveis. Em quaisquer circunstâncias, repudiamos veementemente qualquer tentativa ou atos que visem manipular resultados no esporte.

É inadmissível, e por todas as formas condenável, condutas ilícitas, antiéticas, imorais e antidesportivas, inaceitáveis em qualquer nível. Com essa convicção, O Esporte Clube Juventude, em face das recentes publicações divulgadas na imprensa relacionadas à “Operação Penalidade Máxima”, citando nominalmente três atletas que atuaram pelo Clube em 2022, e que atualmente estão vinculados a outras agremiações, como investigados na referida operação, reitera o seu firme posicionamento de colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, para que os fatos sejam regularmente apurados e os responsáveis identificados e responsabilizados na forma e no rigor da lei.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo