O Botafogo fez uma espécie de coletiva virtual. Na tarde desta sexta-feira, o técnico Paulo Autuori respondeu a perguntas enviadas pelos jornalistas. O treinador comentou sobre o possível retorno do futebol e fez críticas a clubes que se movimentam para voltar às atividades em meio à pandemia.
– Todos os clubes, a maior parte, pelo menos os que têm sensibilidade, estão receosos quanto ao retorno neste momento. Não adianta olhar só para o futebol como se estivesse à margem do mundo real. Somos seres humanos. Nós temos muita vontade de voltar a desenvolver o trabalho com normalidade, mas a necessidade nos faz pensar que não é o momento. É incrível como as pessoas estão completamente fora do mínimo de bom senso e sensibilidade.
Uma pergunta que não fugiu foi sobre o desfecho da negociação do clube alvinegro com Yaya Touré. No dia em que a diretoria anunciou o fim definitivo das conversas, o treinador minimizou o sentimento de frustração.
– Não costumo perder o foco do essencial. E o essencial é a nossa realidade. Não comento sobre possibilidades. Quando conversei com Yaya, há muito tempo, o meu objetivo foi relatar a realidade do Brasil, do Rio de Janeiro, dizer o que era a história do Botafogo. De lá para cá, não me preocupo com isso. Fico focado no que tenho que fazer. Vou trabalhar dentro da nossa realidade e valorizando aquilo que tenho – disse antes de complementar.
– É um assunto ultrapassado que nunca levei muito em conta. Temos muitas coisas a pensar, a fazer, dentro e fora do campo. Não há como perder o foco naquilo que é essencial. As prioridades são sempre as necessidades, por isso me preocupo com o grupo – completou.
TRECHOS DA COLETIVA:
Como comandar sem ter os atletas por perto?
Gerir pessoas não é algo fácil. Nós, treinadores de futebol, temos que ter essa atenção. Isso pode impedir de aplicar as ideias que você quer. Os jogadores sabem o que somos. Não é porque estamos online que eles vão duvidar. Todos no Botafogo têm caráter e responsabilidade no clube.
Carreira
– Estou pronto, há algum tempo no futebol. Tive uma carreira como treinador e entrei na gestão técnica. Não há dificuldade. Estou ligado ao Botafogo e quero contribuir, doar. O mais importante é o ambiente que nós temos dentro do comitê gestor e com o presidente. Estamos dando passos em conjunto. Estamos passando por um momento que não prevíamos. Então, não podemos criar ainda mais dificuldades.
Como será tratadas as negociações?
– Não gosto de rótulos de jogadores. O futebol é um sistema aberto e está sempre em reconstrução. Temos que estar preparados para o agora. Queremos um time com bons jogadores, de qualidade técnica e que consigam somar isso a um nível competitivo. Não adianta trazer jogadores apenas experientes. Existem outros filtros. Conseguimos uma grande contratação com o Honda, vai contribuir muito. É profissional, joga com simplicidade e eficácia. Mas há outros jogadores qualificados. Vamos nos apoiar nisso. Temos quatro jogadores da base que já estão solidificados.
Honda
Trabalhei por dois anos no Japão e conheço minimamente a maneira como o povo japonês vive momentos como esse. Estão acostumados a passar por situações complicadas com muita disciplina. O Honda não foge disso. Mesmo fora do seu país, em um lugar com um desgoverno total. Não me surpreende, mas acho extraordinário. Temos, também, outros jogadores dispostos a se sacrificar nesse momento. Sobre Honda, é típico do caráter do japonês e do próprio Honda também. Temos que valorizar todos.