Um déficit de R$ 394.100.974 em 2019. Foi o que revelou o balanço financeiro do Cruzeiro referente ao ano passado, o último da gestão de Wagner Pires de Sá. De acordo com o documento divulgado na noite desta quarta-feira, e auditado pela empresa Moore Stephens, o clube chega a uma dívida acumulada de R$ 803.486.208.
O rombo é composto pelos seguintes valores: R$ 682.034.508 milhões (passivo circulante, dívidas que pedem pagamento no prazo de um ano), R$ 207.269.643 (passivo não circulante, dívidas que podem ser quitadas depois de um ano). De arrecadação, o clube teve R$ 72.560.830 (receita a apropriar circulante), R$ 12.608.455 (receitas futuras) e R$ 648.658 (caixa e equivalentes). Assim, chega-se ao valor que supera os 800 milhões.
Para a auditoria responsável pelo balanço, “essa condição indica a existência de incerteza significativa que pode levantar dúvida quanto à capacidade de continuidade operacional do Clube“.
Esta é a segunda bomba que explode sobre o Cruzeiro e seus torcedores em menos de 24 horas. Nesta terça-feira, a Fifa anunciou que a equipe começara a Série B com menos seis pontos por conta da falta de pagamento da dívida de quase R$ 5 milhões do clube com o Al Wahda, dos Emirados Árabes, pelo volante Denílson.
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O clube terá um novo prazo para realizar quitar o débito e, se não cumprir o prazo, receberá uma nova punição da Fifa, que pode chegar a um novo rebaixamento. A direção do Cruzeiro tentará o parcelamento da dívida junto ao clube árabe. A Raposa ainda tem outras pendências monitoradas pela entidade máxima do futebol.
Queda na arrecadação
O rebaixamento para a Série B refletiu nas contas. Em comparação com o balanço do Cruzeiro de 2018, todas as as fontes de renda do clube mineiro tiveram queda na arrecadação no ano passado. O único quesito que apresentou alta foi o de “direitos econômicos/cessão temporária” de atletas, passando de R$45.994.013 para R$108.188.100
- Patrocínios e royalties:
R$18.100.469 (2019) / R$32.533.368 (2018) - Bilheteria:
R$18.372.227 (2019) / R$23.941.388 (2018) - Sócio torcedor:
R$14.119.954 (2019) / R$23.101.965 (2018) - Publicidade e transmissões de TV: R$ 105.751.042 (2019) / R$190.748.083 (2018)
Evolução do rombo
À época apresentado sob desconfiança e feito a partir de “contabilidade criativa”, incluindo a venda de Arrascaeta ao Flamengo que só aconteceu em 2019, o balanço do Cruzeiro de 2018 precisou ser refeito e foi aprovado somente em fevereiro deste ano. Ao final, apontou um déficit de R$ 73.816,626. Veja a evolução da dívida:
- 2014: déficit de 38,6 milhões
- 2015: déficit de R$ 25,8 milhões
- 2016: déficit de R$ 29,3 milhões
- 2017: déficit de R$ 27,2 milhões
- 2018: déficit de R$ 73,3 milhões
- 2019: déficit de R$ 394.100.974
RELATÓRIO APONTA LACUNAS
O levantamento inclui algumas ressalvas. Segundo a empresa de auditoria, o Cruzeiro não apresentou “evidencia suficiente e apropriada que suportasse os valores registrados” dos gastos com formação de atletas. O valor apontado no documento é de R$ 27.019.862.
Ainda consta no relatório incerteza sobre a previsão de novas dívidas referentes a processos judiciais enfrentados pelo clube. Dois dos advogados que prestam serviço ao clube não forneceram informações necessárias para realizar o levantamento dos débitos judiciais que poderão surgir, informou a auditoria:
A empresa também relata que os mais de R$ 32 milhões referentes à amortização de valores de atletas profissionais, referente a exercícios anteriores, deveriam ter sido corrigidos por “representação retrospectiva”, e cita a investigação da Polícia Civil e o processo de readequação financeira do clube mineiro.
Balanço do Cruzeiro
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