A conquista do tetracampeonato é motivo de muito orgulho para o torcedor do Fluminense. Levantado em 2012, o troféu do Brasileirão valeu mais do que um título para o Tricolor. Com uma fortíssima equipe treinada por Abel Braga, o torcedor viu seu time praticamente dominar o torneio mais importante do Brasil. Sim, a disputa com o Atlético-MG teve seus momentos eletrizantes, como na épica vitória do Galo por 3 a 2 num jogo de cinco gols na etapa final. Mas, mesmo àquela altura, o Flu era líder disparado do certame e a derrota não assustou o Tricolor, que conquistou o Campeonato rodadas depois, com três jogos de antecedência.
Mas para chegar ao dia 11/11/2012, quando o Fluminense venceu o Palmeiras por 3 a 2, em Presidente Prudente, precisamos começar do início do ano. Vamos a uma viagem no tempo, onde vemos como o tricolor carioca se planejou para as disputas de apenas três competições no ano: Campeonato Carioca, Copa Libertadores e Campeonato Brasileiro.
Pré-temporada e reforços
Tendo encerrado o Brasileirão anterior na terceira posição, com uma sólida campanha e Fred arrasador, o trunfo do Fluminense para 2012 passava, primeiramente, pela manutenção não só do técnico Abel Braga, em alta à época, como na da base da equipe. E este trabalho foi impecável: os jogadores ficaram e a montagem do elenco foi certeira. Casamento perfeito para dar esperanças ao torcedor. Abelão buscou o garoto da base Wellington Nem, que fizera uma ótima campanha no ano anterior pelo Figueirense. Quem também esteve no time catarinense na surpreendente sétima colocação era o lateral-direito Bruno. O bom meio-campista ex-Cruzeiro Wagner chegou para dar mais opções ao já recheado plantel tricolor. Jean, polivalente jogador do Palmeiras, também foi um acerto em cheio da diretoria. E, claro, Thiago Neves. Jogador decisivo, que por muito pouco não levou o Flu à glória máxima quatro anos antes, e que, de quebra, vinha do rival Flamengo.
Campeonato Carioca
O título da Taça Guanabara, primeiro turno do Cariocão, veio em cima do Vasco em um primeiro tempo de encher os olhos. Deco marcou um golaço e Fred balançou as redes duas vezes. Dava para ver desde cedo que aquele time daria trabalho. Não à toa o título Carioca em cima do Botafogo foi com duas vitórias: 4×1, com direito a gol de bicicleta de Fred, e 1×0, gol do reserva de luxo Rafael Moura.
Mais uma demonstração de força no ano foi a vitória contra o Boca Juniors em La Bombonera. Em 2008 o Flu já havia feito história contra os tradicionalíssimos argentinos e acabou repetindo a dose em 2012: vitória na casa dos adversários, estádio mais temido da América do Sul. Dá para se dizer que a torcida estava empolgada.
A classificação em primeiro lugar geral coroava uma campanha muito sólida. Mas então, após passar pelo Internacional nas oitavas de final, novamente o Boca Juniors apareceu no caminho. Desta vez, o destino foi outro. Derrota fora de casa e empate em casa, com direito a gol no fim do jogo, quando estava para ir para os pênaltis. A torcida sentiu o golpe…
…ou será que sentiu?
Após três jogos o time ainda estava invicto no Brasileirão. Ainda com um pouco de ressaca pós-eliminação, os torcedores não compareceram em peso nos três primeiros compromissos em casa. Mas foi no dia 08/07 que o Fluminense venceu o Flamengo na comemoração do centenário do clássico em dia chuvoso, porém com ótimo público no Engenhão. Gol de quem? Fred, claro, para delírio dos tricolores. O Fluminense só viria a perder na 13ª rodada, e encerrou o primeiro turno apenas um ponto atrás do líder Atlético-MG.
Liderança alcançada
Na 22ª rodada, ao vencer o Santos por 3×1, o Fluminense finalmente atingiu a ponta da tabela. E foi para nunca mais largar. Apenas duas derrotas antes de ser campeão antecipadamente. Sendo uma a já citada no início, para o Atlético-MG, num jogo memorável.
Título contra o Palmeiras
Enquanto o Atlético-MG jogava contra o Vasco, em São Januário, respirando por aparelhos para tentar evitar o provável título Tricolor, o Fluminense encarou o Palmeiras, em Presidente Prudente. Um jogo para a eternidade do Tricolor. Faltavam três rodadas para o Campeonato acabar, mas todos já sabiam que ele seria faturado ali. Os Guerreiros do Flu entraram no campo com aquela gana de campeão. Tava no olhar deles. Demorou um pouco para abrir o marcador, mas Fred encerrou este problema. 1 x 0 na ida para o intervalo. Aos 9 da etapa final, o segundo gol. Mas ainda faltava um gol do Vasco, pois no Rio de Janeiro, o Atlético vencia com gol de Ronaldinho Gaúcho. Mas, logo que veio o gol do rival, porém, neste particular dia 11/11, irmão Vasco, com Alecsandro, o Palmeiras deu um golpe e empatou um jogo em que estavam perdendo por dois gols de diferença. A tensão ficou pairando no ar e aumentando a cada tique no relógio, que avançava na velocidade da luz. Faltava apenas um gol. E aos 43, um número mágico para quem gosta de relembrar gols históricos, o homem , o ídolo, o Senhor Fluminense, Fred, faz o que faltava para coroar um título tão perfeito e encaixado com um roteiro que parecia escrito. E que se tivesse, por acaso, sido escrito, o teria sido por um Tricolor Fanático, sem sombra de dúvidas.
Time base:
Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean, Deco e Thiago Neves; Wellington Nem e Fred. Técnico: Abel Braga