UEFA Champions League

Champions League feminina: relembre tudo sobre a competição com Mariana Spinelli, Raissa Galdino e a campeã Rosana dos Santos; confira apostas para final

Lyon e Wolfsburg se enfrentam, neste domingo, mais uma vez pela final da Champions League feminina Foto: UEFA/Getty Images

A grande final da Champions League feminina está marcada para este domingo (30), às 15h, no Estádio Anoeta, na Espanha. Nesta temporada, o título será decidido entre o Wolfsburg, da Alemanha, e o atual tetracampeão, Lyon, da França. Ainda não se sabe quem levantará o caneco, mas a expectativa é de que as duas equipes protagonizem um grande jogo.

De um lado, se tem o Lyon, o “papa títulos” da competição. Seis vezes campeão, o time francês esteve em oito finais e promove uma hegemonia no futebol feminino desde a temporada 2015/2016, sendo o vencedor do torneio nas últimas quatro edições. O outro time a buscar o título é o Wolfsburg, que esteve em quatro finais do torneio e, inclusive, já levantou o caneco em cima do próprio Lyon, na temporada 2012/2013, ao vencer o time francês por 1 a 0.

Em outras duas oportunidades em que os times se enfrentaram em finais de Champions, em 2015/2016 e 2017/2018, o resultado foi a favor do time francês. Em 2016, a decisão foi nos pênaltis. Já em 2018, o Lyon venceu por 4 a 1 e foi o campeão.

A GRANDE FINAL

Em um panorama da grande final entre Lyon e Wolfsburg, a jornalista esportiva e apresentadora da ESPN Brasil, Mariana Spinelli, destaca o Lyon como o franco favorito para conquistar seu sétimo título de Champions League feminina, principalmente pelo fator histórico. No entanto, Mariana pontua que o Wolfsburg vem motivado e preparado para colocar um fim na hegemonia francesa.

— O Lyon é o time seis vezes campeão, tentando seu quinto título consecutivo. Um time, que ao analisar as peças, se vê que é uma verdadeira seleção. No setor defensivo, tem a zagueira Wendie Renard, titular da França, que é a melhor zagueira do mundo. No gol, tem a Sarah Bouhaddi, goleira titular da França, tem, também, a zagueira da seleção canadense, Kadeisha Buchanan, na lateral-direita tem a titular da Inglaterra, que é a Lucy Bronze. No meio, tem atletas da seleção japonesa e alemã. Então, todas as jogadoras são titulares da seleção e o Lyon entra com uma questão histórica, o time a ser batido, por ser o ‘papa títulos’ da competição. Mas, do outro lado, se tem o Wolfsburg, que vem muito motivado. Então, a gente pega o Wolfsburg que está com muita motivação, que tem aquele asterisco da raça, que está entalado com o Lyon, querendo trazer o título de volta para a Alemanha, um Wolfsburg que foi campeão do Campeonato Alemão e da Copa da Alemanha. Então, o Wolfsburg vem com ritmo de jogo e com uma parte bem ofensiva.

A jornalista pontua, ainda, em quem o torcedor precisa ficar de olho no confronto. Para ela, pelo lado do Wolfsburg, o quinteto ofensivo, formado por Ingrid Engen, Rolfö, Huth, Harder e Eva Pajor, é muito forte, que faz gol de qualquer jeito, seja de cabeça, de fora da área, com pé direito ou esquerdo, faz jogada ensaiada e que chega bem na troca de passes e contra-ataque. Justamente por isso, Mariana descreve as possibilidades de jogo do time alemão: “vão tentar explorar a linha alta de marcação do Lyon, tentando aproveitar os contra-ataques e, aí, sair nas beiradas”.

— É um Wolfsburg que tem todos os elementos para poder surpreender o Lyon, e se tem uma época e um momento para essa hegemonia do Lyon ser quebrada, é agora. O Lyon ainda não fez grandes aparições e atuações nessa Champions, a vitória contra o Bayern nas quartas foi sofrida e contra o PSG também foi muito truncado. Então, o Wolfsburg não está pegando aquele Lyon alado, jogando o fino da bola. A pandemia afetou um pouquinho essa ordem, e o Wolfsburg tem a Pernille Harder, que, para mim, é a melhor jogadora do mundo, uma jogadora que faz  gol de cabeça, de perna direita, de perna esquerda, vice-artilheira da Champions, com nove gols, e que, inclusive, pode se tornar a artilheira da temporada. É um monstro no futebol alemão, ela só não tem destaque maior, porque joga na seleção dinamarquesa, que não chega, por exemplo, em Copas do Mundo. E ganhar a Champions pode vir a ser uma credencial para que a Harder seja eleita a melhor jogadora do mundo.

Pelo lado do Lyon, Mariana deu a dica: tem que ficar de olho nas laterais do time francês. Além  disso, a jornalista pontua uma possível volta de Ada Hegerberg, afastada desde janeiro, que pode mudar os rumos da partida.

— No lado do Lyon, além da Renard, que não tem nem o que falar, pois é a principal jogadora, tem que se atentar ao lado direito do elenco francês com a Lucy, que está sempre muito marcada, porque é uma baita de uma jogadora. E, se der espaço para a Lucy, ela vai subir e ela sobre e chega muito bem. Do mesmo jeito, do lado esquerdo, com a Amel Majiri, não pode dar espaço para ela também, porque ela bate bem na bola, faz gol de bola parada e chega muito bem na ponta. E eu acho que essas são as duas principais armas do Lyon. Ainda, a Nikita Parris, que vinha sendo a atacante foi expulsa e, então, existe uma possibilidade da própria Ada Hegerberg entrar no jogo, ela que rompeu o ligamento em janeiro, mas foi convocada e relacionada para a Champions. Apesar de não ter jogado ainda, e não jogar desde janeiro, ela é a atual bola de ouro e artilheira do Lyon, com nove gols. Então, a Ada pode ser uma surpresa para essa final —, diz.

A CHAMPIONS EM DISCUSSÃO

A final será entre Lyon e Wolfsburg. Mas, segundo a redatora e comentarista Raissa Galdino, um outro destaque da competição ficou pelo caminho: o Barcelona. Para Raissa, a campanha da equipe catalã, desde sua profissionalização em 2015, merece ser ressaltada, apesar da eliminação para o, então finalista, Wolfsburg, nas semifinais da competição, por 1 a 0.

— Um time que não irá jogar a final, e que não pode deixar de ser destacado, é o Barcelona. O time catalão se profissionalizou em 2015, e sempre chega nas semifinais de Champions. Ano passado, por exemplo, chegou na final e perdeu, mas, mesmo assim, já chegou nesse patamar, sendo, inclusive, respeitado na Europa. Isso é uma coisa que não se pode negar. O elenco do Barcelona têm peças interessantes e, por isso, apesar de não ter chegado na final, se continuar nessa valorização, vai brigar de igual para igual, como já briga. E pode, até, tomar um pouco essa hegemonia do Lyon, do Wolfsburg e até do PSG, que sempre bate na trave.

Mas, Raissa pontua que, apesar do Barcelona não disputar o título, o confronto entre Lyon e Wolfsburg promete um bom jogo. A redatora afirma: “essa é uma final que eu queria”.

Outro ponto destacado por Raissa na competição diz respeito a não utilização do árbitro assistente de vídeo (VAR) nas partidas. Isso porque, na Champions League feminina, apenas a final conta com esse auxílio. A comentarista revela, ainda, o desejo de que esse status mude para a próxima edição do torneio.

— A maior polêmica, até essa parte da competição, foi a falta de um VAR. E, realmente, eu espero que nas próximas edições já tenha, porque a Champions é uma das maiores competições do mundo para o futebol, então, por que não ter o VAR? — declara.

Um aspecto positivo desta edição, para Raissa, foi a cobertura feita pelas mídias esportivas e, também, o maior interesse das pessoas em buscar entender e acompanhar mais o futebol feminino. No entanto, segundo a comentarista, ainda há critérios a serem revistos, a fim de melhor difundir tal ação.

— É muito bacana ver as TVs transmitindo e, também, cada vez mais pessoas buscando saber mais sobre a competição e a modalidade. Estamos seguindo no caminho certo. Não dá para debater a respeito de um assunto, se uma TV mundial não dá essa cobertura, já que muitas pessoas não têm acesso a outras formas de transmissão via internet. Mas, tem mais a crescer, porque as primeiras fases, por exemplo, são muito difíceis de acompanhar, pois são transmissões feitas pelo próprio clube, que não tem estrutura para isso.

A CHAMPIONS DE OUTROS ANOS E O FUTURO DO FUTEBOL FEMININO

Inúmeros formatos ditaram os rumos da atual Champions Legua feminina. Tudo começou em 2000, quando o Comitê Executivo da UEFA aceitou a proposta de realizar uma competição europeia feminina de clubes. Foi então que surgiu a versão feminina da Taça UEFA. Após a sua nona edição, o torneio deu lugar a UEFA Women’s Champions League. A decisão, tomada no fim de 2008, passou a valer na temporada 2009/2010.

Logo após essa mudança, mais precisamente dois anos depois, uma brasileira fez a sua história na competição: Rosana dos Santos. Campeã na temporada 2011/2012, a jogadora relembra os tempos de Lyon e conta sobre como foi ganhar o torneio.

— Foi maravilhoso! Por ser uma competição de nível continental, onde se enfrenta equipes de nível elevado, deixa tudo ainda mais especial. Poder jogar contra culturas de futebol diferentes faz com que se tenha um aprendizado constante muito grande.

Ao comentar sobre estar em campo pela Champions League feminina, Rosana reforça a importância da existência de uma competição organizada pela UEFA para o futebol feminino e traça um paralelo entre o torneio e as demais competições futebolísticas da categoria.

— Esse espaço conquistado significa que a luta e o esforço das gerações passadas e de todos os envolvidos na modalidade resultou em um grande desenvolvimento do futebol feminino. E também mostra que é um produto para se investir ainda mais. E acredito que este torneio possa servir como parâmetro. Claro que, cada país e clube, tem um tipo de cultura e suas peculiaridades. Mas, é importante que desperte o interesse em desenvolver e organizar melhor o futebol feminino. A Europa é um grande exemplo para que isso aconteça —, destaca Rosana.

PALPITE DA CAMPEÃ

Para Rosana dos Santos, campeã da Champions League feminina pelo Lyon, em 2011/2012, a hegemonia do time francês pode, sim, fazer a diferença em campo na final da competição nesta temporada. Justamente por isso, a jogadora destaca a gestão feita no clube e opina sobre o favoritismo do atual tetracampeão do torneio.

— Na minha opinião, o Lyon continua sendo a equipe favorita, primeiramente pelo histórico de títulos nos últimos anos e também pela gestão que se é feita no clube, além do grande elenco que é reforçado a cada temporada —, diz.

Para saber tudo sobre o futebol feminino, siga o Esporte News Mundo no Twitter, Instagram e Facebook.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo